quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Padre Vanthuy Neto: “À disposição de conhecer esse mundo fascinante de muitas culturas originárias” em São Gabriel da Cachoeira


Com uma carta dirigida aos caros Irmãos e Irmãs em Cristo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, a Dom Edson Tasquetto Damian, aos Povos Originários do Alto Rio Negro, e aos Homens e Mulheres de boa vontade que vivem nesta região, o padre Raimundo Vanthuy Neto, nomeado pelo Papa Francisco nesta quarta-feira 8 de novembro, novo bispo dessa diocese, algo que diz ter recebido com surpresa, se dirigiu àqueles com quem tem sido enviado para ir viver.

Aquele que se diz “aluno da escola de Jesus Cristo, pequeno servo da vinha do Senhor e filho da Igreja”, afirma na carta se colocar à disposição de ir caminhar com vocês e conhecer esse mundo fascinante de muitas culturas originárias, das águas e da Floresta. O bispo eleito disse que “a boa nova das diversas culturas dos Povos Originários que vivem no Alto Rio Negro acolheu a Boa Nova do Evangelho de Jesus Cristo”.

Em suas palavras lembrou da missão realizada pelas missionárias e missionários salesianos, principalmente nas “escolas que fundaram por toda essa vasta região”. Uma experiência que define como um armar “suas redes entre vocês e renasceram de novo, como disse Jesus a Nicodemos, nas águas da vida de vossas comunidades e no amor dos preferidos de Deus, os pobres”. Ele lembrou que as Salesianas, “chegaram como amigas e foram convertidas pelas comunidades em irmãs”, insistindo em que “essa é a novidade do Evangelho, de estrangeiros, Jesus nos faz todos irmãos e irmãs, uma só família, o Povo de Deus”.

 


O novo bispo definiu a região do Alto Rio Negro como “o cobiçado Jardim da Criação, onde a natureza e as sociedades vivem em equilíbrio”, destacando o compromisso da defesa e do cuidado com a Casa Comum “dos Povos do Rio Negro, dos Migrantes que chegaram a essa região, do Estado Brasileiro e também da Igreja”. Ele denunciou que “em muitas partes da Amazônia já sentimos os efeitos devastadores do garimpo, da contaminação das águas, do desmatamento, da pesca predatória, e do avanço da fronteira do agronegócio”, definindo a seca atual como uma agressão à Casa Comum, que “afeta a todos e tem consequências que vão para além de nós”, fazendo um chamado ao compromisso comum. 

O padre Vanthuy relatou brevemente sua história de vida, uma família de migrantes, com “a marca de fé e da esperança dos sertanejos nordestinos”. Igualmente o papel da Igreja católica que lhe ajudou “a entender e a descobrir que Deus me atraia ao grupo dos discípulos de seu Filho Jesus”. Igualmente apresentou seu percurso formativo a caminho de sua ordenação presbiteral em 03 de junho de 2001. Ele disse que na Igreja de Roraima “continuo sendo educado na escola de Cristo: servo, pastor, pobre e entregue no serviço às comunidades. Aqui aprendi a ficar mais perto dos Povos Indígenas e de suas causas”. Junto com isso lembrou que faz parte dos Sacerdotes do Prado, fundados pelo Bem-Aventurado Antônio Chevrier.  

Falando sobre sua nova missão, ele disse que “o Papa Francisco me nomeou nesse tempo do Sínodo sobre a Sinodalidade e nesses dias do Congresso Missionário Nacional, que acontece na Amazônia. O nosso ministério nasce no dom desafiador do andar juntos e do mandato missionário: Da Igreja local aos confins do mundo. Nesta graça caminhemos juntos, semeando as sementes do Evangelho.



O padre Vanthuy afirmou ir “na confiança e na liberdade de Jesus abandonado à vontade do Pai”, pedindo orações por ele e pelas Salesianas e Salesianos, que chamou de “operários da primeira hora na formação da Igreja do Alto Rio Negro”, e também pelos presbíteros, pela vida religiosa, pelos catequistas, animadores das comunidades, por Dom Edson Damian, Dom Walter Azevedo e por todos que continuam a doar suas vidas na Amazônia.  

O novo bispo fez um convite “a retomarmos os caminhos indicados pelos bispos da Amazônia em Santarém - 1972, da Encarnação e da Evangelização Libertadora e assumirmos a caridade como o dom e a prática essencial do discípulo missionário de Jesus, ajudando a toda pessoa e a todos os povos a ‘passarem de condições menos humanas para condições mais humanas’, como nos indicava São Paulo VI”.

Pedindo as orações, disse se colocar “na graça do Espírito Santo que antecede a toda Evangelização”, e se pôr a caminho “para ser irmão dos mais de vinte dois Povos originários que aí vivem”, pedindo assumir a docilidade de Maria e que “a vontade do Pai em atrair todos a Cristo tome lugar em nossas vidas”.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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