sexta-feira, 25 de junho de 2021

Assembleia Sinodal em Manaus: “Oportunidade para conhecer a Arquidiocese e faze-la mais viva do que ela é”


A sinodalidade, considerada pelo Papa Francisco como o modo de ser Igreja no século XXI, aos poucos está sendo assumida pelas Igrejas particulares. Nessa perspectiva, no dia 9 de março de 2021, Dom Leonardo Steiner convocava a Arquidiocese de Manaus a uma Assembleia Sinodal.

Aos poucos vão se conhecendo os detalhes de um processo que vai acompanhar a vida da Igreja com maior número de fieis na Amazônia até dezembro de 2022. A sinodalidade é uma dimensão já presente na caminhada da Arquidiocese de Manaus, que tem a experiência das Assembleias Pastorais Arquidiocesanas (APA’s). Segundo o padre Geraldo Bendaham, no regimento das APA´s diz tratar-se de uma “reunião de representantes do Povo de Deus da Igreja de Manaus, sob a presidência do Arcebispo Metropolitano, com o fim de tratar os assuntos da caminhada desta Igreja e estabelecer o Plano de Pastoral com suas prioridades e diretrizes de ação pastoral”.

O coordenador de pastoral arquidiocesano insiste em que a sinodalidade não é ponto de chegada, e o processo, enfatizando quanto poderá enriquecer “a provocação da assembleia sinodal em discutir a Igreja de Manaus por um número bem maior de interlocutores”. Com a assembleia, a Igreja de Manaus quer desenvolver “um profundo questionamento e rearticulação das nossas forças eclesiais, das nossas estruturas e da modalidade da nossa atuação e presença”. Em resumo, o objetivo é “o nosso crescimento como Igreja, sinal do Reino de Deus”.



Ao longo do processo, a Arquidiocese de Manaus pretende “discutir a presença da igreja e como crescer na identidade e atuação eclesial”. Para isso, são propostos 3 passos: onde estamos? como deve ser a nossa presença? Quais nossas novas respostas solidárias? Não se trata de fazer algo completamente novo e sim continuar uma caminhada construída ao longo dos anos, seguindo o atual Plano de Evangelização da Arquidiocese, as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, e o processo da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, como também do Sínodo sobre a sinodalidade.

Para articular o processo foi constituída uma coordenação, formada pelos bispos auxiliares, representantes do clero, da vida religiosa e do laicato. Eles irão conduzir a caminhada da Assembleia Sinodal da Arquidiocese de Manaus, uma dinâmica denominada do “vai e vem”, já comum na preparação das assembleias arquidiocesanas, onde será realizado um processo de escuta, a través de diferentes mecanismos, e síntese, num processo dialogal de intercambio até elaborar um Instrumento de Trabalho.

O processo da Assembleia Sinodal será apresentado em diferentes instâncias arquidiocesanas, tentando chegar ao maior número de interlocutores, querendo realizar uma escuta atenta da conjuntura social, política, econômica, ambiental, bem como da presença e do que se espera da Igreja. Com o processo de escuta, se quer conhecer as forças da arquidiocese, recursos, estruturas, comunidades, iniciativas, etc.



O trabalho será desenvolvido através de estudos, seminários, e interpelações aos diferentes setores que fazem parte da vida arquidiocesana, sendo partilhado nos setores, regiões episcopais e outras instâncias, num trabalho que aos poucos irá recolhendo o sentir da Igreja de Manaus para chegar no Instrumento de Trabalho da Assembleia Sinodal. Um elemento importante é que a Assembleia Sinodal, prevista para 21 a 23 de outubro de 2022, terá caráter deliberativo.

O calendário da Assembleia que irá dando passos ao longo deste ano 2021e de 2022, propõe as datas em que serão realizadas as diferentes etapas, com a previsão de entregar os resultados da Assembleia no dia 8 de dezembro de 2022, festa da Padroeira da Arquidiocese de Manaus.

Recordando as palavras do Papa Francisco sobre “sensus fidei”, Dom Leonardo Steiner destaca que “a sabedoria eclesial está em cada batizado, cada batizada”. Dai a importância, segundo o arcebispo de Manaus, de “saber ouvir essa realidade”. Entre as possibilidades que devem surgir da assembleia, segundo o arcebispo, está “oferecer ministérios às nossas comunidades”, se questionando sobre somo adaptar os ministérios à cultura indígena.

Dom Leonardo insistiu ao clero da arquidiocese, que “não somos nós padres e diáconos que sabemos, precisamos ouvir as comunidades”. Por isso, ele vê a assembleia sinodal como oportunidade para conhecer a arquidiocese e faze-la mais viva do que ela é. Daí a importância da participação de todas as comunidades, segundo o arcebispo.


Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

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