A Igreja da Amazônia, que durante muitos anos contou com grande número de missionários chegados de fora da região, vai aumentando seu clero local. A diocese de Coari deu neste sábado 15 de junho de 2024 um passo a mais nessa direção, com a ordenação diaconal de Leonardo Rufino da Silva, que escolheu como lema: “Fala Senhor que teu servo escuta”, e Willian da Silva Aragão, com o lema: “Permanecei no meu amor”. Na presença de familiares, amigos, fiéis da diocese de Coari, a vida religiosa, os colegas seminaristas e os padres, dom Marcos Piatek, bispo diocesano, ordenou na catedral de Sant´ana e São Sebastião, àqueles que nos próximos meses devem ordenados presbíteros.
Uma
celebração que contou com a presença de dom Zenildo Lima, bispo auxiliar de
Manaus, que foi reitor do Seminário São José no tempo em que os novos diáconos
realizaram seu processo formativo, e do padre Pedro Cavalcante, atual reitor do
Seminário Arquidiocesano de Manaus, onde se formam os seminaristas das nove
igrejas locais que fazem parte do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil.
Após a
apresentação dos candidatos, o bispo diocesano disse que “nós como Igreja não
estamos separados, estamos rezando, vivendo, celebrando em comunhão com toda a
Igreja do mundo, com o Papa Francisco, em comunhão com a Igreja do nosso
Regional Norte1 da CNBB, em comunhão com a nossa diocese de Coari”, lembrando a
caminhada vocacional daqueles que iam ser ordenados diáconos, agradecendo a
presença do atual reitor do Seminário São José e de dom Zenildo Lima, que fez a
homilia.
O bispo
auxiliar de Manaus iniciou dizendo que “é sempre a vida de Jesus que nos alegra
e é sempre a vida de Jesus que vai se tornando evidente para nós”. Segundo dom
Zenildo, “na nossa Igreja, nós experimentamos sinais da vida de Jesus por meio
de sinais que a Igreja nos oferece, eu são os sacramentos”, definindo o
sacramento da Ordem como aquele que “visibiliza na vida de pessoas, de homens,
esse mistério da vida de Jesus”. Segundo o bispo, “porque mergulham neste
sacramento da Ordem, na vida deles, eles vão tornar muito evidente, muito visível
para o povo de Deus o Mistério Pascal de Jesus”.
No tempo do
diaconato, primeiro grau do sacramento da Ordem, “eles vão se aprofundar neste
sacramento, porque a vocação deles é para o ministério presbiteral”. Lembrando
a presença missionária a diocese de Coari durante longos anos, afirmando que “o
Evangelho chegou a nós com sotaque”, ele destacou que agora o rosto da Igreja
local, “esse rosto vai se fazendo a partir de nós”. Refletindo sobre o fato dos
padres ter o mesmo rosto, linguagem, cultura do povo, dom Zenildo insistiu em
que quando o povo os procura, procura algo a mais, “a inesgotável presença de
Jesus, o povo busca sempre em nós o sagrado,
comunicação da própria presença de Deus”.
Uma
presença que, segundo o bispo auxiliar de Manaus, “nós comunicamos pela sua Palavra”,
algo próprio do ministério do diácono, que ele vê como “grande animador da Palavra
nas comunidades”, destacando igualmente seu serviço ao altar, “servidores da
presença de Deus que é experimentada toda vez que o povo se reunir para festejar
e para celebrar a sua fé”, pedindo zelo, esmero, cuidado, “para que a beleza da
nossa celebração, atinja, alcance ao nosso povo e o povo possa exclamar: Deus
está perto de nós”. Igualmente, dom Zenildo refletiu sobre a caridade, chamando
a “viver de tal modo que as pessoas se sintam cuidadas por nós”.
Comentando
as leituras, o bispo auxiliar de Manaus destacou, na vocação do profeta Samuel,
que “quem diria que no pequeno Samuel, Deus iria responder ao seu povo”,
insistindo em que “em alguém tão pequeno, Deus iria romper seu silêncio”,
comparando a passagem bíblica com a vida dos novos diáconos, considerando algo
bonito que “na história vocacional da gente tenha interlocutores, tenha
intermediários”, inclusive através de ferramentas frágeis, refletindo sobre o
papel dos padres no acompanhamento do chamado vocacional.
Comentando
a segunda leitura, na passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos, dom Zenildo
Lima destacou o papel da comunidade como cuidadora das pessoas mais pobres, das
viúvas, que aos poucos deixaram de ser suficientemente cuidadas pela comunidade,
definindo o serviço como “o médio privilegiado pelo qual a comunidade consegue
romper suas tensões”, vendo o serviço e o cuidado dos pobres como algo que pode
ajudar a resolver as diferenças nas comunidades, afirmando que “o serviço dá equilíbrio
à vida comunitária”, animando os novos diáconos a ajudar a comunidade a “se
abrir a uma dinâmica do cuidado”.
No final da
celebração foi rezada a oração pelas vocações para a Igreja de Coari, fazendo
os novos diáconos seu agradecimento, destacando sua alegria, não só deles,
mas de toda a Igreja diocesana de Coari, diante do chamado do Senhor, que “chama
porque nos ama e porque cada um de nós é uma escolha de Deus”, que chama “a
partir da nossa história, a partir do que somos, a partir da experiência que
temos”, mostrando sua disposição a fazer a vontade do Pai. Eles pediram apoio e
orações por eles e pelos padres e bispos presentes, “para que todos nós
possamos nos manter fieis ao ministério que a Igreja nos confia”, depois de
anos de dedicação, estudos e orações.
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