quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Dom Altevir: “A misericórdia do Pai, ela deve nos anteceder sempre nos caminhos da missão”


Uma Igreja onde quem chega se sente encantado diante de tanta coisa bonita acontecendo. As palavras de Dom José Altevir da Silva na celebração eucarística com que a 49ª Assembleia Regional Norte1 iniciou seus trabalhos no seu terceiro dia, ajudam a entender a dinâmica que vai além das atividades e da programação da missão, descobrindo “esse paradigmático que surge a partir da ligação, do jeito bonito de celebrarmos, de partilhar, da paciência de ouvir o outro”, segundo o Bispo da Prelazia de Tefé, para quem “a essência da missão passa por essa escuta e chega aos nossos corações”.  

Dom Altevir destacou a presença de Jesus no meio dos publicanos e pecadores, o que incomodou muito aos fariseus. Diante disso fez ver que “não existe vivência da Palavra de Deus sem a misericórdia, sem a caridade”, e junto com isso que a misericórdia do Pai, ela deve nos anteceder sempre nos caminhos da missão. O Bispo da Prelazia de Tefé insistiu “na misericórdia infinita de Deus diante daqueles e daquelas que chama para a missão”, que chama não pelos méritos, mas “por pura misericórdia dele”, chamando também àqueles que são completamente diferentes.

O bispo chamou a irmos ao encontro de uma Igreja ministerial, a ser dom de Deus na vida das pessoas, buscando “assimilar, buscar acreditar, que não somos nós que fazemos a missão. A missão é de Deus e devemos ser instrumentos afinados em suas mãos”. Dom Altevir chamou a “ir para as galileias da nossa Amazônia”, para o lugar dos pobres, a seguir o exemplo de Mateus e levar os pecadores até Jesus, movidos pela “confiança tremenda na misericórdia de Deus”.



Uma misericórdia de Deus presente na vida e no lema episcopal do Papa Francisco, que experimentou na sua vida a misericórdia de Deus e o levou a ser religioso, lembrou Dom Altevir, que chamou a aprender a lidar com o Evangelho da misericórdia e da esperança, especialmente junto ao povo mais sofrido, mais abandonado, “para que assim nós possamos atrair os pecadores a Jesus para em Jesus encontrar o caminho da verdadeira libertação”.

Uma missão que se vive na sinodalidade, uma reflexão presente na Igreja católica dentro do processo sinodal que está sendo vivido a caminho do Sínodo de 2023. Uma sinodalidad que tem como fundamente uma Igreja povo de Deus, comunidade, que aparece na Lumem Gentium, uma Igreja que recupera a dignidade de todos os batizados no interior da comunidade eclesial, se tornando sujeitos ativos na missão, segundo o padre Jânio Negreiros.

O Coordenador de Pastoral da Diocese de Parintins recolheu as experiências vividas na etapa diocesana do Sínodo nas igrejas particulares do Regional Norte1, que mostram a unidade na diversidade e a necessidade de uma nova mentalidade, de uma Igreja que atinge a todos, chamada a seguir a proposta eclesial que o Papa Francisco apresenta na Evangelii Gaudium.




O padre Jânio foi apresentando o que aparece de positivo na escuta sinodal (vida de fé, comunhão, protagonismo feminino, juventude criativa, leigos e leigas engajados), mas também as preocupações (individualismo, competitividade, escândalos de abusos sexuais e financeiros, autoritarismo, clericalismo, falta de sentido eclesial), que nascem da realidade eclesial do Regional Norte1.

O coordenador de pastoral apresentou elementos que favorecem e motivam o caminhar juntos, mas também chamou a reagir numa “atenção emergencial”, diante da “diminuição significativa da presença dos jovens na Igreja”. Ele apresentou alguns desafios do Sínodo, questionando sobre o modo de ser mais sinodais e as dificuldades para caminhar juntos.

No Regional Norte1, segundo foi apresentado na Assembleia, as pastorais são expressão desse trabalho em comunhão. Cada uma dessas pastorais foi mostrando sua presença em cada uma das dioceses e prelazias, algo que tem se concretizado no último ano nos encontros a nível local e regional.



Dentro do Regional existem organismos comuns, como a Comissão de Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis, que crio uma comissão de escuta e encaminhamento, não para resolver os processos, em nível regional, voltada exclusivamente para os abusos cometidos por padres, religiosos, religiosas e agentes de pastoral. Um passo a mais no combate aos abusos, buscando a dignidade da criança, dos adolescentes e as pessoas vulneráveis, algo ressaltado pelo Papa Francisco. Também tem caráter regional o Tribunal eclesiástico, mesmo sendo recomendado um trabalho nas dioceses e prelazias que ajudem na resolução dos processos canónicos.

Numa Igreja missionária, como é o Regional Norte1 essa dimensão tem estado e vai estar presente. Foi relatada a participação no Congresso Missionário Nacional para Seminaristas realizado em João Pessoa em julho com a presença de 8 seminaristas do Regional Norte1, buscando fomentar a abertura à missão ad gentes. Também a Experiência Missionária para Seminaristas denominada “Pés a Caminho” e que será realizada de 5 a 17 de janeiro de 2023 na Arquidiocese de Manaus, e o Congresso Missionário Nacional de 11 a 15 de novembro de 2023, também em Manaus, organizado pelas Pontifícias Obras Missionárias.

De cara ao futuro, a 49ª Assembleia Regional fez propostas em relação à ministerialidade, povos indígenas e juventudes, discutidas em grupos: laicato, presbíteros, Vida Religiosa, diáconos e bispos. Propostas que respondem à realidade do Regional, inspiradas nas propostas surgidas do Sínodo para a Amazônia e do Documento dos 50 anos de Santarém.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1


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