A Dra. Zilda Arns é uma das grandes defensoras da vida na
história do Brasil, especialmente das crianças. A fundadora da Pastoral da
Criança, falecida em 2010 no Haiti, vítima do terremoto que assolou o país, é
lembrada desde há pela Prefeitura Municipal de Forquilhinha (SC), sua terra
natal, com o Prêmio Nacional Medalha Zilda Arns, de Boas Práticas para a
Primeira Infância.
A entrega do reconhecimento, dado em 2020, mas adiado em
consequência da pandemia da Covid-19, aconteceu durante o “Seminário Nacional e
Internacional de Políticas Públicas para a Primeira Infância – Um Tributo a
Zilda Arns”, realizado os dias 6 e 7 de outubro na cidade do sul do Estado de
Santa Catarina.
Doze personalidades e entidades foram homenageadas com a
medalha “Zilda Arns Neumann”, por se destacarem no seu trabalho em favor de
crianças e adolescentes, dentre elas a Irmã Rose Bertoldo, missionária em
Manaus desde 2012. A integrante da Rede um Grito pela Vida tem realizado ao
longo de quase dez anos um trabalho de combate ao abuso e exploração sexual e
tráfico de crianças e adolescentes nas dioceses e prelazias que fazem parte do
Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Segundo recolhe a placa de homenagem, o reconhecimento foi
outorgado “pela valiosa contribuição em prol da humanidade através de
trabalhos, ações e projetos sociais voltados ao atendimento de crianças,
adolescentes e idosos, desenvolvidos sob os princípios da solidariedade, do
amor ao próximo e em defesa da vida em todas as etapas”.
A religiosa da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de
Maria foi auditora no Sínodo para a Amazônia, que está completando dois anos de
sua Assembleia Sinodal, aportando seu conhecimento e experiência aos participantes
de um evento que abordou diferentes questões, dentre elas o cuidado com a vida
das crianças. Um Sínodo que tem marcado o caminhar da Igreja da Amazônia e se
tornou semente de mudança para a Igreja universal.
Durante o seminário, a missionária no Regional Norte 1 da CNBB,
contribuiu com uma reflexão sobre o “Papel da Sociedade Civil na Proteção à
Infância”, momento em que foi apresentado o trabalho da Rede Um Grito Pela Vida
no combate ao tráfico de crianças. Na sua intervenção, a religiosa denunciou o
desmonte das políticas públicas no Brasil, o que está provocando o recorte de
recursos públicos dedicados ao combate de um crime que o Papa Francisco considera
“uma ferida no corpo da humanidade”.
Segundo a Ir. Rose, “receber a Medalha Zilda Arns tem uma dimensão
muito significativa”. Segundo a religiosa, “não é uma homenagem, recompensa, pelo
trabalho, mas é uma homenagem cheia de inspiração, a qual Zilda Arns transmite
a cada uma de nós, inspiração por levar adiante um trabalho de cuidado, de
defesa da vida das crianças e dos adolescentes, da infância e da juventude, a
qual ela tanto lutou”.
A religiosa do Imaculado Coração de Maria diz dedicar a
homenagem “a todas as crianças, adolescentes que a Rede um Grito pela Vida tem
atendido. A todas as mulheres, principalmente aquelas que de tantas formas
defendem a vida. Cada uma que faz a Rede um Grito pela Vida, cada uma que
defende os direitos sem medir esforços”. A Irmã Rose Bertoldo também agradece “a
minha congregação, a qual nos possibilita realizar essa missão no chão da
Amazônia”.
Também tem lembrado em suas palavras de “todos os promotores
de direitos da Pan-Amazônia, que lutam na defesa da vida”. A Irmã Rose tem
destacado que “receber a medalha no dia em que celebramos o segundo aniversário
do Sínodo, tem significado muito profundo, pois a gente levou para o Sínodo da
Amazônia essa temática do abuso, da exploração e do tráfico de pessoas, onde a
vida é tão ferida neste chão sagrado da Amazônia”. A religiosa diz que “me
ajudou a fazer memória desse processo, dessa construção sinodal que a gente continua
com mais força, com mais esperança de conseguir formular políticas públicas
voltadas para a infância e a adolescência”.
No final do Seminário aconteceu a inauguração de um monumento
em homenagem à Dra. Zilda Arns, algo que a Irma Rose considera “muito significativo,
pois é um marco na história, não só de Forquilhinha, mas de todo o Brasil, um
legado muito grande para toda a humanidade”.
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