segunda-feira, 14 de novembro de 2022

I Encontro de Interculturalidades e memórias dos povos indígenas: "mostrar o Brasil que queremos"


No último dia 12, jovens indígenas de diversos povos promoveram junto à Pastoral Indigenista o “I Encontro de Interculturalidades e memórias dos povos indígenas”. A atividade desenvolvida é fruto do permanente diálogo entre a juventude indígena e a pastoral, anteriores à Assembleia Sinodal da Arquidiocese de Manaus, ocorrida no final do mês de outubro, e que vêm estreitando os laços e construindo ideias que visam o bem viver dos povos indígenas que estão em Manaus e entorno.

A ideia de se construir uma proposta intercultural diz respeito aos complexos e diversos povos étnicos que ocupam o território do Amazonas, e embora sejam povos tão distintos entre si, pretende-se com esta atividade articular relações e fortalecer os vínculos, onde jovens das diversas calhas dos rios do Amazonas se enxerguem como filhos e herdeiros de uma ancestralidade que lhes entrelaça a um passado e presente de atuação e de mobilização. Nesse contexto, os jovens trouxeram consigo suas experiências tanto de comunidade quanto de contexto urbano para dialogar, aprender e contribuir para uma perspectiva de mundo mais indígena, independente do povo.

Nesta primeira oportunidade, com o objetivo de articular um encontro dos povos e promover o diálogo acerca da importância do conhecimento tradicional, os jovens estiveram ouvindo as lideranças políticas e religiosas, Emilson Munduruku, Estevão Tukano e Daniel Piratapuya, numa intenção de fortalecer a relação cosmológica, linguística e cultural dos povos indígenas em Manaus, e elevar a importância do protagonismo da juventude para a defesa dos direitos fundamentais dos povos indígenas na atualidade.



E com esse princípio, almejamos construir juntos, um projeto plural, com encontros que abordem temáticas que leve em consideração as reais necessidades da juventude; como a luta pela educação e pelas garantias de acesso e permanência nas universidades, pela saúde, pelos direitos das mulheres, das crianças e pela diversidade sexual e de gênero. E por meio disto a juventude que é diversa, mas almeja se unir em um só povo para lutar pelos seus e mostrar o Brasil que queremos. Não o Brasil “oficial”, construído pelas mãos de quem quer nos ver em baixo, excluídos, mas o Brasil real, diverso, pluriétnico, plurilinguístico; tal qual são os povos do Amazonas.

Visualizando as lutas dos nossos ancestrais, aprendemos que diante das diversas tentativas de violências e de conflitos que sempre rondou nossos povos, a melhor forma de permanecermos vivos era se defendendo juntos, uns aos outros. Os tempos são outros, mas as lutas foram incorporadas, tomaram novas formas, novos espaços e nomes. Hoje temos novos recursos, novos métodos, novos aliados. A juventude indígena que aqui está agradece a pastoral indigenista do Amazonas e a Arquidiocese de Manaus pelo trabalho desenvolvido coletivamente, pela parceria e pela luta travada que busca da visibilidade e criar meios para que a voz dos jovens indígenas que já ecoam, possam ser escutadas e tomar o protagonismo que lhes diz respeito.



Texto: Coletivo Juventude Indígena

Fotos: Ariene Susui

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