Na evangelização da Amazônia, a coragem das mulheres
sempre foi decisiva. Sua presença nos locais mais longínquos se tornou uma
constante na caminhada da Igreja na região. Ao completar-se 100 anos da
presença das Filhas de Maria Auxiliadora, das Salesianas, no Alto Rio Negro,
ainda hoje um dos locais de mais difícil acesso na região amazônica, a gente só
pode ter um sentimento de gratidão e admiração.
As salesianas chegaram em São Gabriel da Cachoeira em
1923, seguindo os passos de seus irmãos de carisma, os salesianos, que lá
estavam desde 1915. Uma viagem que vista hoje poderia ser considerada uma
loucura, mas que na verdade respondia ao apelo do Evangelho, onde Jesus envia
seus discípulos e discípulas em missão até os confins do mundo. E podemos dizer
que um lugar onde a viagem demorava 39 dias desde Manaus poderia ser
considerado um desses locais onde essas seguidoras de Jesus e da Madre
Mazzarello, estavam sendo chamadas.
Assim iniciou uma presença que foi se espalhando por
todos os cantos da Cabeça do Cachorro, chegando nas fronteiras e aprendendo a
conviver com realidades e culturas diferentes. Uma presença evangelizadora,
especialmente no campo da educação e da saúde, mas também do trabalho pastoral,
se tornando uma presença samaritana na vida dos povos indígenas.
A história nos mostra a entrega de mulheres que ao
longo de décadas gastaram sua vida nessa presença de cuidado, em que tantas
crianças, adolescentes e jovens, mas também adultos, foram entendendo quem era
esse Deus diferente que chegava com as Filhas de Maria Auxiliadora. Um
testemunho de vida que foi cativando o interesse de muitas jovens que hoje são
salesianas, dando um novo rosto, um rosto indígena, na congregação. Um antecipo
daquilo que o Sínodo para a Amazônia chama de uma Igreja com rosto amazônico e
indígena.
Um trabalho que mais nunca parou e que hoje continua
com uma presença numerosa nos três municípios que forma parte do Alto Rio
Negro, da Diocese de São Gabriel da Cachoeira: Barcelos, Santa Isabel do Rio
Negro e São Gabriel da Cachoeira. Uma presença que foi perpassando a vida de
diversas gerações de homens e mulheres de diferentes povos indígenas.
O testemunho de vida destas missionárias deve nos
levar a refletir como Igreja, mas também como sociedade, e assim sentir a
necessidade de sair de nossos lugares de conforto para ir ao encontro daqueles
que precisam de nós. As efemérides são uma boa oportunidade para isso, para
olhar para atrás e agradecer, mas também para olhar para frente e não ter medo
dos desafios a serem enfrentados.
Que essas mulheres apaixonadas pela missão nos levem a
superar os medos e assumir com coragem aquilo que Deus e a Igreja esperam de
cada um e cada uma de nós. É tempo de superar os medos e entender que nesse
mundo das águas podemos saciar nossa sede de Deus e de um mundo melhor para
todos e todas.
Nossa admiração, efusivos aplausos!
ResponderExcluirParabéns a todas as irmãs que se dedicaram ao trabalho missionário em nossas terras amazônicas ,nosso solo sagrado 🙏
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