“Um rei
crucificado, um rei que salva; inaugura um novo reino”. Assim nos apresenta o
Rei do Universo o Evangelho de Lucas, segundo Dom Leonardo Steiner. Ele começou
sua homilia da Solenidade de Cristo Rei lembrando a figura do Rei Davi, aquele
que “seu reino tornou-se símbolo do reino de paz, de justiça, de liberdade que
um dia Deus teria instaurado na terra”.
O Cardeal Arcebispo
de Manaus lembrou que “o rei era quem dirigia o povo, defendia, organizava,
cuidava da justiça, da equidade, fomentava a fé”. Na figura de Davi e de Jesus,
“podemos dizer que formamos com Ele uma só realidade, pertencemos a um reino”,
algo que aparece no Livro de Samuel e que o Cardeal remite à figura de Jesus: “Nós
nos consideramos os teus ossos e a tua carne”. Na passagem, recolhida na
primeira leitura, citando ao Papa Bento, “percebemos o sentido da relação entre
o rei e seu povo: uma relação íntima e profunda com Jesus nosso Rei e Senhor.
Esse senhor e rei que concede sentido e dignidade inigualável”.
Jesus, o
rei, é colocado por Paulo como “o centro da história, o fundamento de tudo o
que existe”. Daí Dom Leonardo afirma “como é extraordinário olharmos para Jesus
e nele vermos a razão do existir de todo o universo, que nele se realizam todos
os desejos amorosos do Pai e do Espírito Santo, que nele tudo tem sentido: a
vida e morte. Por isso, o celebramos hoje como rei”.
Em palavras
do Cardeal Steiner, “ele é o rei, pois reina, supera a divisão, a maldade. O
que nos impressiona é que esse rei que a tudo dá sentido e tudo deixa ser, é o Crucificado
segundo o Evangelho. Cristo não aparece sentado num trono de ouro, mas pregado
numa cruz, com uma coroa de espinhos, com uma inscrição sobre a cabeça: ‘Jesus
Nazareno, rei dos Judeus’. Rodeado de dois homens condenado à morte por serem ladrões,
rodeado de pessoas que o insultam, de soldados que o escarnecem”.
“Nada que
possa identificar com poder, com autoridade, com realeza terrena”, insistiu Dom
Leonardo. Um Jesus que é “da cruz, é o Reino do serviço, do amor, da entrega,
do dom da vida; o reino da reconciliação e da paz. Um reino de salvação.
Participamos da sua realeza crucificada”. Mesmo diante daqueles que falam para
Jesus da salvação com ironia, “Jesus não salva a si mesmo, morre crucificado,
para salvar a todos. E na dor, no sofrimento, na passagem da morte, salva toda
a humanidade, nele somos salvos e libertos”.
O Arcebispo
de Manaus refletiu sobre os dois condenados que rodeiam Jesus na Cruz, sobre a
salvação que promete àquele que reconhece o seu reinado. Segundo Dom Leonardo, “a
cruz é o Trono, em que se manifesta plenamente a salvação, a realeza de Jesus.
Na cruz acontece a reconciliação, o perdão e a vida plena para todos. A Cruz é
a expressão máxima de uma vida feita amor e entrega. O reinado de Cristo é o do
amor e, por isso da esperança”.
A missão “de
discípulos missionários, de discípulas missionárias é continuar o anúncio do Reino
de Deus e convocar a todos homens e todas as mulheres para construir aqui na
terra, o Reino da benevolência, do consolo, da misericórdia, do acolhimento, da
bondade, da fraternidade universal”. Um Cristo Rei, que em palavras do Papa
Francisco é “centro e centralidade de nossa fé. Sinal e destinação de nossa
vida cristã”.
Dom
Leonardo lembrou que nesta data a Igreja no Brasil celebra o dia do leigo. “Mulheres
e homens que pelo batismo participam do Reino que concede a realeza da filiação
divina. Leigos que ensinam a verdade da oração do Pai Nosso: pedir que seu
reino venha, que todos possam participar da vida do Reino em plenitude”. Um
reino de irmãos e irmãs, da paz, da esperança, segundo o cardeal. Daí, ele vê o
laicato como “filhas e filhos de Deus que não se cansam de anunciar a verdade
da dignidade de cada pessoa, o direito dos pobres, a exercer a samaritanidade
com os descartados e abandonados ao longo do caminho da convivência de uma
sociedade que exclui”.
Dom
Leonardo chamou o laicato “a oferecer sempre e por toda a parte a salvação nascida
na cruz”, do Calvário que citando o Papa Francisco, é lugar de desatino e
injustiça, onde impotência e incompreensão aparecem acompanhadas pela
murmuração bisbilhotada e cínica dos zombadores de turno perante a morte do
inocente, transforma-se, graças à atitude do bom ladrão, numa palavra de
esperança para toda a humanidade”. Por isso, “a missão dos leigos e leigas,
através das pastorais, ministérios, formação, despertam para a esperança da
verdade salvífica do Reino! Assim, são ‘Testemunhas de Jesus libertador no
compromisso com a vida’”.
Em relação
ao Terceiro Ano Vocacional, que se inicia neste dia no Brasil, após recordar o
tema e o lema, mostrou o desejo de que “o Ano Vocacional desperte a todos para
o anúncio do Reino e nos ajude a proclamar que Jesus é a razão do nosso viver e
a possibilidade da transformação das estruturas sociais, pois anúncio do amor.
Nossa vocação é graça, é uma missão!”, chamando a que “participemos do Reino da
verdade e da graça, da justiça do amor e da paz. Esse é o Reino que pedimos,
imploramos, buscamos. Nele nos sentimos todos irmãos e irmãs, pois é nele que
somos um com Jesus”.
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