O Seminário das Pastorais Sociais do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, realizado em Manaus de 15 a 18 de junho emitiu no final do seu encontro uma Carta em solidariedade aos profissionais de educação da Rede Estadual do Amazonas e da Rede Municipal de Manaus.
O texto mostra “solidariedade aos anseios apresentados por aqueles e aquelas que buscam as melhorias das condições de vida por meio da valorização e da dignidade do trabalho”. Uma denúncia que é fruto da reflexão sobre a Doutrina Social da Igreja, especialmente da Fratelli tutti, onde o Papa Francisco “nos ensina a importância do escutar o outro”.
Os
participantes do Seminário dizem ter se indignado ao “saber que os profissionais
da educação não estão sendo escutados no seu direito por valorização salarial e
melhores condições de trabalho”, relatando a situação que está sendo vivida. A
carta, citando o episcopado brasileiro, diz que “ao abordar o Pacto Global pela
Educação, afirma que educar exige também investimento ostensivo, diretrizes e políticas
públicas claras, acompanhamento sistemático e empenho geral de toda a sociedade”,
mostrando sua “profunda confiança nos profissionais da educação”.
Texto da Carta
SEMINÁRIO
DAS PASTORAIS SOCIAIS
CNBB
REGIONAL NORTE-I
Manaus
– AM, 18 de junho de 2023
CARTA EM
SOLIDARIEDADE AOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO DA REDE ESTADUAL DO AMAZONAS E DA
REDE MUNICIPAL DE MANAUS.
Nós,
Pastorais Sociais da CNBB Norte 1, reunidos no Seminário “Formação de
lideranças no compromisso sociopolítico da fé”, vimos manifestar solidariedade
aos anseios apresentados por aqueles e aquelas que buscam as melhorias das
condições de vida por meio da valorização e da dignidade do trabalho. Durante o
encontro, realizado em Manaus, ao refletir sobre a Doutrina Social da Igreja
católica realizamos a escuta cuidadosa dos anseios sociais que cercam nossa
igreja, momento em que a realidade da educação do Amazonas foi partilhada.
O
Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti ao tratar dos riscos da
informação sem sabedoria nos ensina a importância do escutar o outro,
característico do encontro humano, é um paradigma de atitude receptiva, de quem
supera o narcisismo e acolhe o outro, presta-lhe atenção, dá-lhe lugar no
próprio círculo. Às vezes a velocidade do mundo moderno, impede-nos de escutar
bem o que outro diz.
Enquanto
cristãos e cristãs da Amazônia nos indignou saber que os profissionais da
educação não estão sendo escutados no seu direito por valorização salarial e
melhores condições de trabalho. Na rede estadual para uma prévia de diálogo com
o governo os profissionais precisaram entrar em greve para apresentar suas
pautas de reinvindicações. Naquele momento o governo ativou o poder judiciário
e conseguiu uma liminar que declarou a ilegalidade da greve, bloqueando os
recursos do SINTEAM e aplicando multa diária de R$ 30.000 reais. O que era para
amedrontar, ampliou a indignação e paralisou mais de 75% da rede estadual,
assim, o governo foi obrigado a abrir o diálogo.
Na
rede municipal de Manaus, os profissionais da educação buscam um reajuste
salarial de 15% e dividiram suas pautas em dois pontos: Campanha Salarial e
Pautas Permanentes. A proposta de reajuste final apresentada pelo poder
municipal foi de 4,5%, desse valor 3,83% é referente a perdas inflacionarias,
ou seja, o aumento real é de apenas 0,67%.
A
CNBB na carta ao episcopado brasileiro às famílias, educadores e gestores (2022),
ao abordar o Pacto Global pela Educação, afirma que educar exige também investimento
ostensivo, diretrizes e políticas públicas claras, acompanhamento sistemático e
empenho geral de toda a sociedade.
Reafirmamos nossa
profunda confiança nos profissionais da educação da rede estadual do Amazonas e
da rede municipal de Manaus. A proclamação da liberdade, da democracia e da fraternidade,
torna-se contraditórias, enquanto as condições reais impedem que muitos possam
efetivamente ter acesso a ela.
“Fala com sabedoria,
ensina com amor” (cf. Pr 31,26).
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
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