Movido por seu Amor, Jesus deu sua vida, morreu e
ressuscitou, algo que é atualizado na Eucaristia. Esse amor é expressado em
gestos concretos de acolhida e solidariedade, “uma exigência em um mundo
extremamente agitado por tantas vozes e sons que nos dizem que, em primeiro
lugar, deve ser feita a nossa vontade”.
Com essas palavras iniciava a celebração de Corpus
Christi na Catedral Metropolitana de Manaus, um momento que quis mostrar a
necessidade de que fique “longe de nós a indiferença, a omissão e a negligência
diante da dor e do sofrimento de nossos irmãos e irmãs, em especial, dos mais
sofridos e empobrecidos”.
A festa da Eucaristia é a festa do banquete, o
banquete do Amor, ao qual somos convidados, segundo lembrava Dom Leonardo Steiner
na homilia, que definia a Eucaristia como “encontro de amor”. Jesus está “desejoso
de que todos participem da plenitude do banquete da vida”, afirmava o arcebispo
de Manaus. Ele lembrava que “os frágeis, pecadores aceitam a participação no
banquete. A Eucaristia é para os frágeis, para os pecadores como nós”.
Somos chamados a entender que Jesus é “amor gratuito,
sempre disponível a cada pessoa com fome e necessitada de revigorar suas forças”,
dizia Dom Leonardo, citando as palavras do Papa Francisco. Por isso, a Eucaristia,
mais do que os ritos “é antes de mais nada entrar em comunhão com aquele que
deseja ardentemente estar conosco”. Essa comunhão, segundo o arcebispo, se estende
a toda a Criação, como diz o Papa Francisco em Laudato Si´, onde afirma que “a
Criação encontra sua maior elevação na Eucaristia”.
Tudo isso foi recolhido na procissão em volta da
Catedral de Manaus após a missa. No percurso foram realizadas cinco paradas,
onde foi rezado por realidades que provocam sofrimento e morte: pelos doentes,
pela saúde de todos e o fim da pandemia; pelos povos indígenas, comunidades
tradicionais e as questões ambientais; pelos que sofrem por conta das
enchentes; pelos empobrecidos, desempregados e os que passam fome; pela vida
comunitária nas Paróquias e Áreas Missionárias.
Um pequeno grupo, acompanhou Jesus sacramentado, indo
ao encontro da realidade, muito marcada nos últimos dias pela maior enchente
que Manaus já conheceu desde que este fenômeno é controlado na cidade. Um Jesus
que percorreu as marombas instaladas no centro de uma cidade muito castigada no
último ano, pela pandemia, pela fome, pela falta de emprego e moradia e agora
pela água que provoca estragos na vida da população, especialmente dos ribeirinhos,
que sofrem com a inundação de suas casas e lavouras.
Com mais de 465 mil mortos no país, foi pedido pelo
fim da pandemia, lembrando os profissionais da saúde e aqueles que cuidam dos
doentes onde quer que estejam. Também foi pedido maior responsabilidade dos
governantes na contenção da pandemia.
A oração também lembrou daqueles que derramaram seu sangue, “banhando as terras amazônicas, pelo bem de seus habitantes e do território”. Foi pedido que as vidas dos indígenas, ribeirinhos e quilombolas, “sejam dignificadas pelo reconhecimento, valorização de suas culturas”, mas também “pela garantia e promoção de seus direitos fundamentais”. Junto com isso, era solicitada “consciência e respeito para com o meio ambiente”.
400 mil pessoas sofrem por conta das enchentes no Estado
do Amazonas, consequência dos desastres ambientais e das mudanças climáticas.
Diante disso, se implorava a Deus, que olhe “com compaixão pelo nosso povo
sofrido por conta das consequências das enchentes”, pedindo aos governantes, “sabedoria,
criatividade, zelo e responsabilidade”, para promover o saneamento básico e o
cuidado com os igarapés e rios, por “políticas públicas consistentes e por
menos ações interventivas paliativas”.
O sofrimento, a marginalização, o desemprego estão
cada vez mais presentes no Brasil. Por isso, a necessidade de “dirigir o olhar,
a fim de escutar os seus clamores, reconhecer suas necessidades, saciar sua
fome e socorrê-los a partir do amor que Jesus nos ensinou”. Se faz indispensável,
“instituir uma economia que almeje o bem comum, ao invés das tiranas leis de
mercado que apenas visam o lucro”.
Também foi lembrado, tendo o olhar nas paróquias e
áreas missionárias da Arquidiocese, a necessidade de entender que “evangelizar
implica comprometer-se com nossos irmãos e irmãs, melhorar a vida comunitária,
e assim tornar o Reino de Deus presente no mundo, promovendo por e para todo o
mundo não uma caridade por receita, senão um verdadeiro desenvolvimento humano
integral, para todas as pessoas e para a pessoa toda”. Por isso era pedido a
ajuda de Deus para “fortalecermos nossas comunidades e nossa vivência comunitária”,
superando o egoísmo.
Coisa mais linda que eu já vi nos últimos 485 dias.
ResponderExcluir🕭🕭🕭🕭👏👏👏👏👏🕭🕭🕭🕭❤❤❤❤❤❤❤
Uma Celebração de Ação de graças, de pedido de perdão e denúncia do mal, da falta de responsabilidade diante de tanto sofrimento, principalmente dos mais frágeis.
ResponderExcluirUma Celebração que nos convida à ações concretas para diminuir tantas dores e lucros.