O Conselho Indigenista
Missionário (CIMI) Regional Norte1 realiza de 11 a 13 de fevereiro no Xare
(Manaus) sua assembleia, a primeira que acontece de modo presencial após a
pandemia, segundo lembra Jussara Góes, Coordenadora do CIMI Regional Norte1,
algo que considera muito significativo. A missionária do CIMI vê este momento
como “fortalecedor depois de 4 anos de governo genocida anti indígena e agora
com o novo governo”.
Uma assembleia
que busca discutir temas “que vão nos proporcionar encontrar caminhos para os
próximos anos, principalmente na questão do fortalecimento da luta indígena, de
esperança para os missionários do CIMI, fortaleza na luta e também na garantia
e efetivação dos povos indígenas”.
Ao longo da
assembleia será apresentada a Conjuntura Política Indigenista e os desafios depois
de 50 anos de caminhada do CIMI. Junto com isso a articulação e avanço do movimento
indígena em âmbito regional. O encontro abordará as mudanças climáticas, a mercantilização
da natureza e sua relação com os povos indígenas. A Coordenação Regional
apresentará seu relatório que servirá como base para elaborar as prioridades e estratégias
para a atuação do CIMI diante do cenário de desafios atual, elaborando a agenda
a seguir.
O Arcebispo
de Manaus lembrou da questão do Marco Temporal e de “buscar junto ao Supremo
Tribunal Federal uma maneira de chegar ao julgamento final que terá repercussão
na questão do Marco Temporal”, uma partilha muito rica “porque nós temos
missionários e missionárias de todo o Regional Norte1”. Segundo Dom Leonardo, “essa
partilha de experiências, momento celebrativo, momento de ação de graças sempre
traz ânimo, sempre traz encorajamento para nunca perder de vista que estamos
para servir”. O cardeal destacou que “mais uma vez foi repetida a palavra
avancemos, avançar sempre, porque Jesus nos convida no Evangelho a buscar a
profundidade de servir sempre”.
“A
Assembleia do CIMI ela tem uma importância muito grande porque Amazonas é o
Estado que concentra maior população indígena do país, inclusive a maior
diversidade cultural”, segundo Dom Edson Damian. Ele lembrou de sua Diocese, São
Gabriel da Cachoeira que 90% são indígenas e pertencem a 23 povos diferentes e
são faladas 18 línguas. Algo que o Presidente do Regional disse que “trata-se
de um patrimônio étnico, linguístico, cultural e antropológico de primeira
grandeza”.
Segundo Dom
Edson, “nossa Igreja está de mãos dadas com esses povos para preservar sua
cultura, suas línguas e principalmente os territórios aos que eles têm direito
porque vivem aqui desde tempos imemoriais”. Logo após a celebração dos 50 anos
do Cimi, o Bispo insistiu em que “se não fosse o CIMI muitos povos indígenas
teriam desaparecido literalmente do nosso país”. Ele destacou a importância do
Ministério dos Povos Indígenas, a FUNAI e a SESAI totalmente administradas por
eles. Ele chamou a “nos manter unidos e organizados, porque nossa democracia é
muito fraca”, destacando que “os povos indígenas são para nós um testemunho de
organização fantástica. Temos muito a aprender dos povos indígenas e caminhar
com eles para que continuem nas suas lutas”.
Um momento
de “fazer memória, de celebração, de resistência, mas também de desafio”,
segundo Gilmara Fernandes. A missionária do CIMI recordou a importância de “avaliar
a caminhada de 50 anos e daí tirar os desafios para os próximos anos, o que a
gente está vivenciando na atual conjuntura da política indigenista”, o que deve
levar, depois de fazer uma análise da realidade e partilhar o trabalho das
equipes, a tirar as prioridades para os próximos 3 anos no Regional Norte1.
“Depois de
4 anos de retrocesso nós temos o desafio da reconstrução da política indigenista
oficial, especialmente no que se refere a destravar todo o processo de
demarcação dos territórios indígenas que foram travados nos últimos 4 anos”,
afirmou Antônio Eduardo Oliveira. Segundo o Secretário Executivo do CIMI, “temos
muitas pendências, represamentos das demarcações e isso faz com que aumente os
conflitos nos territórios indígenas”. Desde o contato permanente com o movimento
indígena, o CIMI quer “dar continuidade ao processo de mobilização, mesmo agora
tendo essa recepção do Governo Federal com relação a uma maior participação
deles no âmbito do executivo”. Segundo ele, “é necessário a continuidade do
processo de mobilização para destravar toda uma legislação que foi construída contra
os direitos dos povos indígenas no Brasil”.
Ele lembrou
da situação dos Yanomami, a invasão de territórios no Sul da Bahia, nos Munduruku
e também em relação aos Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Por isso, ele
destacou que “são questões que são urgentes para poder ser tomadas providências
e aí vamos fazer essa carga no Governo Federal a partir da mobilização dos
povos indígenas e recuperar o julgamento de repercussão geral que discute duas teses
fundamentais para os povos indígenas, a tese do Marco Temporal, que é uma
articulação da Bancada Ruralistas, dos setores ruralistas, para poder retirar
direitos dos povos indígenas e a tese do Indigenato que a Constituição Federal
já contempla”.
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