A pandemia da Covid-19 marcou a vida da Igreja desde há um
ano e meio, também no Regional Norte 1. Depois de perder muita gente,
homenageada em uma celebração neste primeiro dia, aos poucos, as atividades
estão sendo retomadas, nas comunidades, nas paróquias, nas dioceses e
prelazias, também no Regional Norte 1, que nesta segunda-feira, 20 de setembro,
começou sua 48ª Assembleia.
O tema da assembleia, que será encerrada na quarta-feira, com
a presença dos bispos, também alguns bispos eméritos, e representantes das 9
igrejas particulares, é “Construindo Novos Caminhos”. Após dois anos sem
assembleia, o Regional Norte 1 quer construir esses novos caminhos para a Igreja
da Amazônia desde o Magistério do Papa Francisco, especialmente a Querida
Amazônia, surgida do Sínodo para a Amazônia, um momento de grande importância para
o Regional Norte 1, da encíclica Fratelli tutti e das Diretrizes para a Ação
Evangelizadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Esses documentos fizeram parte das palavras de acolhida do
presidente do Regional Norte 1, Dom Edson Damian. O bispo de São Gabriel da
Cachoeira ressaltou a importância dos documentos do Papa Francisco na vida da
Igreja do Regional. No relatório das atividades, realizado pelo secretário
executivo do Regional Norte 1, o diácono Francisco Lima, foi mostrada a vida da
Igreja, marcada pela pandemia, destacando as muitas ações de solidariedade que
as igrejas do Regional têm realizado neste tempo.
Tudo isso é consequência da atual conjuntura social e
eclesial, analisada por Dom Leonardo Steiner. O arcebispo de Manaus constatou
que na sociedade se vive uma ideologia fechada, e na Igreja, a fé hoje em
vários ambientes, se tornou ideologia. Ele relatou situações hoje presentes na
sociedade, notícias falsas, agressão nas palavras e nos gestos, agressão às
instituições, desrespeito à Constituição, linguagem de baixo calão, gestos de
descivilizados, modos de exercer o poder que pretendem se sustentar na
violência.
Dom Leonardo denunciou que “o governo federal governa de
costas para os pobres, ataca os povos indígenas”, e junto com isso a condução da
pandemia no país, que tem provocado “o momento mais dramático dos últimos
tempos na história do Brasil”, mostrando seu assombro diante do fato de que
pouca gente se revolta diante dessa situação. Brasil é um país onde os evangélicos
e as milícias chegaram ao Planalto, onde os meios de comunicação dão cobertura ao
modo de desgoverno.
O arcebispo refletiu sobre a política, cada vez mais
fragilizada, sobre o meio ambiente, vítima de ataques violentos e do desmonte
das instituições responsáveis pelo meio ambiente, sobre a desestruturação da sociedade
como um todo, sobre o desmonte do Estado. Dom Leonardo denunciou que estamos diante
da crise da ética, sendo imposta a economia como aquilo que determina a sociedade,
fazendo com que “neste momento, tudo se torna uma questão de produção e de
consumo”.
Ao falar sobre a conjuntura eclesial, Dom Leonardo destacou a
maior “consciência de uma Igreja em saída, uma Igreja encontro, uma Igreja
esperança”. Ao mesmo tempo, fez ver que “o papa é contestado, o bispo é contestado,
a liturgia é contestada, a eclesialidade é contestada”. Junto com isso, o fato
de que “estamos ausentes nas periferias, nas comunidades ribeirinhas; a nossa
Igreja poderia ser mais inculturada na sua espiritualidade e na sua liturgia”.
Também questionava a participação da igreja na política, de
refletir sobre “a importância da política dentro de uma sociedade apolítica”, a
participação nos meios de comunicação, a falta de conhecimento da doutrina
social da Igreja. Nesse ponto se referia a Fratelli tutti como grande
instrumento para entender uma política voltada para o bem comum.
Segundo o arcebispo, a proposta de uma Igreja sinodal, ainda
que com dificuldades, caminha, insistindo na necessidade de “receber uma maior
participação dos leigos”, de descobrir as expressões profundas de religiosidade
nas comunidades indígenas, de avançar numa Igreja mais amazônica, algo que “exigirá
ousadia para podermos realmente inculturar a fé, inculturar a espiritualidade”.
Nossa Igreja tem que incorporar, acrescentar mais leigos, comprometidos na Fé e valores ético- cristãos para lutar, para enfrentar antivalores, e manipulação que conduz pra destruição e morte. Unidos somos força em Cristo, Nosso Senhor.
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