Na última
terça-feira 20 junho, a Secretaria do Sínodo publicou o Instrumentum Laboris do
Sínodo 2021-2024, que tem como temática a sinodalidade. Um lançamento que dá
início à segunda fase do Sínodo, que realizará em outubro de 2023 e outubro de
2024 sua Assembleia sinodal, uma só assembleia em duas etapas.
A Igreja é
comunidade, comunhão, algo que aparece no nome, uma comunhão que se expressa no
desejo de caminhar juntos, de ser uma Igreja sinodal. Isso faz parte da missão
da Igreja, chamada a encontrar o modo de concretizar no mundo atual a mensagem
do Evangelho, que tem que responder aos desafios que a realidade apresenta, um
empenho muito presente no pensamento do Papa Franciso. Ele sempre olha para
fora e para frente, empenhado em ajudar a encontrar caminhos para discernir a
melhor escolha.
E para isso temos
que aprender a escutar, a escutar a todos e todas, também aqueles que nunca
tiveram voz, aqueles que secularmente tiveram sua voz apagada. Só escutando
podemos conhecer, e só conhecendo temos elementos para poder encontrar o caminho
melhor para todos, também para os descartados, também para as vítimas.
Numa sociedade
polarizada, um fenômeno também presente dentro da Igreja católica, onde tem
católicos e católicas que se acham melhores do que os outros, inclusive mais
católicos do que o Papa, do que o bispo, somos chamados a entender que caminhar
juntos precisa superar as tensões e entender que a diversidade nos enriquece, e
nunca pode causar destruição.
Se eu sou
católico, quando olho para minha vida, quando olho para a caminhada da minha
comunidade, da minha paróquia, da minha diocese, percebo sinais de uma Igreja
sinodal? Estou disposto viver minha fé com aqueles que tem uma visão diferente,
com aqueles que são de outra comunidade, de outra pastoral, de outro movimento?
Me aproximo deles para aprender ou para criticar e destruir o que eles têm de
diferente?
Quando eu quero
impor meu pensamento como a única verdade estou longe de uma Igreja sinodal.
Quando enfrento as diferenças de forma vingativa, estou longe de uma Igreja
sinodal. Quando ao escutar não vou sendo gradualmente transformado pelo
Espírito, estou longe de uma Igreja sinodal.
O Batismo nos
aproxima, nos faz corresponsáveis, nos ajuda a sentir a necessidade de pedir
perdão, também como Igreja, nos ajuda a escutar e dialogar, e a gerir as
tensões sem se deixar destruir por elas. Se somos Igreja, se somos comunidade,
somos família, fraternidade, isso nos aproxima e nos faz sentir a necessidade
do outro ao nosso lado.
Tudo isso desde a
comunhão, missão e participação, temas prioritários para a Igreja sinodal. Encontrar
uma unidade que abraça a diversidade sem a anular é o ponto chave, e esse deve
o empenho de todos e todas se queremos ser Igreja sinodal, se queremos assumir
que caminhar juntos é condição necessária para ser Igreja.
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