A Feira da
Manaus Moderna, lugar aonde chegam os alimentos na cidade, acolheu neste 22 de
fevereiro, Quarta-Feira de Cinzas, a Abertura da Campanha da Fraternidade na
Arquidiocese de Manaus. Em 2023 a Campanha da Fraternidade tem como tema “Fraternidade
e Fome”, e como lema “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Um chamado a “sermos mais
fraternos, sermos pessoas que sabem dividir, experimentar a solidariedade”,
segundo o Cardeal Leonardo Steiner, que denunciou que “temos muitas pessoas
passando fome, a insegurança alimentar é muito grande no Brasil”.
Junto com
isso o Arcebispo de Manaus fez ver que “existe a fome do lazer, existe a fome
da saúde, existe a fome da educação”, chamando a descobrir que “há necessidade
da partilha, do cuidado, há necessidade do emprego, há necessidade de mudarmos
esse sistema econômico que privilegia alguns e descarta outras pessoas”. Uma
reflexão, debate e oração do qual ele deseja que participem todas as pessoas.
O Arcebispo
destacou as práticas que a Igreja de Manaus realiza para combater a fome: refeitórios
para crianças, ações de cuidado através da Caritas, afirmando a necessidade de
aumentar essas ações, mas também de ser criadas “políticas públicas que ajudem
a transformar essa situação”. O Cardeal disse que “a Quaresma é sempre um tempo
de transformação, um tempo de conversão, um tempo de pensarmos no significado
que tem a Vida, a Morte e a Ressurreição de Jesus. Quaresma é um caninho de transformação,
é um caminho de renovação, a realidade que nós estamos vivendo de fome exige
uma transformação muito profunda”.
Ao redor da
mesa com alimentos, sinal da fraternidade, querendo partilhar, uma oportunidade
para viver a solidariedade que leve a viver a fraternidade, que “nos oferece a oportunidade
de colocar em prática o que Jesus nos pede: Dai-lhes vós mesmos de comer!”,
segundo disse Dom Leonardo, foi
realizada uma Celebração da Palavra.
Comentando
o Evangelho onde aparece o chamado de Jesus a dar de comer, Dom Tadeu Canavarros
disse que "a fome não é um dado natural. Não é fruto do acaso ou do
destino. Não é mera consequência de preguiça ou comodismo pessoal. Nem muito
menos é vontade ou castigo de Deus”. O Bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus
denunciou que a fome “é resultado de tremendas injustiças e desigualdades que caracterizam
nossa sociedade e fazem com que uns tenham tanto e outros tenham tão pouco ou
quase nada”.
Dom Tadeu
lembrou da situação do Povo Yanomami em Roraima como exemplo de injustiça e
desigualdade, mais uma amostra do drama da fome presente no ao longo da
história do Brasil. Por isso afirmou que a fome “é a expressão mais cruel e
perversa do modelo capitalista de sociedade que se implantou aqui ao longo de
mais de 500 anos”, num país que entrou de novo no mapa da fome em consequência
do “desmonte progressivo das políticas públicas a partir de 2016.
Relatando os
números da fome no país, uma situação “escandalosa e criminosa se considerarmos
que não falta alimento no Brasil”, Dom Tadeu insistiu em que “a fome no Brasil
é fruto da injustiça e da desigualdade social. É um pecado mortal que clama ao
céu! E pode ser eliminada com a solidariedade de todos e com vontade e decisões
políticas”. Superar a fome “é questão de humanidade e justiça social! Isso é
questão de fé e critério de salvação ou condenação”, concluiu o Bispo auxiliar.
Uma
celebração onde os participantes levaram alimentos que depois foram partilhados
com aqueles que passam fome, expressão de uma Igreja samaritana que em Manaus,
através das diferentes pastorais, acolhe o chamado de Jesus a seus discípulos: “Dai-lhes
vós mesmos de comer!”
O Amor de Deus é lindo conosco
ResponderExcluirTotalmente correta as palavras do Cardeal e seu Bispo Auxiliar, precisamos mobilizar a sociedade e cada um de nós para dividir um pouco do que temos com os que nada tem.
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