O suicídio,
que na região do Rio Negro atinge em cifras quatro vezes mais que a média
nacional, foi tema de estudo do sexto módulo da Escola de Teologia da diocese
de São Gabriel da Cachoeira, que de 14 a 19 de janeiro de 2024 reuniu as
lideranças das comunidades católicas do Alto Rio Negro, junto a profissionais
das diversas entidades da esfera municipal, estadual e federal, que atuam em
vista do bem comum nesta vasta região da Amazônia, com a assessoria do Dr.
Willian César Castilho Pereira, psicólogo clínico e professor emérito da PUC-Minas,
tendo como tema: “Psicologia: violência e suicídio”.
“O objetivo
foi refletir sobre a temática, buscando compreender a partir das comunidades
indígenas, ribeirinhas e urbanas a difícil situação da violência e o complexo
drama do suicídio que vem atingindo a nossa gente do Alto Rio Negro”, segundo a
Carta às Comunidades do Alto Rio Negro publicada.
Um trabalho iniciado em 2023, através de entrevistas-diálogo com profissionais e moradores da região, seguindo o método: Ver, Analisar, Agir. O questionário abordou, em duas perspectivas, a vivência nas comunidades e nas cidades, das seguintes temáticas: grupo familiar; juventude, violência e suicídio; bebidas e outras drogas; meios de comunicação e uso da internet; serviços de saúde mental; acesso a direitos e a justiça.
A carta recolhe
oito desafios: o aumento da violência (física, psicológica, cultural,
sexual...); o número expressivo de mortes por suicídio que não diminui, de modo
especial na juventude; o descontrole no consumo das bebidas alcoólicas e outras
drogas, iniciando ainda na adolescência; enfraquecimento e ausência de
políticas públicas; perda de valores na vivência comunitária e identidade
cultural; conflitos nas relações interculturais; acesso à internet, que
provocou uma mudança acelerada de comportamento; falta de perspectiva de futuro
e oportunidades reais de estudo, trabalho e lazer.
Diante
destes desafios, foram assumidos nove compromissos: empenho pessoal e
comunitário na luta e combate das violências; fortalecimento e participação
efetiva das instituições no Comitê Municipal de enfrentamento a autolesão e
suicídio; solicitação ao Governo Federal e Ministério da Saúde e dos Povos Originários
da implantação do CAPS AD; trabalho em rede; capacitação de lideranças
comunitárias e profissionais para o combate à violência; fortalecimento das
pastorais sociais; fiscalização da entrada de bebida alcoólica nas comunidades;
valorização e retomada dos saberes e conhecimentos ancestrais, como benzimentos,
ritos e outros; elaboração de uma cartilha para o trabalho de prevenção ao
suicídio e outras violências.
Um tempo de formação que é visto como sinal de esperança, e que “busca fazer do Alto Rio Negro uma terra sem males, que desponta a cada manhã, quando cada um de nós se torna instrumento de paz e do Bem Viver para todos e todas”.
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