Dom Leonardo Steiner presidia nesta segunda-feira uma missa
de corpo presente pelo sufrágio de Dom Alcimar Caldas Magalhães, bispo emérito da
diocese do Alto Solimões, falecido ontem, 20 de junho em Manaus. A celebração
aconteceu na Igreja de São Sebastião, no centro da capital amazonense.
Tem sido um momento para “recordar o bem que ele fez, mas o
bem que ele foi para a Igreja, como capuchinho que foi, sempre a disposição do Povo
de Deus”, segundo o arcebispo de Manaus dizia no início da celebração. Também
um momento para “louvar a Deus por esta presença, por esta ação de Deus no meio
de nós”.
Dom Leonardo definia o bispo falecido como alguém que “se
sentia ligado à Amazônia, à Igreja da Amazônia, com tantas iniciativas, e por
isso, nós queremos louvar e agradecer a Deus, agradecer a Deus por ter tentado
ser coerente com o Evangelho, por ter sido religioso coerente, por ter sido um
padre coerente, mas por ter sido também um bispo coerente”.
Na sua homilia, o metropolita refletia dizendo que “buscar a
outra margem é a tarefa da nossa vida, buscar a outra margem nos é dado e nos é
oferecido por Jesus”. Segundo o arcebispo de Manaus, “todos os que buscam a
outra margem não fazem sem conflito, sem dificuldade, porque na medida em que
vamos buscando a outra margem, vamos percebendo, e temos a percepção cada vez
mais nítida da nossa fragilidade. E porque percebemos a nossa fragilidade, percebemos
devagar a presença de Jesus que nunca nos abandona, Ele sempre está conosco”.
Lembrando o momento em que Dom Alcimar, sendo um adolescente,
saiu quase fugido de casa porque desejava ser frade, Dom Leonardo Steiner se
referia ao bispo emérito do Alto Solimões como alguém que “além das fraquezas
ou dificuldades, ele buscou viver o Evangelho, ele buscou seguir Jesus, ele foi
o anunciador da presença de Jesus, ele não deixou jamais de se dar, se doar”. Esse
fato era visto pelo arcebispo como algo que “é tão extraordinário, quando nós
pensamos que a essência do Evangelho é a misericórdia, a misericórdia, essa
doação, esse cuidado”.
Para Dom Leonardo, diante da morte de Dom Alcimar Caldas
Magalhães, “temos muito para agradecer hoje a Deus, porque ele agora é criatura
nova, está transformado em Deus”. O arcebispo de Manaus concretizava suas
palavras, dizendo que “hoje queremos agradecer a Deus por esse grande
missionário, um missionário que sempre esteve preocupado com as suas
comunidades, um missionário que sempre esteve preocupado com a formação dos
leigos, um missionário que sempre esteve preocupado com estar presente em meio
do seu povo, um missionário que procurou viver simples e pobre, como vive o seu
povo”.
Junto com isso o definia como “esse missionário despojado,
esse missionário com olhar de futuro, um olhar para o bem das pessoas, das
comunidades”. Dom Alcimar foi “um homem que soube estar presente, que soube
estar ao lado, que soube apoiar, esse verdadeiro irmão que estava sempre preocupado
em ajudar os outros, em promover os outros, em integrar os outros, um verdadeiro
irmão”, segundo Dom Leonardo.
Junto com isso, destacava outro elemento muito presente na
vida franciscana, afirmando que “como verdadeiro frade, amigo da natureza, de
todas as criaturas, jamais deixou de medir esforços para que Deus fosse visibilizado
em todas as criaturas”. É por isso, que o arcebispo fazia um convite para que “esse
nosso irmão nos inspire a sermos frades que estão ao lado do povo, vivermos na
simplicidade, que nosso irmão nos ajude a viver a nossa fé, a vivermos a
travessia, não temermos os momentos mais difíceis”. Nesse sentido, Dom Leonardo
lembrava que “ele teve muitos, mas não deixou de estar ao lado do povo nos momentos
mais difíceis”.
No final da celebração, antes de fazer um momento de oração,
o arcebispo de Manaus destacava que “Dom Alcimar tinha uma leveza, era muito
crítico, mas ele tinha uma positividade franciscana”. Lembrando dos momentos em
que se encontraram, ele lembrava dele como alguém que “sempre tinha na chegada um
sorriso, sabia fazer as observações dele, mas tinha sempre uma positividade,
que é a positividade de Jesus”. Mesmo no meio às muitas dificuldades que ele
teve que enfrentar, segundo Dom Leonardo, “nunca perdeu essa percepção da
gratuidade franciscana”.
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