O Evangelho nos
ilumina e nos desafia, nos confronta com aquilo que Deus através de sua Palavra
vai nos propondo como caminho a ser seguido. Como batizados e batizadas,
enxergar a presença de Deus naqueles com quem a gente se depara é um desafio,
nem sempre fácil.
O capítulo 25 do
Evangelho de Mateus é um desses textos que tem que ser assumidos como condição
indispensável para podermos dizer que nós somos discípulos e discípulas de
Jesus. Ele nos diz: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes pequeninos,
que são meus irmãos, a mim o fizestes". Esses pequeninos aparecem cada dia
na nossa frente, são o rosto de Jesus que procura e pede a nossa compaixão.
Viver a
samaritaneidade é um constante desafio, um termómetro que marca até que ponto
nosso coração está aquecido. Só um coração aquecido tem a capacidade de se
deixar interpelar pelo sofrimento alheio, de enxergar que nos pequeninos é
Jesus, é o mesmo Deus que está ao nosso lado.
Ver os corpos doloridos dos yanomami, escutar os relatos de tantas situações que vivem em seu dia a dia, é algo que tem que mexer com nossa humanidade, mas também com nossa fé cristã. O Deus cristão não é alguém que fica distante, lá no céu, o Deus de Jesus Cristo é aquele que se faz gente, que se faz pequeno, aquele com quem nós nos deparamos cada vez que a vida coloca na nossa frente um destes pequeninos.
Não podemos
ignorar as mulheres, as adolescentes, que no meio da floresta estão sendo
estupradas, violentadas, levadas ao suicídio. Tem que mexer com a gente os
corpos de inocentes que boiam no rio porque não aceitaram a “lei do garimpo”.
As crianças que sofrem desnutrição porque o povo yanomami já não pode mais
plantar sua roça, tem que mexer conosco. As vítimas da malária porque os
mosquitos se instalaram nas balsas de garimpo espalhadas na mata, não podem nos
deixar impassíveis.
É Ele que está nos
olhando e é com Ele que a gente se tornou insensível. É Ele que está sofrendo,
que está sendo crucificado na Cruz do lucro, na Cruz do Ouro, na Cruz da
Injustiça, na Cruz de uma sociedade que virou as costas para esses pequeninos,
para esses yanomami.
Nunca esqueça que
eles são seres humanos, que eles são filhos e filhas de Deus, que eles são
nossos irmãos, nossas irmãs, que eles e elas são o próprio Cristo, que
questiona minha consciência e me diz: enxerga minha presença, eu estou neste
corpo sofrente, eu estou esperando por sua compaixão.
Aprendamos a olhar
com o coração, tenhamos um olhar humanizado, um olhar de fé, uma fé concreta,
que não se dissipa em sentimentalismos, mas que mexe com nossos sentimentos e
com nosso agir. Naquela aldeia distante, na beira daquele rio no meio da
floresta, Deus está gritando, Jesus está me dizendo: “Todas as vezes que
fizestes isso a um destes pequeninos, que são meus irmãos, a mim o
fizestes". Será que tenho vontade de escutar seu clamor, seu grito de dor?
Eu me pergunto o quê temos feito em prol do próximo enquanto cristãos que somos? Temos sido a gota no oceano? Se cada um fizer a sua parte na busca da transformação social, com certeza teremos umuma siciedade mas justa e igualitária para todos. Onde estavam as congregações religiosas que trabalham exclusivamente com os povos originários, indiginas que nada fizeram em prol desse povo tão sofrido e discriminado por sua condição social e etinia? Penso que muitas congregações religiosas deveriam fazer mais para os excluídos e abandonados D sociedade, ao invés de buscarem status.
ResponderExcluirOnde estão as congregações religiosas que exercem um trabalho missionário entre os povos originários? São cristãos autênticos ou só querem estátuas?
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