O encontro
de coordenadores e coordenadoras de pastoral das igrejas locais do Regional
Norte1, reunidos em Manaus nos dias 18 e 19 de fevereiro de 2025, refletiu sobre a Sinodalidade e seus desafios na Igreja do Brasil a partir do Magistério
do Papa Francisco.
A
coordenadora de pastoral da arquidiocese de Manaus, Ir. Rosana Marchetti, refletiu
sobre essa realidade na Igreja do Brasil, onde “há um caminho de abertura para
a sinodalidade, mas também há algumas resistências.” A religiosa lembrou a ausência
de mulheres nas coordenações de pastoral das dioceses, ressaltando que a sinodalidade
é ligada à vivência da comunhão e da participação. O desafio é fazer isso em todos
os âmbitos e dimensões da Igreja, algo que foi incentivado pelo Concílio Vaticano
II.
A
sinodalidade leva à corresponsabilidade missionária de todos os membros do povo
de Deus, conjugando participação e autoridade. Segundo a religiosa, a
sinodalidade é ser Igreja, ser sinodais significa ser fiéis ao Evangelho, encarnar-se
hoje na história, viver processos e não eventos, praticar o discernimento.
Para a
Igreja do Brasil, a sinodalidade não é novidade, mas tem se dado um retrocesso a
uma visão mais clerical, que deve levar a resgatar esse jeito de ser Igreja
muito presente anos atrás. Existem diversos exemplos dessa sinodalidade: capelas
e centros comunitários aonde o povo se reúne todo junto, reza, reflete, com participação
de todos, lugares de celebração da Palavra, mutirões, novenas, comunidades
eclesiais de base (CEBs), Movimento de Educação de Base, Campanha da
Fraternidade, Encontros Intereclesiais das CEBs, pastoral de conjunto e
planejamento participativo, CNBB e assembleias do episcopado, Diretrizes Gerais
para a Ação Evangelizadora, CELAM e Conferências Gerais do Episcopado
Latino-americano e Caribenho, REPAM, CEAMA.
A sinodalidade
é algo presente no Magistério do Papa Francisco, que nos leva a entender que cada
batizado é um “sujeito ativo da evangelização”, como nos diz Evangelii gaudium,
assumindo que o Espírito fala a todo o povo de Deus. Esse processo sinodal leva
a dar passos: consulta, escuta dos pastores e dos fiéis, fazer com que o povo
fale. Nesse sentido, a Ir. Rosana disse que “não se tem paciência de escuta”, vendo
a sinodalidade como “um processo dinâmico, mas lento, que faz com que todo o
povo se sinta Igreja”. Segundo a religiosa, “a riqueza da diversidade é caraterística
da sinodalidade, a beleza da Igreja é incluir o diferente.”
Nesse
sentido, a importância de respeitar os processos, de não os atrapalhar, no
caminho sinodal, uma dinâmica que não menoscaba a autoridade dos bispos. Se faz
necessário viver essa experiência de sinodalidad em todos os níveis, sendo a
Igreja particular o primeiro nível de realização da sinodalidade, sustentada na
interação, na corresponsabilidade missionária, na participação mais direta, na
interligação dos organismos, que faz da ligação com as bases um princípio
decisivo da sinodalidade, que sempre vai de baixo para cima. A sinodalidade tem
como protagonista o Espírito Santo, que leva ao desejo de escutá-lo nas pessoas.
Na concreção dessa sinodalidade, os coordenadores e coordenadoras de pastoral foram questionados sobre os desafios para viver a sinodalidade nas igrejas locais, os frutos da vivência da sinodalidade e os passos que precisam ser dados para avançar na compreensão desse estilo de ser Igreja. Uma dificuldade que nasce do desafio de entender a identidade cristã por parte de alguns grupos. Na vida das igrejas locais do Regional Norte 1, as mulheres têm um papel fundamental, uma realidade que deve levar a uma reflexão para avançar na sinodalidade. Junto com isso a importância da formação, da descentralização, para superar uma presença eclesial limitada à celebração dos sacramentos. Tudo isso potenciando a sinodalidade como estilo de ser Igreja, vivendo a sinodalidade nas bases e incluir na formação dos futuros presbíteros esse estilo de ser Igreja.
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