domingo, 20 de novembro de 2022

Dom Leonardo: “Jesus é o rei, pois reina, supera a divisão, a maldade”


Um rei crucificado, um rei que salva; inaugura um novo reino”. Assim nos apresenta o Rei do Universo o Evangelho de Lucas, segundo Dom Leonardo Steiner. Ele começou sua homilia da Solenidade de Cristo Rei lembrando a figura do Rei Davi, aquele que “seu reino tornou-se símbolo do reino de paz, de justiça, de liberdade que um dia Deus teria instaurado na terra”.

O Cardeal Arcebispo de Manaus lembrou que “o rei era quem dirigia o povo, defendia, organizava, cuidava da justiça, da equidade, fomentava a fé”. Na figura de Davi e de Jesus, “podemos dizer que formamos com Ele uma só realidade, pertencemos a um reino”, algo que aparece no Livro de Samuel e que o Cardeal remite à figura de Jesus: “Nós nos consideramos os teus ossos e a tua carne”. Na passagem, recolhida na primeira leitura, citando ao Papa Bento, “percebemos o sentido da relação entre o rei e seu povo: uma relação íntima e profunda com Jesus nosso Rei e Senhor. Esse senhor e rei que concede sentido e dignidade inigualável”.

Jesus, o rei, é colocado por Paulo como “o centro da história, o fundamento de tudo o que existe”. Daí Dom Leonardo afirma “como é extraordinário olharmos para Jesus e nele vermos a razão do existir de todo o universo, que nele se realizam todos os desejos amorosos do Pai e do Espírito Santo, que nele tudo tem sentido: a vida e morte. Por isso, o celebramos hoje como rei”.

Em palavras do Cardeal Steiner, “ele é o rei, pois reina, supera a divisão, a maldade. O que nos impressiona é que esse rei que a tudo dá sentido e tudo deixa ser, é o Crucificado segundo o Evangelho. Cristo não aparece sentado num trono de ouro, mas pregado numa cruz, com uma coroa de espinhos, com uma inscrição sobre a cabeça: ‘Jesus Nazareno, rei dos Judeus’. Rodeado de dois homens condenado à morte por serem ladrões, rodeado de pessoas que o insultam, de soldados que o escarnecem”.



Nada que possa identificar com poder, com autoridade, com realeza terrena”, insistiu Dom Leonardo. Um Jesus que é “da cruz, é o Reino do serviço, do amor, da entrega, do dom da vida; o reino da reconciliação e da paz. Um reino de salvação. Participamos da sua realeza crucificada”. Mesmo diante daqueles que falam para Jesus da salvação com ironia, “Jesus não salva a si mesmo, morre crucificado, para salvar a todos. E na dor, no sofrimento, na passagem da morte, salva toda a humanidade, nele somos salvos e libertos”.

O Arcebispo de Manaus refletiu sobre os dois condenados que rodeiam Jesus na Cruz, sobre a salvação que promete àquele que reconhece o seu reinado. Segundo Dom Leonardo, “a cruz é o Trono, em que se manifesta plenamente a salvação, a realeza de Jesus. Na cruz acontece a reconciliação, o perdão e a vida plena para todos. A Cruz é a expressão máxima de uma vida feita amor e entrega. O reinado de Cristo é o do amor e, por isso da esperança”.

A missão “de discípulos missionários, de discípulas missionárias é continuar o anúncio do Reino de Deus e convocar a todos homens e todas as mulheres para construir aqui na terra, o Reino da benevolência, do consolo, da misericórdia, do acolhimento, da bondade, da fraternidade universal”. Um Cristo Rei, que em palavras do Papa Francisco é “centro e centralidade de nossa fé. Sinal e destinação de nossa vida cristã”.



Dom Leonardo lembrou que nesta data a Igreja no Brasil celebra o dia do leigo. “Mulheres e homens que pelo batismo participam do Reino que concede a realeza da filiação divina. Leigos que ensinam a verdade da oração do Pai Nosso: pedir que seu reino venha, que todos possam participar da vida do Reino em plenitude”. Um reino de irmãos e irmãs, da paz, da esperança, segundo o cardeal. Daí, ele vê o laicato como “filhas e filhos de Deus que não se cansam de anunciar a verdade da dignidade de cada pessoa, o direito dos pobres, a exercer a samaritanidade com os descartados e abandonados ao longo do caminho da convivência de uma sociedade que exclui”.

Dom Leonardo chamou o laicato “a oferecer sempre e por toda a parte a salvação nascida na cruz”, do Calvário que citando o Papa Francisco, é lugar de desatino e injustiça, onde impotência e incompreensão aparecem acompanhadas pela murmuração bisbilhotada e cínica dos zombadores de turno perante a morte do inocente, transforma-se, graças à atitude do bom ladrão, numa palavra de esperança para toda a humanidade”. Por isso, “a missão dos leigos e leigas, através das pastorais, ministérios, formação, despertam para a esperança da verdade salvífica do Reino! Assim, são ‘Testemunhas de Jesus libertador no compromisso com a vida’”.

Em relação ao Terceiro Ano Vocacional, que se inicia neste dia no Brasil, após recordar o tema e o lema, mostrou o desejo de que “o Ano Vocacional desperte a todos para o anúncio do Reino e nos ajude a proclamar que Jesus é a razão do nosso viver e a possibilidade da transformação das estruturas sociais, pois anúncio do amor. Nossa vocação é graça, é uma missão!”, chamando a que “participemos do Reino da verdade e da graça, da justiça do amor e da paz. Esse é o Reino que pedimos, imploramos, buscamos. Nele nos sentimos todos irmãos e irmãs, pois é nele que somos um com Jesus”.


Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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