O
terceiro dia do 5º Congresso Missionário Nacional iniciou neste domingo com o
compromisso de iluminar a missão a partir da Amazônia. “Em Gênesis se lê que o Espírito
pairava sobre as águas. Na Amazônia o Espírito se move sobre as águas, na sua
superficialidade e na sua profundidade”, garante a Ir. Sônia Matos. A religiosa
participou, junto com o Mons. Raimundo Vanthuy Neto, do segundo painel temático
deste 5CMN, com o tema "Da Amazônia aos confins do mundo".
“Mulher,
amazônida, ribeirinha e religiosa”, foi como a ir. Sônia se definiu ao iniciar
sua exposição. Ela alertou sobre o perigo de olhar para a Amazônia como ‘terra
de missão’, como se estivesse vazia, sem caminho e sem história, não levando em
conta as inúmeras potencialidades da realidade local e das experiências já
existentes.
A
religiosa seguiu realçando a riqueza da realidade amazônica e afirmou que não é
possível estudar em teorias a diversidade, a pluralidade e tudo aquilo que fala
além das palavras: “É preciso compreender a Amazônia não a partir dos livros,
mas a partir da leitura dos rios e das árvores que se entrelaçam em harmonia e
resistência”, afirmou, concluindo que para compreender essa realidade é preciso
que o missionário e missionária passe por uma ‘alfabetização dos símbolos, a
partir de dentro”.
Os confins do mundo estão em nossas Igrejas locais
Mons.
Raimundo Vanthuy Neto, bispo eleito para São Gabriel da Cachoeira (AM), seguiu
o painel questionando “Onde estão os confins do mundo?” e afirmou: “Aqui, na Amazônia
também estão os confins do mundo”.
O
painelista apresentou a realidade Amazônica, com 180 povos indígenas, 180
culturas e modos diferentes de viver e 160 línguas. Mons. Vanthuy alertou sobre
a tentação de chegar neste contexto, na missão, e dizer ‘esse povo é muito
diferente’ e seguiu com a provocação: “Mas diferente de quem? Quando o ponto de
vista é a apenas o nosso, tudo será mesmo diferente”.
Para
mons. Vanthuy, um ponto fundamental para compreender a missão da Igreja no chão
da Amazônia é a terra e a sua importância para a vida das populações indígenas
e os povos amazônidas. “Por isso a Igreja ousou e ousa ficar ao lado deste povo
na luta pelos territórios. Talvez essa foi e se tornará cada vez mais a ação
mais urgente da Igreja”, realçou.
Ele
continuou com a apresentação do que acredita serem os três grandes ensinamentos
dos povos da Amazônia à Igreja: a vida comunitária; a consciência da pertença a
um povo, de que somos uns com os outros; e a percepção de que tudo está
interligado – “descuidar de uma terra indígena e ficar míope às periferias de
nossas cidades, é continuar o desequilíbrio”, concluiu.
Victória
Holzbach, assessora de comunicação CNBB Sul 3
Nenhum comentário:
Postar um comentário