Uma Assembleia de
muita escuta, uma atitude cada vez mais presente na Igreja. A 49ª Assembleia
Regional Norte1, realizada de 19 a 22 de setembro na Maromba de Manaus, tem
sido momento para que os participantes possam partilhar a vida das igrejas particulares,
das pastorais e movimentos, e juntos construir os elementos que possam ajudar
na caminhada das igrejas locais, que não podemos esquecer são “os grandes
agentes de concretização das Diretrizes regionais”, segundo enfatizou o padre
Zenildo Lima.
Uma Assembleia sem
vaidade, atitude sobre a que refletiu Dom Giuliano Frigenni, â luz das leituras
da Liturgia do último dia do encontro. Segundo o Bispo de Parintins, “a vida
sem Cristo se torna uma vaidade”, chamando a ficar atento diante dos ídolos, das
ideologias, das construções ideológicas. Frente a isso, ele convidou a fazer
memória, a reconhecer Jesus presente em toda realidade, insistindo em que “nada
é vaidade para nós, tudo é encontro com Ele”.
Uma Assembleia que
Dom Edson Damian, Bispo de São Gabriel da Cachoeira e Presidente do Regional
Norte1 definiu no momento de clausura como "um tempo de sinodalidade, de
comunhão". Desde a realidade sociopolítica, eclesial e pastoral, os participantes
da 49 Assembleia Regional Norte1 refletiram sobre o papel da Igreja diante da
situação atual. Uma reflexão que não pode ser esquecido, tinha como ponto de
partida o tema do encontro: “Santarém - encarnação na realidade e evangelização
libertadora: caminho de Comunhão, Participação e Missão.
Em relação à
Dinamização da Ministerialidade, uma reflexão presente na Igreja universal, mas
sobretudo na Igreja da Amazônia, foram propostas algumas ações, como é “um
ministério conferido pelo bispo aos cristãos leigos e leigas, com mandato
oficial e reconhecimento nas instâncias locais”, que exerceria, como de fato
acontece em muitas comunidades nas igrejas locais do Regional Norte1, os
serviços da Celebração da Palavra, o serviço à Eucaristia, introduzir os irmãos
e irmãs na fé, administrar o Batismo, testemunha qualificada do Matrimônio, responder
oficialmente pela comunidade, e ainda outras atribuições de acordo com a realidade
da comunidade.
Nesse sentido, foi
destacado a importância da figura do Catequista nas comunidades ribeirinhas e
das lideranças indígenas. Também o protagonismo exercido por mulheres,
garantindo-lhes participação em instâncias de decisão. Deve ser procurar o reconhecimento
dos serviços e a real diaconia do grande número de mulheres que hoje dirigem
comunidades na Amazónia e procurar consolidá-los com um ministério adequado de
mulheres dirigentes de comunidade, colocou a Assembleia.
Junto com isso,
outros ministérios, como o Ministério do Missionário e Missionária; do Cuidador
da Casa Comum; a solicitação à Santa Sé a Ordenação Presbiteral daqueles que já
exercem o diaconato permanente de modo frutífero, um pedido do Documento Final
do Sínodo para a Amazônia; a valorização e envolvimento nas ações de
evangelização dos presbíteros que deixaram o exercício do ministério e
constituíram família; implementar o Ministério do Catequista instituído pelo
Papa, bem como o Leitorato e Acolitato conferido às mulheres. Tudo isso valorizando
os ministérios que surgem das comunidades, não ministérios que são impostos
desde fora. Ver o que a comunidade necessita, o que ela está pedindo.
Para fazer isso
realidade, as igrejas particulares são desafiadas a estar atentas às demandas
das comunidades eclesiais e assim reconhecer pessoas aptas para novos
ministérios, marcando linhas para um processo de formação de ministros. O Regional
também tem sido chamado a dar passos, com a realização de um Seminário Regional
sobre Ministérios a partir de lideranças locais, avançar no diaconato permanente
conferido às mulheres, um pedido do Documento de Santarém 2022, criando um grupo
de estudos sobre a questão reunindo mulheres que pensam a partir da Amazônia.
O Regional Norte1
tem entre suas prioridades a opção preferencial pelos povos indígenas, com suas
culturas, identidades e histórias, apoiando o trabalho do Conselho Indigenista
Missionário e das organizações indígenas da sociedade civil, o que tem levado à
Assembleia a propor a ampliação da Pastoral Indigenista, apoiar as populações
indígenas a partir de suas próprias indicações, com uma atitude de escuta, a fomentar
e formar grupos de lideranças locais para proteção de territórios, e também incentivar
a sustentabilidade dos povos a partir das perspectivas de economia solidária –
Economia de Francisco e Clara.
Os indígenas
presentes na Assembleia partilharam a realidade dos povos originários, suas lutas,
o trabalho da Igreja, dos missionários, mas também dos catequistas locais. Eles
insistiram na necessidade de escutar os indígenas, de inseri-los nos processos.
Também denunciaram o garimpo, as madeireiras, a pesca predatória, o álcool, as drogas,
relatando situações de jovens indígenas que tomam gasolina, a falta de
políticas públicas para que o povo tenha um sonho na frente. Um elemento
destacado foi a necessidade de formação política nas comunidades indígenas, e
junto com isso fazer alguma coisa para que o povo possa se empoderar.
Áreas indígenas
onde o trabalho evangelizador é muitas vezes conduzido pelos leigos, que se
tornam referentes na vida das comunidades acompanhadas por eles. Isso demanda
apoio para criar lideranças que assumam o trabalho de evangelização em cada uma
das comunidades. Para isso, algumas dioceses criaram escolas de formação, uma ajuda
na evangelização dos catequistas nas áreas mais distantes.
Do mesmo modo ser
presença junto aos quilombolas, ribeirinhos, pescadores artesanais,
seringueiros e demais povos e comunidades tradicionais, para defenderem suas
terras, territórios, águas, mediante o fortalecimento da Comissão Pastoral da
Terra, do Conselho Pastoral dos Pescadores, da Pastoral dos Afro-brasileira.
Trata-se de valorizar e apoiar ações comunitárias e territoriais em torno de
práticas sustentáveis na agricultura familiar e do intercâmbio intercultural de
saberes e conhecimentos tradicionais. Do mesmo modo, visando combater a
violência cada vez mais presente nos rios, que dificulta a vida do povo e o
trabalho missionário, instigar Políticas Públicas e uma Audiência Pública sobre
a violência perpetrada pelos piratas nos rios.
Em relação com a
juventude foi colocado a necessidade de retomar um caminho de aproximação dos
jovens, refazendo por eles uma opção preferencial, promovendo seu
acompanhamento em todos os contextos e em suas diversas expressões: formando
líderes, incentivando o protagonismo, estimulando o voluntariado, reforçando a
catequese, desafiando os jovens à missionariedade, buscando uma dinâmica de
evangelização dos jovens próxima da identidade da Igreja na Amazônia.
Entre as propostas
colocadas está um Fórum Vida Religiosa e Juventudes, também por ocasião do Ano
Vocacional, que as casas religiosas sejam espaços de acolhida para as
juventudes, retomar espaços de escuta, criar uma Equipe Regional com a presença
de um presbítero, uma religiosa, cristãos leigos e jovens. Também estabelecer
uma parceria com a Faculdade Católica do Amazonas, buscando um Projeto de Vida em
relação com o Pacto Educativo Global, a Pastoral da Educação e a Pastoral
Universitária.
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