domingo, 17 de dezembro de 2023

Dom Leonardo: “A alegria que é uma pessoa: Jesus, o Menino de Belém”

 

No Domingo da Alegria, o cardeal Leonardo Steiner iniciou sua homilia dizendo: “Alegrai-vos porque o Senhor está para chegar e, com Ele, sua paz”, lembrando que “a alegria que é uma pessoa: Jesus, o Menino de Belém”.

Na primeira leitura, ele destacou que nos desperta para o regozijo, afirmando que “ao percorrermos o itinerário até Belém, somos envolvidos pela alegria, pois a salvação tornar-se-á visível aos nossos olhos. Seremos recobertos com manto da justiça, pois no Menino de Belém fará germinar a justiça e a sua glória em nossa fragilidade, iluminará a nossa humanidade”.


No Evangelho ressaltou que “nos apresenta o anunciador de vida nova, alegria do povo”, mostrando que “João, o Batista, é apresentado como a testemunha, pois a sua missão foi indicar, apontar, sinalizar Jesus, o Enviado, prometido pelos profetas. A sua pregação e seu modo de vida mostravam novos caminhos, indicavam a esperança que estava por chegar. A sua fama se espalhou pela Judeia até à Galileia, mas ele permaneceu fiel à sua missão: indicar Aquele que haveria de vir”. Segundo o arcebispo de Manaus, “ao anunciar aquele que estavam por vier, confessou: ‘não sou digno de lhe desatar a correia das sandálias. João anunciou, mostrou o Messias não a si mesmo”.


Lembrando as palavras do Papa Francisco na homilia deste domingo em 2020, recordou que ele nos diz: “Eis a primeira condição da alegria cristã: descentralizar-se de si mesmo e colocar Jesus no centro. Jesus de fato é o centro, é a luz que dá pleno sentido à vida de cada homem e mulher que vem a este mundo. É o mesmo dinamismo do amor, que nos leva a sair de nós mesmos, de nos encontrarmos, nos integrarmos, maturarmos, à medida que nos doamos, à medida que procuramos o bem dos outros”.




“A missão de João, o seu testemunho, torna-se evidente, quando os judeus enviam de Jerusalém sacerdotes e levitas para o questionar: ‘quem és tu?’. João era da Judeia, filho de Zacarias, de uma família sacerdotal. A pregação e o modo de João causam estranheza: aparece no deserto, longe do poder, oferecendo um batismo de conversão. A estranheza nascia da liberdade com que o testemunho era dado”, disse o cardeal Steiner.


Segundo ele, “o Batista tinha feições, palavras, que remetiam à verdade de um profeta e até mesmo o próprio Messias. Ele mesmo se antecipa e declara: Eu não sou o Messias (Jo 1,20). A palavra de quem é testemunha da Luz e não a Luz. O testemunho de quem não deseja ser confundido com quem é o verdadeiro Messias”.


Citando as perguntas do texto evangélico: “Quem és tu? És Elias? Ele respondeu: Eu não sou Elias”, Dom Leonardo disse que “apesar de seu pai Zacarias ter profetizado: E ele mesmo caminhará à sua frente, sob os olhos de Deus, com o espírito e o poder de Elias, afirma: Eu não sou Elias”. Na verdade, enfatizou o arcebispo, “João, não era a pessoa de Elias, mas agia com o modo de ser e com a virtude profética de Elias. Mas o povo esperava o profeta Elias, pois ele deveria voltar às vésperas do Juízo Final, para oferecer aos homens uma última exortação penitencial. João é apenas a testemunha da Luz; ele apresenta a exortação penitencial para a receptividade da vida nova, dos novos tempos”.


Lembrando que a palavra, a pregação de João, recordava ser um profeta, “João ao responder ‘não!’, reconhece que esta missão não pertencia a Ele, mas sim ao Cristo”, disse o purpurado. Segundo ele, “perturbados, desconcertados, desorientados, sem resposta vem a pergunta: ‘Quem és afinal? Temos que levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo? Quem és tu? ... Quem és, então? ... Se não és o Messias, Elias ou um dos profetas? Quem és afinal?”. Dom Leonardo Steiner questionou “como era possível um homem vestido com pele de camelo e alimentado com frutos da terra, oferecer conversão e batismo de purificação. Se não era o Messias, Elias ou um dos profetas, quem era o que anunciava novos caminhos, a vinda, uma presença nova?”.





