sexta-feira, 6 de maio de 2022

Diante da atual situação social e política não podemos ficar calados


Anunciar o Evangelho e denunciar as injustiças é missão de todo batizado e batizada. Diante da realidade a Igreja é continuamente desafiada a ser profética, uma atitude presente no episcopado brasileiro, que no final da primeira etapa da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, dirigiu ao povo brasileiro uma mensagem de fé, esperança e corajoso compromisso com a vida e o Brasil.

O quadro atual é gravíssimo. O Brasil não vai bem!”, denunciam os bispos, afirmando que “a fome e a insegurança alimentar são um escândalo para o País, segundo maior exportador de alimentos no mundo, já castigado pela alta taxa de desemprego e informalidade”. Uma realidade que não pode nos deixar indiferentes, que tem que nos levar como Igreja a tomar postura.

Não podemos ficarmos calados diante da “dilapidação dos ecossistemas, o desrespeito com os direitos dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, a perseguição e criminalização de líderes socioambientais, a precarização das ações de combate aos crimes contra o meio ambiente e projetos parlamentares desastrosos contra a casa comum”, algo que tem muito a ver com a Amazônia, onde a cada dia que passa vemos as consequências dessas atitudes.



A violência tomou conta do Brasil, algo presente no campo e nas cidades, vemos como a liberação do garimpo em terras indígenas, a flexibilização da posse e do porte de armas, e tantas outras realidades fazem com que o sofrimento aumente, algo que denunciam os bispos. Não podemos olhar para o outro lado diante do desrespeito pela Constituição, não podemos contribuir com um clima que transforma adversários em inimigos, que deteriora o tecido social.

Ainda mais neste ano eleitoral, carregado de incertezas e radicalismos, onde ser cidadãos é algo que ninguém pode deixar de assumir, ainda mais sabendo das tentativas de ruptura da ordem institucional. Os bispos insistem em algo que algumas pessoas podem considerar estranho, mas que só relata a atual realidade que o Brasil vive: “a manipulação religiosa, protagonizada tanto por alguns políticos como por alguns religiosos, que coloca em prática um projeto de poder sem afinidade com os valores do Evangelho de Jesus Cristo”.

Jesus denuncia no Evangelho a manipulação religiosa, algo que foi usado para conduzi-lo à morte, se servindo de mentiras, outra realidade muito presente hoje no Brasil no fenómeno da “disseminação das fake news, que através da mentira e do ódio, falseia a realidade”, nos dizem nossos bispos. Diante disso o chamado é claro: um compromisso autêntico com a verdade e o respeito aos resultados nas eleições.

Os bispos conclamam “toda a sociedade brasileira a participar das eleições e a votar com consciência e responsabilidade, escolhendo projetos representados por candidatos e candidatas comprometidos com a defesa integral da vida, defendendo-a em todas as suas etapas, desde a concepção até a morte natural. Que também não negligenciem os direitos humanos e sociais, e nossa casa comum onde a vida se desenvolve”. O chamado é claro e não pode ser diferente diante da realidade atual, mas será que a gente vai assumir?



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 - Editorial Rádio Rio Mar

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