No dia em que a Igreja católica comemora o Dia dos Fiéis Defuntos, Dom Leonardo Steiner presidiu a celebração eucarística nas proximidades do Cemitério São Batista de Manaus. Um momento que ele definiu como “a celebração da esperança”, e que foi concelebrada por Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo da Diocese de Mogi das Cruzes, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, Bispo da Prelazia de Itacoatiara, e um pequeno grupo de padres.
Segundo o Arcebispo
de Manaus, foi um momento para “celebrar o dom da fé na Ressurreição de Jesus e
na nossa ressurreição”. Também para “louvar e bendizer a Deus pela vida de nossos
irmãos e irmãs de quem nós nos despedimos, mas também daqueles que não
conseguimos nos despedir no momento da pandemia”. O cardeal Steiner insistiu em
que “as feridas da pandemia ainda estão abertas em muitas famílias. Nós
desejamos rezar também por estas famílias, para que a dor se acalme, para que a
dor se transforme em esperança”.
Ninguém
pode esquecer que Manaus foi uma das cidades com maior número de mortos por
milhão de habitantes durante a pandemia, uma cidade onde foram vividas cenas
dantescas pela falta de oxigênio e os sepultamentos em covas coletivas diante do
número de mortos, que durante vários dias superou a centena de falecimentos na
capital do Estado do Amazonas.
Uma
Eucaristia segundo o cardeal “por todos os nossos irmãos e irmãs falecidos, mas
estamos também a celebrar por aqueles irmãos e irmãs que morreram sozinhos,
abandonados, sem ninguém, estamos a rezar por aqueles, aquelas, que ninguém se lembra
de rezar. A Igreja, como Igreja, sempre se recorda e reza por todos, não se
esquece de ninguém, mesmo que a família se esqueça, mesmo que o país se
esqueça, a Igreja não se esquece de rezar pelos vivos e pelos mortos”.
Citando o
texto do Evangelho lido na celebração, o Cardeal Steiner destacou o chamado de
Jesus a estar preparados, acordados. O Arcebispo de Manaus se perguntou: “Não é
assim que fomos todos convidados e convidadas para o banquete da vida? Não somos
nós participantes da graça das bodas, isto é, do amor de Deus?”. Um Deus que nos
serve, insistindo que a razão de crermos está “na graça de termos recebido o
dom da fé, porque participamos da graça de um amor debotado, generoso, magnânimo,
bondoso, gratuito, jovial. Um amor que nos acolhe a todos, mesmo quando nós
fraquejamos, mesmo quando caímos, mesmo quando pecamos. E Deus sempre disposto
a nos servir. Mas um dia seremos todos servidos no banquete da eternidade”.
“Aqui
estamos a rezar pelos nossos irmãos e irmãs no desejo de que eles já estejam na
plenitude da vida. Eles estejam participando desse banquete sagrado, deste
banquete de amor onde Deus mesmo está a servir todos”, afirmou Dom Leonardo.
Segundo ele, “todos os nossos irmãos e irmãs que vieram a óbito, eles venceram
o poder da morte em Cristo Jesus”. O Arcebispo destacou a importância de
podermos participar do dom da fé da esperança, de “olharmos para o futuro, não
termos medo do futuro, mesmo no meio das dificuldades, no meio das
desesperanças, no meio dos desconfortos, no meio das agressões, no meio da
violência, nós podemos viver da esperança porque temos certeza da participação
do banquete do amor de Deus”.
Citando o
Livro de Jô, Dom Leonardo disse que “veremos Deus, contemplaremos Deus, todos
juntos, com aqueles todos de quem sentimos saudades estaremos todos juntos”,
insistindo em que “essa é a Luz a iluminar os nossos dias, os nossos passos”. O
Arcebispo de Manaus fez um chamado a “jamais temer diante de toda violência que
existe hoje, diante de toda agressão que existe hoje, a incapacidade de
tolerar, a incapacidade de amar, a incapacidade de reconciliar”.
Finalmente o
cardeal chamou a fazer um grande propósito, “jamais deixar de rezar pelos
nossos irmãos falecidos, rezar sempre por eles”, a recordá-los todos os dias
na oração, na família, a rezar por todos, movidos pela comunhão, por uma
ligação profunda que nasce de Cristo Jesus.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
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