Uma Igreja onde
quem chega se sente encantado diante de tanta coisa bonita acontecendo. As
palavras de Dom José Altevir da Silva na celebração eucarística com que a 49ª
Assembleia Regional Norte1 iniciou seus trabalhos no seu terceiro dia, ajudam a
entender a dinâmica que vai além das atividades e da programação da missão,
descobrindo “esse paradigmático que surge a partir da ligação, do jeito bonito
de celebrarmos, de partilhar, da paciência de ouvir o outro”, segundo o Bispo
da Prelazia de Tefé, para quem “a essência da missão passa por essa escuta e
chega aos nossos corações”.
Dom Altevir
destacou a presença de Jesus no meio dos publicanos e pecadores, o que
incomodou muito aos fariseus. Diante disso fez ver que “não existe vivência da
Palavra de Deus sem a misericórdia, sem a caridade”, e junto com isso que “a misericórdia do Pai, ela deve nos anteceder sempre nos
caminhos da missão”. O Bispo da Prelazia de Tefé insistiu “na misericórdia infinita
de Deus diante daqueles e daquelas que chama para a missão”, que chama não
pelos méritos, mas “por pura misericórdia dele”, chamando também àqueles que são
completamente diferentes.
O bispo
chamou a irmos ao encontro de uma Igreja ministerial, a ser dom de Deus na vida
das pessoas, buscando “assimilar, buscar acreditar, que não somos nós que fazemos
a missão. A missão é de Deus e devemos ser instrumentos afinados em suas mãos”.
Dom Altevir chamou a “ir para as galileias da nossa Amazônia”, para o lugar dos
pobres, a seguir o exemplo de Mateus e levar os pecadores até Jesus, movidos
pela “confiança tremenda na misericórdia de Deus”.
Uma misericórdia de Deus presente na vida e no lema episcopal do Papa Francisco, que experimentou na sua vida a misericórdia de Deus e o levou a ser religioso, lembrou Dom Altevir, que chamou a aprender a lidar com o Evangelho da misericórdia e da esperança, especialmente junto ao povo mais sofrido, mais abandonado, “para que assim nós possamos atrair os pecadores a Jesus para em Jesus encontrar o caminho da verdadeira libertação”.
Uma missão
que se vive na sinodalidade, uma reflexão presente na Igreja católica dentro do
processo sinodal que está sendo vivido a caminho do Sínodo de 2023. Uma
sinodalidad que tem como fundamente uma Igreja povo de Deus, comunidade, que
aparece na Lumem Gentium, uma Igreja que recupera a dignidade de todos os batizados
no interior da comunidade eclesial, se tornando sujeitos ativos na missão, segundo
o padre Jânio Negreiros.
O Coordenador
de Pastoral da Diocese de Parintins recolheu as experiências vividas na
etapa diocesana do Sínodo nas igrejas particulares do Regional Norte1, que
mostram a unidade na diversidade e a necessidade de uma nova mentalidade, de
uma Igreja que atinge a todos, chamada a seguir a proposta eclesial que o Papa
Francisco apresenta na Evangelii Gaudium.
O padre
Jânio foi apresentando o que aparece de positivo na escuta sinodal (vida de fé,
comunhão, protagonismo feminino, juventude criativa, leigos e leigas engajados),
mas também as preocupações (individualismo, competitividade, escândalos de
abusos sexuais e financeiros, autoritarismo, clericalismo, falta de sentido eclesial),
que nascem da realidade eclesial do Regional Norte1.
O coordenador
de pastoral apresentou elementos que favorecem e motivam o caminhar juntos, mas
também chamou a reagir numa “atenção emergencial”, diante da “diminuição
significativa da presença dos jovens na Igreja”. Ele apresentou alguns desafios
do Sínodo, questionando sobre o modo de ser mais sinodais e as dificuldades para
caminhar juntos.
No Regional
Norte1, segundo foi apresentado na Assembleia, as pastorais são expressão desse
trabalho em comunhão. Cada uma dessas pastorais foi mostrando sua presença em
cada uma das dioceses e prelazias, algo que tem se concretizado no último ano
nos encontros a nível local e regional.
Dentro do
Regional existem organismos comuns, como a Comissão de Proteção de Menores e Pessoas
Vulneráveis, que crio uma comissão de escuta e encaminhamento, não para resolver
os processos, em nível regional, voltada exclusivamente para os abusos
cometidos por padres, religiosos, religiosas e agentes de pastoral. Um passo a
mais no combate aos abusos, buscando a dignidade da criança, dos adolescentes e
as pessoas vulneráveis, algo ressaltado pelo Papa Francisco. Também tem caráter
regional o Tribunal eclesiástico, mesmo sendo recomendado um trabalho nas
dioceses e prelazias que ajudem na resolução dos processos canónicos.
Numa Igreja
missionária, como é o Regional Norte1 essa dimensão tem estado e vai estar presente.
Foi relatada a participação no Congresso Missionário Nacional para Seminaristas
realizado em João Pessoa em julho com a presença de 8 seminaristas do Regional
Norte1, buscando fomentar a abertura à missão ad gentes. Também a Experiência
Missionária para Seminaristas denominada “Pés a Caminho” e que será realizada
de 5 a 17 de janeiro de 2023 na Arquidiocese de Manaus, e o Congresso
Missionário Nacional de 11 a 15 de novembro de 2023, também em Manaus,
organizado pelas Pontifícias Obras Missionárias.
De cara ao
futuro, a 49ª Assembleia Regional fez propostas em relação à ministerialidade,
povos indígenas e juventudes, discutidas em grupos: laicato, presbíteros, Vida
Religiosa, diáconos e bispos. Propostas que respondem à realidade do Regional,
inspiradas nas propostas surgidas do Sínodo para a Amazônia e do Documento dos
50 anos de Santarém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário