quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Cardeal Koch: no caminho ecumênico, "o Batismo é a base da unidade e da sinodalidade"


O briefing deste dia 26 de outubro com os participantes da Assembleia Sinodal, podemos dizer que foi uma mesa ecumênica, com a presença do Cardeal Kurt Koch, Prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Sua Eminência Iosif, Metropolita Ortodoxo Romeno da Europa Ocidental e Meridional, Opoku Onyinah, delegado ao Sínodo das Igrejas Pentecostais, Catherine Clifford, Professora de Teologia Sistemática na Saint Paul University em Ottawa, e Mons. Stanislaw Gadecki, Arcebispo de Poznan e Presidente da Conferência Episcopal Polonesa.

Trabalhando no Documento Síntese

A Assembleia Sinodal está trabalhando no Documento Síntese. Na quarta-feira à tarde, quando a Carta ao Povo de Deus foi votada, com 336 a favor e 12 contra, e o Papa Francisco falou sobre o que ele entende por Igreja como Povo de Deus, houve intervenções livres, nas quais foi enfatizada a audácia missionária da Igreja, que se constitui como tal no anúncio do Evangelho, que não pode ser pensado fora da missão. Também foi enfatizada a importância do sensus fidei e das mulheres, sua capacidade de escutar e consolar, e o fato de que elas não podem ser objetos, mas sujeitos da Igreja.

Antes do trabalho em círculos menores, foram compartilhados os critérios que estão presentes no documento, insistindo que se trata de um documento de transição e que ajuda a saber onde estamos e a retomar um caminho que começou em 2021 e vai até 2024. Um documento que ajuda a trilhar um caminho para todos, um documento que ilumina e ajuda a entender como caminhar juntos e buscar soluções compartilhadas, sem cair na tentação do clericalismo.



Sínodo Ecumênico e Ecumenismo Sinodal

A dimensão ecumênica, que remonta ao Concílio Vaticano II, é importante na história dos sínodos, enfatizou o Cardeal Koch, lembrando que o batismo é a base da unidade e da sinodalidade, e que todas as igrejas têm estruturas de sinodalidade, algo em que as Igrejas Ortodoxas se destacam. A reflexão sobre a dimensão ecumênica esteve presente na preparação do Sínodo, lembrando a Vigília Ecumênica de 30 de setembro, com representantes de várias Igrejas. Recordando as palavras do Santo Padre, o Cardeal suíço sublinhou que este Sínodo deve ser ecumênico e que o ecumenismo deve ser sinodal.

O representante ortodoxo saudou o convite do Papa para um processo que tem interesse no trabalho sinodal, que está muito presente na Igreja Ortodoxa. Nesse campo ecumênico, passamos de relações difíceis para relações fraternas, pois todos buscamos o que nos une, o que temos em comum, destacou. Um ecumenismo presente na vida de muitas famílias, que ele vê como experiências que ajudam a entender que a unidade em torno de Cristo é possível.

Para o ganês Opoku Onyinah, que destaca o fato de a Assembleia Sinodal ser uma experiência muito aberta, com uma metodologia que incentiva a participação de todos, o convite do Papa a outras igrejas representa uma atitude de humildade. Em suas palavras, ele destacou a mistura entre os bispos e outras pessoas nos círculos menores e o fato de que cada contribuição é considerada de igual importância, o que ele vê como um sinal de maturidade. Ele também disse que ficou impressionado com a espiritualidade do Sínodo, sendo capaz de ouvir o sopro do Espírito no discernimento. Por fim, ele definiu o Sínodo como uma tentativa de eliminar as divisões para unir os cristãos à maneira de Cristo.

Encontrando consenso pacificamente

O Arcebispo de Poznan, que está participando de seu quinto Sínodo, disse que ficou surpreso com a metodologia do Sínodo, que ajudou a superar conflitos e, com o sopro do Espírito, a encontrar pacificamente um ponto de consenso. Portanto, ele mostrou como esse método de conversação sob a influência do Espírito, que ajuda a estabelecer diálogos, conversas pacíficas para aliviar problemas, poderia ajudar a resolver conflitos globais, a evitar o confronto entre culturas e civilizações, chamando a caminhar não na direção do confronto e do desacordo, mas na direção do diálogo e da boa vontade. Essa também é uma posição importante no diálogo ecumênico, definindo o caminho sinodal como um processo em direção à unidade.

A teóloga canadense destacou a presença da sinodalidade no Magistério do Papa Francisco desde 2013, insistindo que a Igreja Católica tem muito a aprender com a Igreja Ortodoxa em termos da prática da sinodalidade, um elemento aprofundado na Evangelii Gaudium. O ecumenismo tem sido importante no processo de escuta no Canadá, insistindo na participação de todos os fiéis e batizados, incentivando a participação plena em todos os níveis da vida da Igreja, vendo a sinodalidade como um paradigma para o caminho comum, pois a fé em Jesus é muito mais ampla.



Levar a sério a igual dignidade de todos os batizados

Em resposta à intervenção do Papa na Sala do Sínodo, onde ele insistiu em uma Igreja como povo de Deus e em sua crítica às batinas e chapéus ou alvas e túnicas com rendas, Catherine Clifford insistiu que nos últimos 30 anos houve conversas muito importantes entre os teólogos sobre a compreensão da Igreja, enfatizando a importância de lembrar o ensinamento do Vaticano II sobre a Igreja como comunhão e povo de Deus, uma eclesiologia que ela definiu como muito bíblica e compartilhada com outras Igrejas cristãs que ajuda a crescer em uma compreensão comum da Igreja.

Com o objetivo de ajudar os seminaristas a se sintonizarem com a cultura sinodal da Igreja, a teóloga enfatizou a importância da formação para a compreensão da Igreja como um corpo sinodal que leva a sério a igual dignidade de todos os batizados. De acordo com Dom Gadecki, essa formação tem sido prolongada, buscando trabalhar a formação a partir das diferentes ciências, buscando aprender uma nova forma de diálogo, um novo estilo de se relacionar com os outros, chamando a, sem cair no mundanismo, estar em contato com a vida das famílias e a introduzir as mulheres no caminho formativo e a não se distanciar do mundo real.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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