A aporofobia, o
ódio aos pobres, é uma realidade presente em nossa sociedade. Tem gente que faz
de conta que os pobres não existem, inclusive que fazem o possível para esses
pobres desaparecer do seu entorno. Não poucas vezes escutamos reclamações sobre
a presença dos pobres por perto, uma atitude que tem que nos levar a pensar
como sociedade, mas também como cristãos.
Buscando refletir
sobre o que os pobres significam na vida da humanidade e da Igreja católica, o
Papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Pobres, que neste domingo 13 de
novembro comemora sua sexta edição. Em sua mensagem, o Santo Padre diz que “o
Dia Mundial dos Pobres torna este ano como uma sadia provocação para nos ajudar
a refletir sobre o nosso estilo de vida e as inúmeras pobrezas da hora atual”.
A pandemia, a
guerra na Ucrânia e outras guerras, são elementos que “nestes anos, têm
produzido morte e destruição”, lembra o Papa, que clama dizendo: “quantos
pobres gera a insensatez da guerra!”. Diante disso, ele lembra que a Eucaristia
é um sinal “para que a nenhum irmão e irmã faltasse o necessário”. Algo que se
faz realidade diante da acolhida aos refugiados, um sinal de solidariedade, que
leva “partilhar o pouco que temos com quantos nada têm, para que ninguém sofra”.
Diante disso, nós somos chamados a nos perguntarmos até onde chega nossa solidariedade com os mais pobres. O sofrimento do outro toca meu coração? Tenho atitudes solidárias, caritativas para com os mais pobres, sobretudo para com aqueles que por um ou outro motivo estão perto de mim?
A gente não pode
esquecer que ser cristão é assumir as atitudes de Jesus Cristo, que teve como
atitude primeira seu despojamento. Estar perto dos pobres não é só conversa e
sim “arregaçar as mangas e pôr em prática a fé através dum envolvimento direto,
que não pode ser delegado a ninguém”, como nos diz o Papa Francisco em sua
carta para o Dia Mundial dos Pobres de 2022.
O Santo Padre nos
chama a nos questionarmos sobre “sobre o valor que o dinheiro tem para nós: não
pode tornar-se um absoluto, como se fosse o objetivo principal”. Isso nos impede
de “reconhecer as necessidades dos outros”, nos diz o Papa. Algo que vai além
do assistencialismo, e que tem que nos levar a nos questionarmos pelas causas
da pobreza. Lembremos as palavras de Dom Helder Câmara, que era chamado de
santo quando dava pão aos pobres, mas era chamado de comunista quando
perguntava pelas causas da pobreza.
“Oxalá este VI Dia
Mundial dos Pobres se torne uma oportunidade de graça, para fazermos um exame
de consciência pessoal e comunitário, interrogando-nos se a pobreza de Jesus
Cristo é a nossa fiel companheira de vida”, diz o Papa Francisco no final da
sua mensagem. Um bom questionamento que nem eu, nem você deveria deixar passar
batido.
Bom dia, perguntaria a quem pertence este pequeno artigo?
ResponderExcluirO autor é o padre Luis Miguel Modino. Pode ser replicado colocando a fonte.
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