A Rede Clamor Brasil realizou nos dias 18 e 19 de agosto sua
primeira assembleia em Brasília, com a presença de 18 participantes, 16 em modo
presencial e 2 virtualmente. A assembleia começou com um momento de oração e a
saudação do bispo referencial da Rede Clamor Brasil, Dom Eduardo Vieira dos Santos,
sendo apresentados os participantes, a pauta e os passos dados pela rede, que
coordena o trabalho de mais de 100 organizações que acompanham os migrantes no
país. Do Regional Norte1 da CNBB participou presencialmente Rosana Nascimento, da Pastoral do Migrante, e a Ir. Rose Bertoldo, Secretária Executiva do Regional e que faz parte da coordenação da Rede Clamor em nível continental, que participou virtualmente.
Uma análise da realidade migratória no Brasil, que contou
com a assessoria do padre Alfredinho Gonçalves, vice-presidente do Serviço
Pastoral do Migrante (SPM), ajudou a refletir sobre as migrações desde a década
de 1980, mostrando os traços de continuidade e descontinuidade, o que tem de
novo nesse fluxo migratório.
Os participantes do encontro conheceram a caminhada da Rede
Clamor Equador, sendo apresentados pela Ir. Leda Reis, scalabriniana brasileira
que trabalha naquele país, os passos formativos dados pela rede, as
organizações que participam, suas práticas e atividades. Foi momento para “olhar
o contexto da Rede Clamor e experiências positivas em outros países”, segundo o
padre Agnaldo Junior, SJ.
Durante a assembleia foi apresentado o Estatuto da Rede
Clamor América Latina e Caribe, que faz parte da estrutura do Conselho
Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam), sendo mostrado a articulação da
rede em nível continental. Junto com isso, foi refletido sobre o estatuto da
rede no Brasil, abordando o que é significativo para a articulação e
organização da rede no território brasileiro.
Foi confirmada a coordenação da Rede Clamor no Brasil, que
até agora tinha um caráter provisório, diante da impossibilidade de ter
realizado uma assembleia. A coordenação está formada pelo bispo referencial,
Dom Eduardo, a representante da Caritas Brasileira, Cristina dos Anjos, a Ir.
Rosita Milesi, pelas irmãs scalabrinianas, José Roberto Saraiva dos Santos, pela
Pastoral do Migrante, o padre Agnaldo Junior, do Serviço Jesuíta de Migrantes e
Refugiados, e a Ir. Maria Luisa da Silva, representante da Conferência dos Religiosos do
Brasil.
A Rede Clamor Brasil organizou a agenda de atividades para
2022 e 2023, sobretudo o que faz referência a campanhas e posicionamento da
Rede Clamor no Brasil frente às violências e dificuldade no acesso aos direitos
dos migrantes e refugiados no país. Segundo o padre Agnaldo Junior, “a ideia é
que a rede se posicione de forma conjunta”. Enquanto às datas importantes, se
destaca a Jornada do Migrante e Refugiado em setembro, a festa de Santa Bakhita
em fevereiro, e o Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico Humano, no mês de
julho. Junto com isso as reuniões periódicas de coordenação, ampliadas, e a
assembleia anual.
Na assembleia da Rede Clamor Brasil se fez presente Dom Joel
Portella Amado, Secretário Geral da CNBB. Ele destacou a importância de que “o
mundo precisa aprender a trabalhar em rede, unir forças sem que cada grupo,
cada instituição perca sua identidade”. Segundo o Bispo auxiliar da
Arquidiocese do Rio de Janeiro, estamos diante de um trabalho que não pode ser
de especialistas, que deve ser mostrado para todos para que assim possa ser assumido
por todos.
A importância do trabalho em rede está “na força que nós
ganhamos quando vamos juntos”, segundo o padre Agnaldo Junior. Ele destaca que “mais
do que nunca é tempo de caminhar juntos, em sinodalidade, e a vocação da Rede
Clamor, ela quer ser uma rede de redes, ela quer ser uma rede que articula,
vinculada a tantas outras redes que a Igreja tem já consolidadas na sua missão”.
O representante do Serviço Jesuíta de Migrantes e
Refugiados, “a importância está em fortalecer a nossa missão, de posicionar-nos
juntos, não uma organização sozinha”. Ele também insiste na “visibilidade da
ação da Igreja, quando nós falamos da Rede Clamor e nos reconhecemos assim,
estamos falando para além das nossas organizações, instituições e congregações
religiosas. Estamos falando de um agir da Igreja junto aos migrantes e
refugiados e vítimas do tráfico humano”.
Finalmente, o padre Agnaldo destaca que “a força se dá por
aí, por esse fortalecimento do nosso posicionamento e do que podemos fazer
juntos também”. Ele destaca a necessidade de “sensibilizar outros espaços da
Igreja, das congregações religiosas, regionais da CNBB. Como rede vamos mais
longe, temos mais força e também lançamos luz sobre a ação da Igreja no Brasil
hoje”.
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