A diocese
de Roraima celebrou no dia 15 de abril a Missa dos Santos Óleos, “um dia de
alegria e de festa!”, segundo o bispo diocesano, dom Evaristo Spengler. Ele
disse que “a missa crismal deste ano é especial”, dado que a diocese celebra
300 anos de evangelização e o Papa convocou o Ano Jubilar, fazendo um
chamado a caminhar como peregrinos e peregrinas da esperança.
Ungidos para servir
O bispo
lembrou a presença de mais de 20 novos missionários na diocese, que foram
apresentados. Em sua reflexão falou sobre o óleo da Aliança.
Ele enfatizou que “Deus unge os seus para servir e para transformar a
realidade onde estamos inseridos.” Dom Evaristo refletiu sobre os três vasos
sagrados presentes na celebração: o Óleo dos Catecúmenos, o Óleo dos Enfermos e
o óleo do Santo Crisma.
Segundo o
bispo, o óleo “é um sinal sagrado.” Analisando o texto de Isaias 61,
sublinhou que “pelo batismo, Deus nos escolheu para sermos ‘sacerdotes do seu
povo’ para levar a alegria do Evangelho aos que sofrem, para sermos
instrumentos de misericórdia.” Junto com isso, ele vê que “o óleo é para romper
correntes e esquemas.” No Salmo 88, o bispo destacou que “esta unção não é para
nosso prestígio”, ressaltando que “essa é a nossa missão: vida a serviço.”
Já em Apocalipse
1,5-8, dom Evaristo enfatizou que “esta unção nos compromete: somos
chamados a ser profetas que denunciam as injustiças, sacerdotes que santificam
o mundo no amor, pastores que governam com humildade e serviço. Somos povo de
Deus, todos ungidos e chamados para ungir.” Por sua vez, no Evangelho (Lc
4,16-21), sublinhou que ‘o óleo do Crisma nos recorda que, como presbíteros,
religiosos/as e leigos, não somos meros funcionários do sagrado. Somos outros ‘cristos’
– ungidos - para estar no mundo a serviço do Evangelho. Como presbíteros, nosso
ministério não é um status, mas um chamado ao serviço, especialmente aos mais
pobres. Como religiosos e religiosas somos convocados para servir e testemunhar
a profecia do Reino de Deus. Os leigos e as leigas são chamados, a partir do
seu Batismo e Confirmação, a serem ‘sal da terra, luz do mundo’ (cf. Mt
5,13-16), e fermento na massa (Lc 13,20-21).”
Significado dos Óleos
Na benção
dos óleos descobrimos, segundo o bispo, que “Deus, no seu amor, caminha conosco
em todas as etapas marcantes da vida. E nos unge, nos consagra, nos cura e
nos envia em missão. É o amor do próprio Deus que se faz presença, fidelidade
e ternura.” Isso porque “cada óleo é expressão do amor e do cuidado de Deus, de
um carisma, de um serviço e de um ministério específico.”
Dom Evaristo
Spengler refletiu sobre o sentido de cada um deles: o óleo da consagração, o
óleo da cura e o óleo da missão. No Óleo da Consagração, destacou que “somos
chamados a viver o amor até o extremo.” Algo que acontece no Batismo, pois “não
somos reis para dominar, mas para servir”; na Crisma, que “nos envia para a
missão de viver e testemunhar a fé recebida no batismo”; e na Ordenação, em que
“o candidato se entrega totalmente a serviço da Igreja, povo de Deus, neste
caminho sinodal.”
Bálsamo das Feridas da Humanidade
O Óleo da
Cura, ele e visto pelo bispo como “o Bálsamo das
Feridas da Humanidade”.
Ele falou de diversas doenças, pedindo pessoas ungidas para o cuidado da casa
comum, pessoas ungidas para ajudar na superação de extremismos e de exclusões, pessoas
ungidas para ajudar a superar as gritantes desigualdades em uma sociedade que
acumula riqueza à custa dos pobres. Uma cura que também precisa o ser humano,
segundo o bispo de Roraima.
Do óleo
da Missão, o bispo destacou que ele é “a fidelidade ao evangelho no percurso da
missão, que nos prepara para o encontro com o Esposo, o Cristo.” Dom Evaristo
advertiu que “não podemos nos conformar com uma fé superficial ou apenas herdada
da família ou da tradição. Somos chamados a fazer um encontro pessoal e
comunitário com o Cristo Morto-Ressuscitado.” Para isso, “nós, os cristãos,
somos chamados a viver em estado de vigilância ativa, cultivando uma vida de
fé, de oração e de boas obras, sem nos deixar levar pela negligência ou pelo
comodismo espiritual. A missão do cristão não é apenas crer, mas testemunhar
com ações concretas o amor de Deus no mundo. Isso significa colocar em prática
o que assumimos no nosso Batismo e confirmamos na Crisma.”
Sentido do óleo em cada ministério
O bispo fez um chamado aos presbíteros, para que eles “não deixem secar o óleo da unção, do primeiro amor, da entrega total em seus corações, em suas mãos, em seus pés. Vão às periferias sociais e às fronteiras existenciais, e contemplem a consolação de Deus, a presença de Deus, o amor de Deus.” Um óleo que não é “guardar para si”, é para “gastar nos caminhos enlameados e esburacados.”
Aos religiosos e religiosas, ele pediu ser o “bom perfume” de Deus para evangelizar as mais variadas realidades. Para ser “uma presença terna e fraterna, especialmente em meio aos mais vulneráveis.” Aos leigos e leigas, o bispo lembrou que eles são “ungidos para santificar o mundo a partir de dentro de cada realidade.” Por isso lhes pediu que “sejam protagonistas da evangelização, assumindo cada vez mais a missão de animar e fortalecer as comunidades, sendo uma presença cristã autêntica na sua família, no seu trabalho, na roda de amigos, em todas as realidades da vida.”
Finalmente,
aos enfermos e idosos, lhes disse que “a vida de vocês é um óleo precioso que
unge a Igreja com o perfume da paciência e da fé. Em um mundo que idolatra a
juventude, a produtividade e a velocidade, a paciência dos idosos e dos enfermos
é um antídoto contra a cultura do descarte. Através da aceitação serena das
dores e dos limites impostos pela idade, vocês são testemunhas de que a vida
tem valor em todas as suas fases e em todas as situações!” Para isso, dom
Evaristo pediu a intercessão de Maria, que chamo de “Arca da Aliança”, para que
“nos ensine a ser, como Ela, vasos transbordantes de graça.”
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 - Fotos: João Felipe Cláudio Amaral (Rádio Monte Roraima)
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