quinta-feira, 8 de abril de 2021

Hermanos, o documentário que mostra que “Deus nos dá a oportunidade de dizer sim ao nosso próximo”


Mostrar a realidade dos migrantes venezuelanos no Brasil, especialmente em Roraima, esse é o objetivo do documentário “HERMANOS - O Brasil na resposta humanitária à crise venezuelana”, que está sendo lançado pela Fraternidade – Federação Humanitária Internacional – FFHI.

Com imagens captadas entre janeiro e fevereiro de 2020, o documentário apresenta uma narrativa plural, construída por meio de relatos de migrantes, refugiados e diferentes integrantes da Operação Acolhida, uma grande força-tarefa humanitária de acolhimento a milhares de venezuelanos, no estado de Roraima e em Manaus.

Escutando diferentes atores que fazem parte da Operação Acolhida, o relato mostra que “é possível minimizar consequências sociais e humanitárias e ir além”. O documentário conta as histórias nascidas na convivência entre os migrantes e aqueles que tem se empenhado em acolhe-los, uma atitude muito presente na Diocese se Roraima, que tem assumido esse acolhimento aos migrantes como prioridade diocesana.



Os relatos apresentados pela irmã Telma Lage, pelo padre Jesús López de Bobadilla, por Áurea Cruz, da ONG Mexendo a Panela, entre outros, são uma mostra do trabalho que muitos homens e mulheres, a partir da sua fé, vem realizando na Diocese de Roraima nos últimos anos, em parceria com outros atores que participam desse processo de acolhimento, dentre eles a Fraternidade – Humanitária, que foi a primeira organização a chegar na região em 2016 para uma missão emergencial e, que diante da contínua demanda, tornou-se uma missão permanente. Seu Gestor geral, Frei Luciano, insiste na necessidade de diálogo, de trabalhar em políticas públicas e estratégias que promovam uma mínima oportunidade de dignidade de vida para o povo.

Ao longo de quase uma hora, o documentário, de um modo dinâmico e envolvente, propicia ao espectador um olhar aprofundado sobre esta realidade contemporânea, ainda pouco conhecida por grande parte da sociedade brasileira. Não podemos esquecer que, de acordo com dados de agências da ONU, como aparece relatado no documentário, mais de 5 milhões de homens, mulheres e crianças deixaram a Venezuela desde 2015, gerando uma das maiores crises de deslocamento do mundo. O Brasil é o quinto destino mais procurado por eles.

São pessoas concretas, com histórias que mostram as dificuldades vividas ao longo de um percurso cheio de dificuldades. Uma delas é a de Miladys del Carmen, que deixou família, amigos, e tudo mais que fazia parte do seu mundo, percorrendo a pé todo o caminho até o Brasil. Após ser acolhida, ela tem encontrado uma luz que pode ajuda-la para reconstruir a sua vida e a dos seus familiares, algo que é motivo de gratidão para alguém que sonha com um futuro melhor e com a possibilidade de um dia retornar à sua pátria.




Essas histórias fazem parte da vida do padre Jesús, que ao longo dos últimos anos tem escutado muitos relatos, de pessoas que tiveram que deixar tudo para não morrer de fome, para chegar em Pacaraima - RR, a porta de entrada da maioria dos venezuelanos no Brasil. Ele que faz um chamado a assumir a atitude do Bom Samaritano, diz que os venezuelanos chegam “sem nada, sem dinheiro, sem roupa, sem moradia, sem saúde, muitos, sem ter nada”. O sacerdote maldisse “as fronteiras e tudo aquilo que nos desune”, insistindo em que “quando o conceito pátria está só para dividir, para enfrentar, para daqui não passe, para que o conceito pátria sirva de muralha, de separação, de arrogância, que pena, a pátria é o Planeta Terra”. O padre afirma que “não somos santos, nem somos heróis, estamos só cumprindo a nossa obrigação

Desde o início da Operação Acolhida em 2018, mais de 50 mil pessoas venezuelanas já foram interiorizadas para 600 cidades dos 26 estados brasileiros. É uma resposta humanitária sem precedentes, como citou Áurea Cruz, para quem “Deus nos dá a oportunidade de dizer sim ao nosso próximo”.

É um exemplo para o mundo” o fato de que diferentes organizações civis, governamentais, religiosas e agências internacionais, possam unir esforços em prol do bem comum, e juntos, buscar soluções para acolher os irmãos, os “Hermanos” venezuelanos. Não podemos nos acostumar, “as pessoas passarem fome não é normal, as pessoas ter que sair do seu país para não morrer de fome, não é normal”, afirma a irmã Telma Lage. É tempo de entender e assumir que juntos somos mais fortes!



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação, CNBB Norte 1


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