quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Apresentada Dilexit nos: “A chave para interpretar todo o Magistério deste Papa”


A quarta encíclica do Papa Francisco foi publicada e apresentada em 24 de outubro na Sala Stampa do Vaticano pelo Arcebispo Bruno Forte e pela Irmã Antonella Fraccaro. De acordo com o arcebispo italiano, a encíclica “nasce da experiência espiritual do Papa Francisco, que sente o drama do enorme sofrimento causado pelas guerras e pelos muitos atos de violência em curso, e quer estar perto daqueles que sofrem, propondo a mensagem do amor divino que vem para nos salvar”.

Um resumo dos pensamentos de Francisco

Nas palavras de Forte, a encíclica “oferece a chave para interpretar todo o Magistério deste Papa” e, junto com isso, “uma espécie de compêndio do que o Papa Francisco quis e quer dizer a cada irmão ou irmã na humanidade: Deus o ama e lhe mostrou isso da maneira mais luminosa na história de Jesus de Nazaré; olhando para Ele, você saberá que é amado desde sempre e para sempre e poderá reconhecer os dons com os quais o Pai quis enriquecê-lo; seguindo-O, você poderá discernir a maneira de gastá-los com amor onde quer que, em Seu Espírito, Ele queira conduzi-lo”.



O milagre social da construção em nós e conosco

A religiosa prosseguiu detalhando alguns dos elementos presentes no documento pontifício, mostrando que nosso coração “unido ao de Cristo é capaz desse milagre social” de construir conosco e entre nós, “neste mundo, o Reino do amor e da justiça”. A partir daí, ela pediu que “caminhemos juntos com a força da esperança, que o Coração de Jesus nos dá todos os dias em nossa vida fraterna cotidiana”.

Uma devoção que se torna carne

A devoção ao Sagrado Coração tem sido criticada ao longo da história como “uma devoção intimista, que quase nos abstrai do compromisso histórico”, reconheceu Bruno Forte. Em contrapartida, ele destacou que “um dos aspectos mais importantes dessa encíclica é que o Papa Francisco mostra justamente o contrário, longe de ser intimista, a devoção ao Sagrado Coração nos leva a experimentar o amor revelado de Cristo, que se torna história, carne ao lado dos pobres, dos últimos, dos esquecidos”.

Nesse sentido, ele ressaltou que a encíclica “vai além do intimismo, e isso me parece ser muito forte na mensagem do Papa Francisco. É um manancial, uma fonte viva da qual brota esse serviço”. A proposta do Papa Francisco nesse texto “nos revela a fonte profunda de todo o seu Magistério, de toda a sua vida”. Nessa perspectiva, falar de uma mudança de paradigma em relação à devoção ao Sagrado Coração, “tem a ver com a mudança daqueles que haviam interpretado a devoção ao Sagrado Coração antes do Magistério do Papa Francisco, que está presente em todos os seus textos”, sendo o amor a Cristo o que o motiva. Nas palavras do arcebispo, é isso que a Igreja quer lembrar ao mundo, esse amor que dá sentido, que inspira, que motiva e nos ajuda a compreender e enfrentar os desafios com confiança em Deus e com a capacidade de perdoar, mesmo aqueles que nos ferem”.



A experiência do Coração de Jesus nos unifica

“Essa encíclica nos ajuda a recuperar o que está no centro da experiência cristã, porque o coração unifica, eu sou o meu coração”, disse a Irmã Antonella Fraccaro. Diante da fragmentação em que vivemos, diante das relações sociais que nos levam a viver em várias frentes, ela ressaltou “a experiência do Coração de Jesus, que nos unifica, uma experiência de caridade, uma experiência de relações, de culturas diferentes, de condições diferentes, até mesmo de condições sociais”, Fraccaro afirmou que “esta encíclica nos ajuda a recuperar o centro”.

Algo que, segundo a religiosa, “é muito bom para nós, cristãos e cristãs, que precisamos recuperar a unidade entre nós, que infelizmente estamos nos fragmentando, desenvolvendo o individualismo, por isso precisamos recuperar o valor dos relacionamentos, de estar juntos, de caminhar juntos”.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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