Um dia
depois do início de sua missão como Bispo de Roraima, Dom Evaristo Spengler,
junto com alguns bispos do Regional Norte1 e outras pessoas que participaram da
celebração de acolhida ao novo bispo, se encontraram com a Pastoral Indigenista
de Roraima, o que pode ser entendido como o desejo de Dom Evaristo de continuar
incentivando uma das prioridades diocesanas nas últimas décadas, uma dinâmica
assumida com grande determinação pelos últimos bispos.
A Pastoral
Indigenista na Diocese de Roraima sempre teve que remar contra uma sociedade
local anti indígena, um apoio aos povos indígenas que levou a Diocese a pagar
um alto preço, até o ponto de episódios em que a Diocese, pelo seu apoio aos
povos indígenas foi definida como nociva à sociedade de Roraima.
A Pastoral
Indigenista apresentou as linhas prioritárias que está desenvolvendo,
insistindo na defesa do território como prioridade. A Pastoral busca não ser
protagonistas e sim acompanhantes, acompanhando o Movimento Indígena que nasceu
a partir da Igreja católica. Desde a Pastoral Indigenista da Diocese de Roraima
é destacada a importância das mulheres no movimento indígena, pois elas
permanecem na luta até o final. Outras prioridades assumidas é o resgate
cultural, vivenciar a espiritualidade, enfrentar o desmonte dos direitos, a invasão
de garimpeiros ou o agronegócio.
Para a
Pastoral Indigenista da Diocese de Roraima é importante o tema da representatividade
indígena e o diálogo inter-religioso e intercultural. Do mesmo modo, se busca
combater o racismo estrutural, buscando o fortalecimento da língua indígena, e abordar
a questão da saúde mental nas comunidades.
Na Pastoral
Indigenistas da Diocese de Roraima existem testemunhos de vida que mostram o
grande compromisso de muitos missionários e missionárias com as causas indígenas.
Um desse testemunhos foi dado pela Ir. Mary Agnes Njeri Mwangi, religiosa da
Consolata, que vive na Missão Catrimani desde o ano 2000, pudendo ser
considerada um exemplo do que significa a missão no meio aos povos indígenas,
numa experiência missionária que é determinada pela presença em meio do povo, gratuitamente,
sem esperar resultados. Escutar suas vivências ao longo de mais de duas décadas
é uma verdadeira aula de missionariedade em meio ao povo Yanomami, historicamente
perseguidos no Estado de Roraima, como foi mostrado mais uma vez diante da
grave crise que estão vivendo nos últimos anos.
Do trabalho
da Pastoral Indigenista e da Igreja de Roraima, os próprios indígenas destacam
que o grande passo dado é ter feito com que os indígenas em Roraima, depois de
séculos de atitudes contrárias, sejam considerados hoje como sujeitos da
sociedade de Roraima, conseguir que eles fossem vistos como gente.
A reflexão feita durante o encontro com a Pastoral Indigenista da Diocese de Roraima ajudou a entender que essa problemática não se resolve de um dia para outro, destacando que a paciência, sabedoria e coragem dos missionários e das lideranças ao longo de tantos anos deram os frutos que estão sendo recolhidos hoje. Um trabalho pelo qual Dom Evaristo Spengler agradeceu a todos os missionários e missionárias que dedicam sua vida ao trabalho missionário com os povos indígenas e àqueles que tem realizado essa missão ao longo da caminhada da Diocese de Roraima.
Paciência, sabedoria e coragem , esse é o segredo daqueles que querem é sabem lutar . Momentos desafiadores.
ResponderExcluir