O presidente do Regional Norte1 da CNBB disse que “com mansidão e humildade, mas com firmeza e clareza, João responde: ‘Eu sou a voz que clama no deserto: Aplainai os caminhos do Senhor’. Extraordinária a missão recebida e exercida: deixar tudo preparado, na atenção da vida de quem é o Messias verdadeiro e não na aparência”, citando texto do Evangelho e insistindo em que “ele era um precursor, aquele que corre antes, aquele que anuncia o favor da graça”.

“A pregação do Batista vai ao essencial... Sua voz não nasce da estratégia política nem dos interesses religiosos”, enfatizou o cardeal Steiner. Citando José Antônio Pagola, disse que “O seu anúncio poderia ser expresso: Há algo maior, mais digno e esperançoso do que o que estamos vivendo. Nossa vida deve mudar radicalmente. Não basta frequentar a sinagoga todo sábado, não adianta nada ler rotineiramente os textos sagrados, e é inútil oferecer regularmente os sacrifícios prescritos pela lei. A religião, por si só, seja qual for, não dá vida. É preciso abrir-se ao mistério do Deus vivo”.

“O essencial da pregação de João, está na chegada do Messias prometido, a chegada de um novo tempo, um novo céu e uma nova terra. O Messias pede mudança de vida, de mentalidade; um novo modo de viver. E como Ele mesmo anunciará um Reino, o Reino de Deus, Nada mais de aparências, exterioridades, mas o encontro vital e essencial com Deus”, disse Dom Leonardo. 


O arcebispo, comentando a segunda leitura, ele disse que “São Paulo ao escrever aos tessalonicenses, nos convida a preparar o nascer de Deus assumindo três exercícios: o júbilo constante, a oração perseverante, a ação de graças contínua”. Nos faz um chamado a “uma alegria constante. A alegria enche o coração e a vida quando se encontra com Jesus. A alegria, mesmo quando as coisas não correm como desejamos ou sonhamos. O júbilo constante que evita a superficialidade e se deixa tomar pela paz, pela harmonia, como contemplaremos no presépio. Muitas vezes nos sentimos circundados pelo inóspito e árido, como um deserto”.





Dom Leonardo mostrou que “ali pode ressoar a voz de João Batista, como recordado no Evangelho. As angústias, as dificuldades, os sofrimentos, as dores de cada um de nós, pode conduzir ao júbilo, pois no deserto está ‘aquele que vós não conheceis, e que vem depois de mim’. O Menino de Belém, como nos diz Isaías, ‘leva a boa-nova aos humildes, cura as feridas da alma, prega redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos’. Deus nasceu para libertar do pecado e das escravidões pessoais e sociais. Ele nasceu para restituir aos homens a dignidade e a liberdade de filhas e filhos de Deus. Vivamos na alegria constante, constantes e perseverantes no júbilo”. 


A alegria, o júbilo, no caminho para Belém pede oração perseverante”, disse o cardeal, lembrando o chamado na segunda leitura: “rezai sem cessar”. Segundo Dom Leonardo, “pela oração chegaremos a Belém e seremos tomados pela admiração da singeleza de Deus, a fonte da verdadeira alegria. A alegria do encontro com a criança da manjedoura não se pode comprar; vem do encontro com o Menino Jesus, nossa alegria. Na proximidade da Criança seremos tomados pela serenidade interior, quando da aflição. O Menino nascido nos envia como testemunhas e arautos de alegria, não como profeta de desventura. Belém a despertar em nós a alegria a ser partilhada com todos; uma alegria contagiosa que torna menos cansativo o caminho do Reino de Deus”.


O arcebispo lembrou, inspirado nas palavras do Papa Francisco, que Paulo nos envia: “dai graças em todas as circunstâncias, porque essa é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo”; viver em ação de graças contínua, viver o amor grato a Deus. Na sua benevolência, generosidade e amabilidade tocável em Belém, somos convidados a sermos agradecidos, em ação de graças”.

Finalmente, ele disse que o Domingo da Alegria nos recorda as palavras de Papa Francisco: “A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Todos quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”, citando A Alegria do Evangelho. Com as palavras do profeta Isaias, o cardeal lembrou que “a Criança-Deus, deseja encontrar-nos para despertar em nós a alegria de seu amor”.


Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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