A Lei e sua aplicação nem sempre caminham de mãos
dadas, e isso deve nos preocupar, pois quando isso acontece os mais
prejudicados são os pequenos. Os direitos trabalhistas, que hoje fazem parte da
vida do mundo laboral, são fruto de lutas históricas, que nem sempre avançaram
de modo adequado, algo que demanda a implicação de todos e todas para continuar
num caminho que ainda está longe da meta.
No Brasil, a informalidade, a falta de garantia dos
direitos trabalhistas é uma realidade que todos conhecemos, mas que assumimos
como algo que não tem outro jeito. Desse modo fazemos com que as condições
laborais piorem e o sofrimento dos trabalhadores aumente a cada dia. Muitos
trabalhadores e trabalhadoras sofrem com o desrespeito de seus direitos, mas se
calam para evitar sua demissão.
1º de maio é uma data histórica de luta pelos direitos
trabalhistas e a Igreja católica quis apoiar essas demandas com a celebração da
memória de São José Operário. Ao longo de mais de cem anos, a Doutrina Social
da Igreja tem refletido sobre a realidade do trabalho e suas condições,
ajudando assim a dar passos que ajudem para concretizar melhores condições de
trabalho mundo afora, também no Brasil.
A tecnologia está fazendo com que a realidade laboral
mude de forma rápida e radical. O modo de trabalhar em muitos espaços é
completamente diferente, diminuindo a necessidade de mão de obra, que é
substituída por outros elementos e mecanismos. A contribuição humana vai
perdendo espaço e isso tem que nos levar a refletir, pois o trabalho é
instrumento fundamental de geração de renda para grande parte da população
mundial. A falta de trabalho tem como consequência a falta de recursos para a
sobrevivência das pessoas.
Como garantir o trabalho para a população e como fazer
com que esse trabalho se desenvolva em condições que respeitem os direitos
trabalhistas? Como ajudar para que quem trabalha possa encontrar a plenitude, a
felicidade, a realização pessoal naquilo que faz? O que fazer para acabar com a
exploração laboral e a falta de garantia de direitos trabalhistas?
Denunciar a exploração trabalhista, uma realidade
próxima de nós, é uma obrigação que não podemos deixar de lado. Cobrar do poder
público a garantia daquilo que a lei proclama tem que ser um empenho para que a
cidadania possa avançar. Sejamos conscientes de que a sociedade avança quando
todos e todas nos empenhamos para que assim seja, e para isso, garantir os
direitos trabalhistas tem que ser uma demanda comum, que nos aproxima dos
pequenos, daqueles que sempre ficaram para trás e nunca foram tratados como
gente.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
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