Dialogar, um desafio cada vez maior em uma sociedade
enfrentada. Todos os anos, durante o tempo da Quaresma, a Igreja católica
organiza a Campanha da Fraternidade, algo que começou nos primeiros anos da
década de 1960. Desde o ano 2000, mais ou menos a cada 5 anos, a Campanha da
Fraternidade é Ecuménica, convocando a participação de diferentes Igrejas.
A última vez que isso aconteceu foi em 2016, ano em
que foi refletido sobre o cuidado da Casa Comum. Em 2021, a Campanha da
Fraternidade será de novo ecuménica, tendo como tema “Fraternidade e Diálogo:
Compromisso de Amor”. Podemos dizer que as Igrejas cristãs são chamadas a dar
um testemunho que possa ajudar a sociedade brasileira a ter consciência da
necessidade de derrubar os muros do ódio e construir pontes de amor e paz.
Tempo de Quaresma é tempo de conversão e a cada dia se
faz mais necessário superar as polarizações e violências tão presentes na nossa
sociedade, e nos adentrarmos no caminho do diálogo. Isso deve acontecer
permanentemente, cada um de nós tem que se perguntar o que está nos impedindo
dialogar, escutar o outro, aprender a amar o outro, também quem pensa
diferente, superando toda atitude preconceituosa.
O diálogo, o encontro com o outro, nos ajuda a superar
medos e situações complicadas. A pandemia tem provocado graves feridas na nossa
sociedade, que só serão curadas na medida em que desde o diálogo saibamos
encontrar caminhos comuns, que nos ajudem a superar a insegurança que tem se
instalado no meio de nós, a preencher os vazios que tem ficado diante da
partida de tantas pessoas próximas.
Não podemos continuar apostando em uma sociedade que
gera desigualdades, que provoca a rejeição do diferente, racismo, exclusão, que
eleva os muros históricos, sempre presentes na sociedade brasileira, onde
muitos se negam a dialogar, querendo impor sua visão da vida e do mundo. Isso
nos afasta de toda possibilidade de diálogo, incrementando a insatisfação e o
ódio contra o diferente.
O que eu posso fazer, o que eu tenho que fazer para
assumir o diálogo como uma atitude sempre presente na minha vida? Em que esse
diálogo pode ajudar em minha vida familiar, em minha vida laboral, em minha
vida social? Quais os passos que eu devo fazer para entrar nessa dinâmica do
diálogo?
Nosso sentimento espiritual, nosso sentimento
religioso, deve ser sempre uma ajuda em nosso avanço no caminho do diálogo.
Nossa espiritualidade deve nos levar a melhorar nossa conduta, a buscar a compreensão
mútua, a derrubar todo muro que nos separar dos outros, a criar vínculos
duradouros que afiançam nossa vida em princípios que nos ajudam a fazer
realidade um mundo melhor para todos e todas.
Precisamos de paz e isso só vai ser uma realidade a
partir do diálogo que gera entendimento e promove a vida plena, superando todo
sentimento de inimizade e ódio, respeitando e acolhendo a diversidade em vista
do crescimento comum, algo que se torna mais fácil na medida em que assumimos a
cooperação mútua. É momento de construir um tempo novo, uma nova realidade,
baseada no diálogo como caminho de entendimento e fraternidade.
Belíssima reflexão!👏👏👏👏👏👏👏
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