“Um texto
muito atraente, cada figura que nos é apresentada e o olhar de Jesus”, assim
define o Cardeal Leonardo Steiner a passagem do Evangelho do Trigésimo Domingo
do Tempo Comum. “Depois de fixar os olhos nele, Jesus convida o cobrador de
impostos a descer do sicómoro, da figueira, e Jesus entra na vida deste
cobrador de impostos”.
O Arcebispo
de Manaus lembrou a condição de Jericó naquela época como uma cidade próspera, “uma
rota comercial, lugar de negócios, e alguns negócios duvidosos”. Ele apresenta
a figura de Zaqueu como “o chefe dos publicanos, um homem considerado pecador
público, explorador dos pobres, um colaboracionista ao serviço dos dominadores
romanos”, se servindo do cargo para se enriquecer.
Segundo Dom
Leonardo, “talvez a referência da sua baixa estatura no texto do Evangelho nos
diga mais do que o tamanho físico, poderia estar a nos indicar a estatura
interior, pequeno, insignificante, do ponto de vista moral”. O cardeal fez ver a
riqueza do cobrador de impostos, “não graças aos ganhos honestos, mas porque
subornava, enganava, e por isso aumentava da parte das pessoas o desprezo por
este homem”.
Falando do
sicómoro, uma árvore de frutos falsos, Dom Leonardo definiu Zaqueu como “um
homem de frutos falsos, mas justamente os frutos falsos é que o ajudou a ver
Jesus. O desejo de ver o faz subir nas suas fraquezas e misérias, ao subir nos
seus desmandos, roubos e enganos é visto por Jesus”. Ele insistiu em que “mais
do Zaqueu ver Jesus, é Jesus que o vê”. O Arcebispo de Manaus, citando Santo
Agostinho, lembrou que “para poder ver devemos ser olhados, para poder amar, devemos
ser amados”, destacando que a misericórdia de Deus sempre irá antes.
“O desejo
de ver Jesus faz com que ele seja visto, olhado e encontrado”, disse Dom Leonardo
em relação com Zaqueu, insistindo em que “porque o encontrou mudo de vida, de
olhar, o modo de viver. Jesus chama pelo nome aquele cobrador de impostos”.
Jesus “se convida a entrar na vida de Zaqueu”, chamando-o a descer do
desregramento da sua vida, a descer do sicómoro dos enganos, dos frutos indesejados.
Zaqueu ao
ser visto por Jesus “desce e descobre a vida nova, a sua vida se ilumina, se
transfigura”, segundo o cardeal. Ele insiste em que Jesus não o censura e sim
mostrar para Zaqueu seu desejo de entrar na sua vida como misericórdia, lhe
fazendo uma oferta de transformação, de vida nova. “E Zaqueu, um homem desonesto
e desprezado por todos descobre que na sua vida tem espaço para outra vida,
para uma vida de bondade, de generosidade”.
No encontro com Jesus, Zaqueu percebeu “como era mesquinha, limitada, uma vida tomada pela desonestidade, pelo dinheiro”. Citando o Papa Francisco, Dom Leonardo disse que a presença de Jesus na sua casa faz com que Zaqueu “veja tudo com outros olhos, até com um pouco de ternura com que Jesus olhou para ele”, mudando até seu jeito de ver e usar o dinheiro, substituindo o se apoderar pelo oferecer.
“Zaqueu
descobre de Jesus que é possível ele amar gratuitamente, era mesquinho, agora
torna-se generoso, gostava de acumular, agora se alegra em distribuir, e ao
encontrar o amor, descobrindo que é amado a pesar de seus pecados, torna-se
capaz de amar os outros, fazendo do dinheiro um sinal de solidariedade e de
comunhão”, destacou Dom Leonardo, que insistiu na mudança de vida, no horizonte
diferente quando se encontra Jesus, e junto com isso que no Evangelho nascem os
frutos.
O cardeal
destacou em Zaqueu que dividindo “ele se desprende de sua desonestidade, não se
sentirá mais escravo do dinheiro injusto que o afastara da vida digna. Dividindo
com os pobres, ele mesmo impõe uma pena pelas injustiças cometidas, no seu
gesto de divisão, ele mesmo se impõe a pena substituindo a avareza pela
liberalidade e entra no caminho das virtudes, das bem-aventuranças”. Dom
Leonardo insistiu em que “com Jesus na vida, reina a justiça, a generosidade, a
magnanimidade, superando qualquer tipo de avareza”.
“O nome Zaqueu
quer dizer puro, inocente, sincero”, lembrou Dom Leonardo, afirmando que “no
encontro com Jesus este homem se tornou justo, sincero, honesto, tornou-se o
homem das virtudes, tornou-se um discípulo. O encontro
de Jesus com Zaqueu nos ensina que Deus ama a todos como filhos e filhas, sem exceção,
e que acolhe no seu amor os marginalizados, os considerados impuros, os
considerados ladrões e assassinos, porque Deus busca a todos, seu olhar se
volta para todos”.
No Evangelho de hoje descobrimos, insistiu o Arcebispo de Manaus que “Deus tem predileção pelos pecadores, que também nós somos”, ressaltando que Deus nos ama e nos fazendo ver a necessidade de descer do sicómoro porque Jesus deseja entrar na nossa vida, que nos busca porque somos frágeis. Um olhar de Jesus que “vai para além dos pecados e dos preconceitos”, segundo o cardeal. Um Deus que “não se detém no mal do passado, mas olha o futuro, olha as feridas, os figos falsos, mas nos oferece abrigo, entra na nossa casa, nos transforma, nos dá ânimo, nos dá futuro. Ninguém está perdido para Deus”, destacou, pedindo que “a Virgem Imaculada nos obtenha a graça de sentirmos sempre o olhar misericordioso de Jesus que veio procurar e salvar o que estava perdido”.
Linda homilia, excelente reflexão
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