No último dia 12, jovens indígenas de
diversos povos promoveram junto à Pastoral Indigenista o “I Encontro de
Interculturalidades e memórias dos povos indígenas”. A atividade desenvolvida é
fruto do permanente diálogo entre a juventude indígena e a pastoral, anteriores
à Assembleia Sinodal da Arquidiocese de Manaus, ocorrida no final do mês de outubro,
e que vêm estreitando os laços e construindo ideias que visam o bem viver dos
povos indígenas que estão em Manaus e entorno.
A ideia de se construir uma proposta
intercultural diz respeito aos complexos e diversos povos étnicos que ocupam o
território do Amazonas, e embora sejam povos tão distintos entre si,
pretende-se com esta atividade articular relações e fortalecer os vínculos, onde
jovens das diversas calhas dos rios do Amazonas se enxerguem como filhos e
herdeiros de uma ancestralidade que lhes entrelaça a um passado e presente de
atuação e de mobilização. Nesse contexto, os jovens trouxeram consigo suas
experiências tanto de comunidade quanto de contexto urbano para dialogar, aprender
e contribuir para uma perspectiva de mundo mais indígena, independente do povo.
Nesta primeira oportunidade, com o
objetivo de articular um encontro dos povos e promover o diálogo acerca da
importância do conhecimento tradicional, os jovens estiveram ouvindo as lideranças
políticas e religiosas, Emilson Munduruku, Estevão Tukano e Daniel Piratapuya, numa
intenção de fortalecer a relação cosmológica, linguística e cultural dos povos
indígenas em Manaus, e elevar a importância do protagonismo da juventude para a
defesa dos direitos fundamentais dos povos indígenas na atualidade.
E com esse
princípio, almejamos construir juntos, um projeto plural, com encontros que
abordem temáticas que leve em consideração as reais necessidades da juventude;
como a luta pela educação e pelas garantias de acesso e permanência nas
universidades, pela saúde, pelos direitos das mulheres, das crianças e pela
diversidade sexual e de gênero. E por meio disto a juventude que é diversa, mas
almeja se unir em um só povo para lutar pelos seus e mostrar o Brasil que
queremos. Não o Brasil “oficial”, construído pelas mãos de quem quer nos ver em
baixo, excluídos, mas o Brasil real, diverso, pluriétnico, plurilinguístico;
tal qual são os povos do Amazonas.
Visualizando as lutas dos nossos ancestrais,
aprendemos que diante das diversas tentativas de violências e de conflitos que
sempre rondou nossos povos, a melhor forma de permanecermos vivos era se defendendo
juntos, uns aos outros. Os tempos são outros, mas as lutas foram incorporadas,
tomaram novas formas, novos espaços e nomes. Hoje temos novos recursos, novos
métodos, novos aliados. A juventude indígena que aqui está agradece a pastoral
indigenista do Amazonas e a Arquidiocese de Manaus pelo trabalho desenvolvido
coletivamente, pela parceria e pela luta travada que busca da visibilidade e criar
meios para que a voz dos jovens indígenas que já ecoam, possam ser escutadas e
tomar o protagonismo que lhes diz respeito.
Fotos: Ariene Susui
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