Viver na Amazônia nos ajuda a entender quanto ela serve o
mundo, mas também a defendê-la, a dizer claramente que ela não pode ser
explorada. Ao celebrar o Dia da Amazônia, Dom Leonardo Steiner, na Eucaristia
celebrada na beira do Rio Negro, convidava a trazer para a celebração todos os elementos
que fazem parte da Amazônia.
O arcebispo de Manaus, que denunciou que “não
tratamos a Amazônia como terra de Deus, como criação, como criatura de Deus”,
convidou os presentes no Porto de São Raimundo de Manaus e aqueles que acompanhavam
a celebração através das redes sociais a se questionar, sendo muitas as
perguntas daquele que pastoreia a arquidiocese com maior população de toda a
Pan-Amazônia.
Dom Leonardo convidava a se perguntar: “Como estamos
escutando a realidade da Amazônia? Que palavras, atitudes, temos em relação à
nossa Amazônia?”. Ele se questionava sobre a capacidade dos seres humanos para
respeitar, para escutar a beleza da Amazônia, mas também o sofrimento, a
delapidação, a destruição, a dominação cada vez maiores em relação a nossa
Amazônia.
São situações diante das quais somos chamados a ter uma
palavra, a não ficar mudos, a dizer aquilo que “realmente desperta as pessoas
para um cuidado maior, para que a nossa Amazônia não seja apenas preservada,
mas se torne a moradia, o lugar”, insistia o arcebispo de Manaus. Ele também
chamava a escutar a realidade ecológica, algo que pede o Papa Francisco, a “ouvir
a beleza que existe na natureza”, seus sons e beleza. Mas também as culturas, a
diversidade cultural, sem querer impor outras culturas.
Essa escuta também deve ser direcionada às aflições dos
povos da Amazônia, dos povos indígenas, também “aqueles povos que não desejam
contato conosco ou que desejam preservar a sua identidade e a sua própria
cultura”. Uma escuta que nos faça dar importância “à diversidade social, às
dificuldades sociais, à diversidade ecológica, à diversidade das culturas”.
Essa escuta também deve estar presente na Igreja, segundo
dava a entender Dom Leonardo Steiner, se questionando se “ouvimos a realidade da
nossa Igreja que está na Amazônia, somos capazes de ouvir a diversidade das
culturas e tentar inserir dentro da vida da Igreja esses ministérios, esta
verdadeira espiritualidade e cultura?”. O arcebispo pedia escutar “para poder
integrar, para ter palavra de integração, palavra de esperança, palavra de
comunhão, palavra de fraternidade”, e evitar fazer parte daquelas pessoas “que
ajudam a cada vez mais destruir a Amazônia e desfraternizar a Amazônia”.
Nas suas palavras, o arcebispo de Manaus fez um convite a “ser
pessoas que a través da palavra e da ação realmente cuidam da Amazônia, sabem
falar da Amazônia, sabem poetar na Amazônia, e porque poetam, usam a palavra,
defendem a Amazônia, e cada vez mais moram melhor na Amazônia”.
Após “agradecer a Deus pela nossa Amazônia”, e pela sua
diversidade, Dom Leonardo pediu “a graça de realizarmos os sonhos do Papa
Francisco para com nossa Amazônia”. Ao falar do sonho social, lamentava “quanta
pobreza, quanta injustiça, quanta matança, quanta destruição, tudo por causa do
dinheiro, do lucro”. O arcebispo de Manaus agradecia no sonho cultural, pelas culturas,
gestos, danças, cantos, poesias, realidades sempre presentes numa Amazônia com grande
diversidade e riqueza cultural.
“Admirar nossa natureza, louvar com nossa natureza, que as
criaturas todas sejam tratadas como irmãos, como irmãs, e não como posse e dominação”,
ajuda a fazer realidade o sonho ecológico, refletia Dom Leonardo Steiner. Ele
também concretizava a realização do sonho eclesial, no chamado a “ser uma
Igreja testemunhal, profética, misericordiosa, consoladora, presente, sinal do
Reino de Deus”. Sonhos que aos poucos somos chamados a tornar realidade, mas
para isso precisamos remar juntos. Será que a gente está disposto a isso?
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