sábado, 9 de julho de 2022

Ir. Rose Bertoldo: “Um olhar, uma palavra amiga, um abraço, sermos escuta atenta, restitui a dignidade da vida”


No 15º domingo do Tempo comum, a Ir. Rose Bertoldo comenta as leituras desde um olhar feminino. A secretária executiva do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), começa destacando na leitura do livro do Deuteronômio, como Moises fala ao povo pedindo que escutem a voz de Deus e observam os mandamentos.

Segundo a religiosa do Imaculado Coração de Maria, essa palavra não é distante: “a palavra está bem ao teu alcance, esta em tua boca e em teu coração”. A cita bíblica a leva a dizer que “a Palavra de Deus não é inacessível, está ao alcance de todos, quando a acolhemos em nosso coração e a transformemos em pratica do cuidado com a vida”.

Na segunda leitura, a Ir. Rose diz perceber “a centralidade da pessoa de Jesus, sua mensagem e sua pratica nos conduzem ao coração de Deus, somos a imagem de Deus na medida que nos deixemos modelar pelas palavras e ensinamentos de Jesus”. A religiosa vê o mesmo ensinamento no Evangelho, que relata a conhecida parábola do Bom Samaritano. Diante do texto evangélico chama a se perguntar: “de quem eu me faço próxima? De quem eu me aproximo? Me aproximo de quem está caído e necessitado de ajuda? Me aproximo das meninas vitimas do abuso, da exploração sexual, das mulheres violentadas, dos migrantes, daqueles e daquelas que pensam diferente de mim, daqueles que expressam sua fé de forma diferente da minha?”.



A religiosa afirma que “fazer com que o mundo seja melhor implica nos fazermos próximas dos outros, daqueles que são mais vulneráveis”. Segundo ela, “a gente se define pela maneira como nos fazemos próximos uns dos outros, essa proximidade se dá através da presença que acolhe, cuida, fortalece laços, alimenta a comunhão”. Daí, a Ir. Rose coloca alguns verbos que nos levam a ação: “ver, enxergar, sentir compaixão, cuidar”.

Olhando para a vida, a secretária executiva do Regional Norte1, coloca que “quando a gente vê o outro ferido, machucado, a gente se mobiliza para a ação, a compaixão, para se importar diante da dor do outro. Sentir o outro é decisivo, eu só vejo a partir de onde meus pés pisam, porque desperta para uma ação concreta”. No texto do Evangelho, destaca a religiosa, “o samaritano ficou afetado ao contemplar o drama do outro, não ficou indiferente, olhou, aproximou-se, enfaixou as feridas, deu dignidade e o colocou numa situação de segurança. Uma atitude que termina alterando o caminho e sua vida, seus planos foram mudados. Alguém ferido cruzou seu caminho e já não pode viver à margem desse encontro”.

Essa atitude do samaritano, leva a Ir. Rose Bertoldo a afirmar que “quando a gente se envolve numa causa, sente a dor do outro, a gente não fica indiferente e sim faz a opção e entrega a vida”. Por isso, ela insiste em que “somos convidadas a nos aproximar, sentir compaixão contribuir para que o outro possa restaurar a sua identidade pessoal, a sua dignidade”. A religiosa repara no convite de Jesus ao final do texto, que vê como uma grande provocação para cada uma de nós: “vá, e faça a mesma coisa”.



“Com esse imperativo, Jesus nos chama a uma conversão radical”, segundo a religiosa, que insiste em que “devemos sair dos espaços seguros de nós mesmos, igualar-se ao samaritano e fazer o que ele fez: cuidar da vida, restituindo a dignidade”. Nessa perspectiva, a Ir. Rose se questiona: “quantos corpos caídos no chão temos hoje? Corpos abandonados pela sociedade, pelo Estado, por nós mesmos”.

“Destes corpos feridos nasce o grande clamor da acolhida, da solidariedade. O verdadeiro seguimento de Jesus nos faz dirigir nosso olhar para os feridos, os caídos, as exploradas sexualmente, deixadas no caminho, crianças, adolescentes, juventudes, mulheres, migrantes e tantos outros, os mais vulneráveis”, relata a religiosa. Ela chama a “contribuir para restituir a dignidade, a vida plena”. Para isso, “às vezes basta um olhar, uma palavra amiga, um abraço, sermos escuta atenta, que restitui a dignidade da vida”.

Finalmente, a Ir. Rose coloca um grande desafio: “ser presença samaritana no cotidiano, aguçar sempre mais nosso olhar, deixar se envolver pelo outro, nos colocarmos no caminho que nos leva ao encontro de tantas pessoas às quais nos fazemos próximas”.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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