A
importância da missão digital no contexto da missão da Igreja foi o tema
abordado por Ir. Xiskya Valladares na conferência de imprensa realizada na Sala
Stampa em 4 de outubro. A freira nicaraguense radicada na Espanha, "a
freira do twitter", como foi apresentada por Cristiane Murray,
vice-diretora da Sala Stampa da Santa Sé, lembrou que participa da Assembleia
Sinodal por designação pontifícia, apresentando-se como religiosa e missionária
digital, como alguém que colabora há muitos anos na missão digital, trabalhando
com "a Igreja te escuta".
Um mundo que mudou
Partindo da pergunta que marca esta Segunda
Sessão da Assembleia Sinodal: Como ser uma Igreja sinodal em missão, ela
ressaltou que "nosso mundo mudou, não é mais o que era há 20 anos, a
missão é diferente", e que diante das mudanças tecnológicas e da
Inteligência Artificial, "a Igreja não pode ficar para trás". Em
resposta ao chamado de Francisco para ir a todos, a todos, a todos, Ir. Xiskya enfatizou
que "65% da população mundial percorre as ruas digitais". Ele lembrou
o trabalho que estão fazendo desde o início do Sínodo, "para que a Igreja
entenda que a sinodalidade e a missão da Igreja estão nos ambientes digitais
como outro aspecto da missão".
A religiosa falou sobre os encontros com
missionários digitais de 67 países, onde foi destacado o nascimento do carisma
do missionário digital, "que está sentindo uma forte vocação para
acompanhar aqueles que não estão na Igreja, aqueles que foram batizados e
saíram, mas que continuam a sentir uma preocupação com a verdade, com o
amor de Deus, e que às vezes até andam feridos no mundo, também por causa de
suas más experiências com pessoas da Igreja", insistindo que a missão é
para o mundo de hoje e não para o mundo de 20 anos atrás, para o qual é
necessário discernir o como.
Xiskya Valladares enfatizou a necessidade da
"samaritaneidade", lembrando o que o Papa lhe disse na Primeira
Sessão da Assembleia: "seja a ternura e a misericórdia de Deus para todas
essas pessoas", lembrando as histórias que ela escuta todos os dias de
pessoas feridas, que buscam a Deus, que querem começar a orar, que querem
recuperar os valores evangélicos e muitas que ainda não ouviram o nome de
Jesus.
Aumento da conscientização sobre a missão digital na Igreja
A
missionária digital, diante da missão da Igreja no mundo digital, afirmou que
"ainda temos que aprender, mas cada vez mais está surgindo a
consciência da necessidade", ressaltando que depende das regiões e dos
países, destacando que a América Latina a tem muito presente, sendo criada nas
conferências episcopais equipes para a missão digital e os missionários
digitais estão se organizando, algo que falta na Europa. A religiosa conta como
na Assembleia Sinodal muitos bispos expressam a ela a importância do que fazem.
Ela insiste que "no ano passado a missão digital era uma novidade, este
ano não é uma novidade e há um desejo de que possamos fazer algo, porque
estamos perdendo muitos jovens, muitas gerações que não vão mais às
paróquias".
Da mesma
forma, sobre a polarização nas redes sociais, afirmou que "a
sinodalidade é muito mais do que mudar as estruturas, mudar as coisas para
fora, a sinodalidade supõe uma mudança de atitude interior, uma conversão
pessoal e, nesse sentido, não é algo que vai acontecer imediatamente, não é
algo rápido, começaremos a ver o fruto deste Sínodo anos depois de seu
término". Isso se deve ao fato de que "é muito mais profundo do que
mudar as leis, do que mudar as estruturas, é necessário mudar os
corações". Xiskya lembrou o chamado do Papa para viver com esperança em um
mundo muito difícil, no qual as relações tóxicas estão prevalecendo, mesmo
dentro da Igreja.
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