A Quarta-feira de Cinzas tem sido oportunidade para o
lançamento da Campanha da Fraternidade Ecuménica 2021, organizada pelo Conselho
Nacional das Igrejas Cristãs – CONIC. Como tem acontecido em muitos locais no
Brasil, a Arquidiocese de Manaus lançava a campanha na frente da Catedral
Metropolitana. O tema deste ano, como lembrava o padre Geraldo Bendaham, é “Fraternidade
e Diálogo: Compromisso de Amor”, e o lema “Cristo é a nossa Paz, do que era
dividido, fez uma unidade”.
“O diálogo é muito importante, estarmos à escuta do outro,
neste momento tão difícil, neste momento não só pandémico, mas neste momento
também de um vírus de violência, de agressão, de ideologias que não ajudam na
construção”, afirmava Dom Leonardo Steiner, no início de sua intervenção diante
dos presentes, sobretudo jornalistas. O Arcebispo de Manaus pedia que a Campanha
da Fraternidade possa nos ajudar a nos unir e nos levar ao encontro de Jesus
Cristo Crucificado, Ressuscitado.
Dom Leonardo destacava a importância da palavra, “que nos
faz dialogar, que nos dá o dom da escuta”. Fazia isso no momento reservado ao
pastor Marcos Antônio Rodrigues, da Comunidade Luterana em Manaus, ausente
diante da suspeita de ter sido contagiado pela Covid-19. Ao comentar a passagem
dos discípulos de Emaús, elo da Campanha da Fraternidade Ecuménica 2021, o Arcebispo
de Manaus afirmava que “enquanto caminhamos temos as diatribes da vida, as
dificuldades”, mostrando que “como os discípulos de Emaús, nós vamos dialogando
e vamos compreendendo essas dificuldades”.
Se faz necessário, “no diálogo mútuo, estar à escuta, em
profundidade, para que nós possamos compreender o fundo das ideologias”,
afirmava o arcebispo. Ele se questionava sobre o fundo que sustenta a violência,
o por que do feminicídio ou do desprezo aos nossos irmãos negros. Dom Leonardo
fazia um chamado a buscar o fundo e a partir da escuta que é diálogo, construir
a fraternidade. Segundo ele, “sem escuta não existe palavra, a palavra continua
agressiva, a palavra continua separativa, a palavra não é capaz de criar
comunhão, familiaridade, fraternidade”.
O Arcebispo de Manaus afirmava que “onde existem ideologias,
onde existem separações, não existe partilha, porque existe incapacidade de
partilhar, porque no existe o amor”. Ele destacava que “a Palavra de Deus nos
desarma, a Palavra de Deus, porque é conforto, porque é proximidade, é capaz de
criar novas relações apesar de nossas diferenças”. Dom Leonardo fazia um
chamado a viver a Campanha da Fraternidade como um tempo de conversão e transformação,
que vai possibilitar “um tempo de fraternidade, um tempo de amor comprometido”.
Não podemos esquecer que a Campanha da Fraternidade acontece
na Quaresma, “para nos convocar a esse espírito de conversão, de mudança”,
segundo Dom José Albuquerque. Ele frisava a necessidade de “dialogar em todas
as esferas da vida”, que nos leve ao respeito, ao reconhecimento e valor do
outro, “a estar sempre em uma atitude de aprendizado”, afirmava o bispo
auxiliar de Manaus. Ele espera que a campanha “nos ajude e nos ensine a
refletir, a saber escutar mais, a saber valorizar aquilo que nos une”.
Nessa perspectiva, Francisco Lima pedia que “este tempo quaresmal nos inquiete com uma paz que luta pela paz, a paz que sacode com a urgência do Reino, a paz que invade como vento do Espírito a rotina e o medo, a paz conquistada sem armas, a paz que se faz nossa, sem cercas, sem fronteiras”. Ele fazia um apelo ao compromisso “com o diálogo, com a solidariedade, como amor ao próximo”, e à conversão ao diálogo com o diferente e com esta ao nosso lado, que as vezes a gente exclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário