No 15º domingo do Tempo
comum, a Ir. Rose Bertoldo comenta as leituras desde um olhar feminino. A
secretária executiva do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), começa destacando na leitura do livro do Deuteronômio, como
Moises fala ao povo pedindo que escutem a voz de Deus e observam os mandamentos.
Segundo a religiosa do
Imaculado Coração de Maria, essa palavra não é distante: “a palavra está bem ao
teu alcance, esta em tua boca e em teu coração”. A cita bíblica a leva a dizer
que “a Palavra de Deus não é inacessível, está ao alcance de todos, quando a
acolhemos em nosso coração e a transformemos em pratica do cuidado com a vida”.
Na segunda leitura, a Ir.
Rose diz perceber “a centralidade da pessoa de Jesus, sua mensagem e sua
pratica nos conduzem ao coração de Deus, somos a imagem de Deus na medida que
nos deixemos modelar pelas palavras e ensinamentos de Jesus”. A religiosa vê o
mesmo ensinamento no Evangelho, que relata a conhecida parábola do Bom
Samaritano. Diante do texto evangélico chama a se perguntar: “de quem eu me
faço próxima? De quem eu me aproximo? Me aproximo de quem está caído e
necessitado de ajuda? Me aproximo das meninas vitimas do abuso, da exploração
sexual, das mulheres violentadas, dos migrantes, daqueles e daquelas que pensam
diferente de mim, daqueles que expressam sua fé de forma diferente da minha?”.
A religiosa afirma que “fazer
com que o mundo seja melhor implica nos fazermos próximas dos outros, daqueles
que são mais vulneráveis”. Segundo ela, “a gente se define pela maneira como
nos fazemos próximos uns dos outros, essa proximidade se dá através da presença
que acolhe, cuida, fortalece laços, alimenta a comunhão”. Daí, a Ir. Rose
coloca alguns verbos que nos levam a ação: “ver, enxergar, sentir compaixão, cuidar”.
Olhando para a vida, a
secretária executiva do Regional Norte1, coloca que “quando a gente vê o outro
ferido, machucado, a gente se mobiliza para a ação, a compaixão, para se importar
diante da dor do outro. Sentir o outro é decisivo, eu só vejo a partir de onde meus
pés pisam, porque desperta para uma ação concreta”. No texto do Evangelho,
destaca a religiosa, “o samaritano ficou afetado ao contemplar o drama do
outro, não ficou indiferente, olhou, aproximou-se, enfaixou as feridas, deu
dignidade e o colocou numa situação de segurança. Uma atitude que termina
alterando o caminho e sua vida, seus planos foram mudados. Alguém ferido cruzou
seu caminho e já não pode viver à margem desse encontro”.
Essa atitude do
samaritano, leva a Ir. Rose Bertoldo a afirmar que “quando a gente se envolve
numa causa, sente a dor do outro, a gente não fica indiferente e sim faz a
opção e entrega a vida”. Por isso, ela insiste em que “somos convidadas a nos
aproximar, sentir compaixão contribuir para que o outro possa restaurar a sua
identidade pessoal, a sua dignidade”. A religiosa repara no convite de Jesus ao
final do texto, que vê como uma grande provocação para cada uma de nós: “vá, e
faça a mesma coisa”.
“Com esse imperativo,
Jesus nos chama a uma conversão radical”, segundo a religiosa, que insiste em
que “devemos sair dos espaços seguros de nós mesmos, igualar-se ao samaritano e
fazer o que ele fez: cuidar da vida, restituindo a dignidade”. Nessa
perspectiva, a Ir. Rose se questiona: “quantos corpos caídos no chão temos
hoje? Corpos abandonados pela sociedade, pelo Estado, por nós mesmos”.
“Destes corpos feridos
nasce o grande clamor da acolhida, da solidariedade. O verdadeiro seguimento de
Jesus nos faz dirigir nosso olhar para os feridos, os caídos, as exploradas sexualmente,
deixadas no caminho, crianças, adolescentes, juventudes, mulheres, migrantes e
tantos outros, os mais vulneráveis”, relata a religiosa. Ela chama a “contribuir
para restituir a dignidade, a vida plena”. Para isso, “às vezes basta um olhar, uma palavra amiga, um abraço, sermos escuta
atenta, que restitui a dignidade da vida”.
Finalmente, a Ir. Rose coloca
um grande desafio: “ser presença samaritana no cotidiano, aguçar sempre mais
nosso olhar, deixar se envolver pelo outro, nos colocarmos no caminho que nos
leva ao encontro de tantas pessoas às quais nos fazemos próximas”.
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