A história da Igreja da Amazônia relata a vida de muitos
missionários que fizeram da missão uma aventura. Não tinha outro modo de chegar
onde muitos deles chegaram, até as cabeceiras de rios e igarapés, até lugares impensáveis,
inclusive hoje, numa região onde a distância e o tempo são medidos de forma
diferente.
Uma dessa histórias é a do espiritano holandês Roberto Van
Meegeren, missionário na Amazônia brasileira por mais de duas décadas. Entre
suas andanças está a viagem desde Tefé até Pari Cachoeira, distrito do município de São Gabriel da Cachoeira, na beira do Rio Tiquié, na bacia do Rio Negro, iniciada no dia 27
de setembro de 1954 e encerrada no dia 8 de janeiro de 1955, um percurso que
ainda hoje resulta difícil de imaginar, ainda mais de realizar.
Estamos diante de uma história relatada com detalhe pelo
missionário, que acaba de ser publicada na Editora Chiado, por outro
missionário espiritano, o português Firmino Cachada, que define a viagem como “uma
gesta épica”, numa região que “ainda hoje permanece bastante ignorada do resto
do mundo”. Segundo o padre Cachada, “essas viagens rio acima e ria
abaixo faziam simplesmente parte da vocação missionária que tinha abraçado”,
sem negar que essa viagem poderia ser considerada, como “ultrapassar o bom
senso”.
Mas acima de tudo estamos diante de “uma fonte de
conhecimento impar dessa realidade geofísica e antropológica, não só do mundo
indígena, mas também da sociedade cabocla dessa região central da Amazônia em meados
do século passado”, afirma o padre Firmino Cachada.
De fato, no relato do padre Roberto pode se perceber o
sofrimento que ele experimentou, o cansaço extenuante, mas também a vida do
povo e seu modo de sobrevivência. Foi o povo, indígenas e ribeirinhos que acompanharam
o padre Van Meegeren nas suas andanças, nas relatadas no livro e tantas outras
ao longe de sua extensa missão na Prelazia de Tefé.
O lançamento deste livro, realizado na comunidade Cristo Luz
dos Povos, da paróquia Cristo Redentor, de Manaus, acompanhada pelos
Missionários Espiritanos, foi um momento de recordar e também fazer memória
desses missionários e missionárias que vinham para a Amazônia, e continuam a
vir, e fazem essas experiências e se fazem presença junto ao povo, junto às
comunidades. Buscando viver anunciar e testemunhar o Evangelho, mas também
conhecer a história, a vida, do povo amazônico, segundo relata o diácono
Francisco Lima.
Os Missionários Espiritanos chegaram em Tefé nos idos de 1897,
se assentando no lugar ainda hoje conhecido como Missão, onde o padre Roberto
trabalhou, como foi resgatado neste livro. O secretário executivo do Regional
Norte 1, incardinado na Prelazia de Tefé, que foi auditor no Sínodo para
Amazônia, que está completando dois anos de sua Assembleia Sinodal, afirma que
esse livro é oportuno nesse momento que a gente vive, um tempo de graça em que
a gente continua semeando o processo do Sínodo para a Amazônia, o processo da
caminhada da Igreja nessa região.
Segundo Francisco Lima, que participou do lançamento do
livro, foi “um momento muito bom da gente fazer essa memória e resgatar essa
história desse missionário que viveu aqui na nossa região e que gastou sua vida
aqui junto aos nossos povos”.
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