A
Arquidiocese de Manaus reuniu-se na Catedral da Imaculada Conceição na manhã da
Quinta-feira Santa para celebrar a Missa dos Santos Óleos, momento em que o
clero renova as promessas sacerdotais e os óleos que serão usados ao longo do
ano nas paróquias, áreas missionárias e comunidades são consagrados.
Uma
celebração em que a Igreja nos oferece “o encontro de Jesus com a Palavra e a
Palavra a revelar-lhe a missão”, segundo o cardeal Leonardo Steiner. O Arcebispo
de Manaus afirmou que “a Palavra do Pai que se escuta na palavra do Povo de
Deus”, lembrando que “as leituras nos convidam a renovar nesta celebração as
nossas promessas presbítero-sacerdotais”.
Seguindo
a passagem do Evangelho, Dom Leonardo fez um chamado a “escutar o hoje, o
hoje do envio, o hoje da unção, o hoje da missão, o hoje do Espírito. O passado
que se faz um hoje. O futuro no acontecer do hoje. O que dá sentido é o hoje. É
no hoje que a vida e a missão de Jesus, se faz Reino de Deus. E Jesus lê e se
lê na Escritura, por isso assume no hoje a sua missão. Descobre-se missão no
hoje da leitura. O hoje que passa a ser o anúncio do Reino de Deus”.
Em
palavras do cardeal, “a razão de ter-se feito humanidade, fraqueza, presença,
proximidade é o hoje do Reino que é Ele mesmo”. Ele destacou “o hoje do
Espírito! Ungidos pelo Espírito, no Espírito. E continua a ungir, pois Ele está
‘sobre mim’”, lembrando a primeira leitura. Um Espírito que “está, pois veio, tocou,
penetrou com sua força e suavidade e agora permanece sobre, como a nuvem a
guiar o Povo de Deus, o povo eleito no deserto”. Isso levou Dom Leonardo a
questionar: “nos damos conta de que o Espírito está sobre nós, nos deixarmos
tocar, guiar, iluminar pelo Espírito que foi invocado sobre nós?”, afirmando
que “sim, o hoje do Espírito Santo! Ele não é passado, futuro: Ele está,
permanece sobre, pronto a guiar e a fecundar a missão recebida. A missão no
hoje do Espírito”.
Ainda
sobre a primeira leitura, ele destacou a afirmação que faz: “ungidos pelo
Espírito”. É “o hoje da unção. Ungidos com o óleo do Crisma, sobre o qual foi
invocado o Espírito Santo e que hoje invocaremos sobre o óleo que nos ungiu. O
Espírito que unge, está ungindo sempre. Uma unção do hoje. Sempre ungidos no
hoje de nossa vida e missão. A unção recebida
para ungir. A unção de um hoje que é para ungir, untar”. Uma unção que, lembrando palavras do Papa
Francisco, “consagra para o anúncio. Uma unção que proclama uma pertença, uma
benevolência”, e junto com isso, “a unção convida-nos
a acolher e cuidar deste grande dom: a alegria, o júbilo sacerdotal. A alegria
do sacerdote é um bem precioso tanto para si mesmo como para todo o povo fiel
de Deus”, uma alegria sacerdotal que “tem a sua fonte no Amor do Pai”.
“Uma
missão que recebemos que sempre se faz hoje. O nosso hoje é a missão. Missão
nos faz ser hoje: renova, matura, eterniza, faz Reino de Deus. Somos o hoje da missão de Jesus. Aquela completude e
realização em Jesus que continua na missão recebida. O hoje da missão que
devolve a liberdade e a esperança aos amarados, amordaçados, desesperançados; o
hoje que desperta o abrir olhos, horizontes, o ver a obra da salvação. O hoje,
sempre hoje da proclamação da graça, da beleza, da liberdade que Deus oferece a
toda a humanidade”, refletiu o Arcebispo de Manaus.
O hoje do Reino que transforma tantas realidades, que é “o hoje extraordinário da vida do irmão, da irmã que recebe no hoje a vida do Reino. É que em cada gesto, em cada olhar, em cada presença, em cada silêncio, em cada palavra há salvação, sanação, redenção. Um hoje transformativo”, segundo o cardeal. Um hoje que também vê como envio, “enviados, caminhantes, procuradores, estradeiros, remadores, navegadores, homens das águas. Como aos apóstolos, o Espírito envia. O hoje sem retorno, sem retrocessos, sem volta, sem olhar para atrás. O hoje do envio que nos encanta, concede bom ânimo, disposição e disponibilidade. Na graça de proclamar que somos amados por Jesus, que por seu sangue nos libertou dos pecados e que fez de nós todos um reino, sacerdotes para o Pai. Um envio que glorifica, bendiz”, lembrando as palavras do Apocalipse na segunda leitura.
Se dirigindo ao clero, Dom Leonardo lembrou que “hoje renovamos a
alegria do dia da nossa ordenação presbiteral. A alegria que nos ungiu para
estar a serviço do Povo de Deus; a alegria incorruptível que
integra e torna íntegros, verdadeiros, transparentes, e a alegria missionária que
irradia para todos e a todos atrai, nos ensina Papa Francisco”. Lembrando os
sinais da liturgia da ordenação, Dom Leonardo lembrou que “nos falam do desejo
materno que a Igreja tem de transmitir e comunicar tudo aquilo que o Senhor nos
deu”, recordando os diferentes símbolos e afirmando que “fomos ungidos até aos
ossos... e hoje da unção desperta a alegria, que brota de dentro, é o eco a
unção recebida. A alegria que unge como um hoje, não como um passado longínquo,
distante, de sonhos passados, mas como presença alentadora, transformadora de
vida e do ministério”.
“A Unção do Espírito que se manifesta por sinais”, segundo o
cardeal. Ele lembrou que “os óleos serão introduzidos na comunidade e pela
comunidade celebrante. A palpabilidade do Espírito que unge nos óleos que a
Igreja nos oferece e que hoje são benzidos e o óleo que será consagrado”,
explicitando o sentido de cada um dos óleos: enfermos, que é “a
inovação do consolo, do alívio das dores na nossa finitude humana; dos
catecúmenos, “para ser fortaleza e proteção aos renascidos em Cristo, aos
revestidos de Cristo”; do Crisma, “para consagrar, santificar o Povo de Deus”.
Dom
Leonardo agradeceu “aos irmãos presbíteros que ungem o Povo de Deus nas nossas
periferias, junto às pequenas comunidades distantes da cidade”, também “aos
presbíteros que servem as nossas comunidades com atenção aos doentes e necessitados,
aos presbíteros que seguindo os passos de Jesus curam e consolam as feridas da alma
e do corpo”, pela sua dedicação, disponibilidade. Também agradeceu aos
diáconos, à vida consagrada e todos os irmãos e irmãs que ungem o Povo de Deus
com o serviço da anim ação, do consolo e da caridade pastoral”, insistindo em
que “somos uma família de Deus que caminha unidade, a família a caminho”.
Nos
óleos, o Cardeal Steiner disse perceber que “o
Espírito Santo está sempre conosco, o Pai não nos deixa sós, Jesus está no meio
de nós. Os óleos, a unção, nos indicam a presença amorosa que a Igreja, hoje,
maternalmente recorda e afirma”. Por isso, ele insistiu em que “o
espírito Santo nos conduzirá no caminhar juntos, no caminho juntos, ‘no juntos
a caminho’, na sinodalidade”.
Finalmente,
Dom Leonardo insistiu em que “os óleos, as unções, visibilizarão o Reino novo;
as nossas comunidades no hoje da unção serão presença do Evangelho, o hoje do
Reino, pois os pobres são acolhidos, os feridos no corpo e no espírito são
cuidados, os violentos são reconciliação, apaziguados. No hoje da palpabilidade
do Reino assumirmos nossa vocação e missão de discípulos missionários, de
discípulas missionárias. Possamos ser o hoje do Reino anunciado por Jesus, pois
enviados pelo Espírito Santo”.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
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