Ser
acolhido pelos que não contam é um sinal de Deus, que faz opção por aqueles que
a sociedade descarta. Os povos indígenas e os migrantes venezuelanos, vítimas
de preconceito na sociedade roraimense, foram os protagonistas da acolhida ao
novo Bispo da Diocese de Roraima na frente da Catedral Cristo Redentor.
Com a
presença dos Bispos do Regional Norte1 e de outros prelados chegados de diferentes
cantos do Brasil e da Venezuela, dentre eles seus dois predecessores, Dom Mário
Antônio da Silva e Dom Roque Paloschi, presbíteros, Vida Religiosa e
representantes da paróquias e comunidades, tomou posse, pelas mãos do Cardeal
Leonardo Steiner, Arcebispo Metropolita de Manaus, da Igreja que o Papa
Francisco lhe confiou a Dom Evaristo Spengler, que mostrou em suas palavras e
seu sorriso no rosto a alegria deste momento.
Os povos indígenas e os migrantes são protagonistas na Igreja de Roraima, algo que mais uma vez se fez presente na liturgia, com a proclamação das leituras em espanhol e na língua indígena macuxi, assim como alguns dos cantos e momentos marcantes da celebração. Uma liturgia cheia de símbolos, com rosto amazônico, na Solenidade da Anunciação do Senhor e no dia em que a Igreja de Roraima inicia a preparação para os 300 anos de evangelização em 2025.
Desde o Mistério
da Anunciação, Dom Evaristo destacou como Deus enviou seu anjo a uma região
desprezada, para assim encarnar a um Messias que quis ser parte do povo pobre e
que revelou que “o Reino de Deus está presente especialmente lá onde todas as
pessoas podem circular”. Isso pela figura de Maria, que supera seus medos para
assumir o plano de Deus, pois acima de tudo “ela carrega no coração a certeza de
que Deus caminha com ela e com o povo pobre”, insistindo Dom Evaristo em
superar os medos, pois “o excesso de medo nos paralisa”, lembrando alguns medos
“que nos fazem muito mal”, e junto com isso “nos impede caminhar e construir um
futuro coerente e mais autêntico com o Evangelho”.
É a exemplo de Maria, que “esta Igreja particular ouve o chamado de Deus pelo clamor do povo”, algo que foi assumido pelos missionários que ao longo de 300 anos “chegavam com muito sacrifício de deslocamentos, de comunicação, de recursos e aqui deixaram-se consumir no testemunho do evangelho vivo”, insistiu Dom Evaristo Spengler. Uma Igreja que “nunca deixou-se pautar por aplausos os críticas, mas pela fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo”, inclusive até dar a vida como aconteceu com o Padre Caleri. “Uma Igreja, sem medo, como Maria”.
Diante do
momento atual, “a Igreja não pode silenciar diante da tragédia dos Yanomami,
diante de suas terras invadidas pelo garimpo, que lhes rouba o território, a saúde,
a paz, os meios de produção de alimentos, enfim a vida”, denunciou Dom Evaristo.
Daí ele insistiu que “a Igreja de Roraima reafirma mais uma vez o seu compromisso
com os povos indígenas na defesa de sua vida e de seus territórios”. Um compromisso
que também se faz extensivo aos migrantes, destacou o Bispo, que “deseja acolhê-los
e inseri-los nesta terra”, muitos deles participantes da vida das comunidades
da Diocese.
Refletindo
sobre o Ministério do Bispo e o tríplice ministério, Dom Evaristo Spengler insistiu
em que “mais importante do que o Bispo é a Igreja”, e fez uma profissão de fé,
mostrando a Igreja em que ele crê: Uma Igreja fiel ao Evangelho; uma Igreja
servidora do mundo e promotora da Vida, principalmente lá onde ela se encontra
mais ameaçada; uma Igreja aliada e parceira dos pobres, povos indígenas, migrantes,
mulheres, jovens e famintos; numa Igreja de Comunidades, da Palavra, que faz a
experiência da partilha e é ensaio do Reino; uma Igreja que buscar testemunhar a
sinodalidade, corresponsável desde o Batismo; uma Igreja toda ministerial; uma
Igreja profética; uma Igreja responsável pela Casa Comum, que ama, cuida e
defende nossa “Irmã Mãe Terra”.
Numa Igreja
três vezes centenária, Dom Evaristo disse se sentir “tranquilo e bastante
seguro, não por causa das minhas forças, mas por causa da Igreja”, que ele
definiu marcada pelo “testemunho, fidelidade e profetismo”. Um caminho que disse
querer percorrer desde seu “compromisso com o Regional Norte1 em busca do
fortalecimento dos laços de comunhão”, algo que também faz com a CNBB, em sua
missão no Enfrentamento ao Tráfico humano e com a REPAM.
No final da
celebração foi momento de agradecimento ao novo Bispo, também ao administrador
diocesano durante a sede vacante, o Padre Lúcio Nicoletto. Uma Igreja que com a
chegada de Dom Evaristo se sente “beijada pelo Espírito de Deus”, destacando no
novo Bispo seu despojamento, e sendo acolhido por todos e todas os que caminham
nesta Igreja de Roraima, profética e missionária, que unidos com seu novo Bispo
querem caminhar para águas mais profundas, dizendo como Maria: “Eis aqui a
serva do Senhor, faça-se em nós segundo a vossa palavra”.
Uma
acolhida do clero, que lhe fizeram ver que o novo Bispo não está sozinho e pode
contar com os padres em seu novo ministério, também da Vida Religiosa, que
disse para ele que Deus lhe conferira muitas forças de se colocar ao serviço
dos mais pobres junto com os consagrados e consagradas. O novo Bispo também foi
acolhido pelo prefeito da cidade lhe mostrando que é muito bem-vindo à cidade
de Boa Vista, sede da Diocese de Roraima, a quem o administrador diocesano
agradeceu pela ajuda nos mais de 10 meses em que desempenhou essa missão,
pedindo ao novo Bispo que ajude sua nova Igreja a não ter medo de avançar para
águas mais profundas e a caminhar juntos como Igreja sinodal.
Essa é a Igreja que Jesus sempre quis: uma comunidade de irmãos e irmãs comprometida com a vida e a dignidade de todos e todas. Uma Igreja em comunhão.
ResponderExcluirBem vindo irmão a está terra ancestral e seu gesto de amorosidade está acima de qualquer gesto missionário… caminhar juntos o caminho do evangelho… abraços
ResponderExcluirTenho certeza de que um novo tempo se inicia para o povo da diocese de Roraima, dom Evaristo, é um verdadeiro sinal do Cristo Pastor, no meio dos pobres. Uma Igreja verdadeiramente sinodal, samaritana. Que São Francisco e Santa Clara, continue inspirando e intercedendo por esse querido irmão.
ResponderExcluirAmém
ResponderExcluirDeus abençoe ,Virgem Maria cuide de nosso Pastor ,padre Kojak , Sorocaba,s.p.
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