Em um país onde o
grito dos pobres e dos pequenos quer ser apagado, a Igreja católica, junto com
outras organizações, realiza desde 1995 o Grito dos Excluídos, que neste ano de
2023, lembrando de novo que a vida está em primeiro lugar, lança a pergunta:
“Você tem fome e sede de que?”.
Milhões de
brasileiros e brasileiras tem fome e sede de muitas coisas, mas também podemos
dizer que muitos vivem de barriga cheia, sem olhar para aqueles que passam
necessidade, aqueles que sofrem as consequências de uma sociedade desigual,
para aqueles que sonham em plural diante do individualismo que se tornou uma
realidade cada vez mais presente, que dificulta a construção de um mundo melhor
para todos e todas.
Seria bom que cada
um e cada uma de nós se fizesse algumas perguntas: Realmente eu me preocupo com
aquilo que acontece na vida do outro? Quero ajudar a ter uma vida melhor, com
mais sentido, àquele que sofre por diferentes motivos? Cultivo sentimentos
coletivos na minha vida que me levam a sonhar junto com os outros? Abro meus
sentidos para escutar, enxergar, gritar com os outros em vista de uma sociedade
mais justa e solidária?
O Papa Francisco
nos desafia a ser uma Igreja em saída, que se faz presente nas periferias
geográficas e existenciais, uma Igreja que não tem medo de se enlamear para
acompanhar a vida do povo que sofre cada dia diante de múltiplas necessidades
que vive em seu cotidiano. Uma Igreja que deixe de ser autorreferencial, de se
olhar o umbigo.
Não podemos ser
cristãos de boca e ouvidos fechados, desentendidos do que acontece fora das
quatro paredes do templo, pois a gente acredita no Deus encarnado, no Deus que
se faz gente e se torna companheiro de caminho, que quer estar no meio de seu
povo, no Deus que em Jesus grita diante das dores e injustiças que fazem parte
da vida das pessoas.
É tempo de perder
o medo, de deixar de ser comunidades passivas, indiferentes, sem solidariedade
para com o outro, para com aquele que nunca contou e nunca vai contar para os
outros. Precisamos de uma Igreja cada dia mais comprometida, um compromisso que
nasce do amor concreto que se faz caridade, que gera vida para aqueles que
nunca viveram em plenitude.
Gritemos juntos e
juntas, como Igreja e como sociedade, acompanhemos a caminhada de tantos
brasileiros e brasileiras que tem fome e sede, que sentem a necessidade em sua
pele e que esperam uma mão amiga que os ajude a fazer realidade esse mundo
melhor com o qual todos nós deveríamos sonhar e lutar para concretizar no meio
de nós.
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