Brasil
comemora neste 7 de setembro o Bicentenário da sua Independência, uma data que
desde 1995 está unida ao Grito dos Excluídos, que sempre tem como tema “Vida em
Primeiro Lugar”. Em 2022 o lema do 28º Grito dos Excluídos é: “Brasil: 200 anos
de (In)Dependência. Para quem?”. Uma pergunta importante em um país que nunca
se tornou independente, ao dizer de muitos.
Ao longo
desta Semana da Pátria, o Grito dos Excluídos está sendo realizado de
diferentes modos. Em Manaus aconteceu no dia 5 de setembro, Dia da Amazônia,
com a celebração de uma missa, presidida pelo Cardeal Leonardo Steiner, os
bispos auxiliares e dezenas de padres, contando com uma boa representação do
povo de Deus da Arquidiocese de Manaus, e uma passeata na rua, pedindo os
direitos que lhe são negados ao povo.
Um grito
necessário, segundo o Cardeal Steiner, “o grito da recordação, o grito da
mostração, o grito da visibilização de tantos irmãos e irmãs que são excluídos da
nossa vida social. São excluídos da habitação, da casa, são excluídos da terra,
são excluídos do emprego, são excluídos na justiça. São excluídos da própria
sociedade em termos de religião, de fé, de educação. Quantas exclusões na saúde,
na segurança”, lamentou Dom Leonardo.
Uma
manifestação extremamente importante segundo o padre Alcimar Araujo, em que a
Igreja católica sai às ruas há 28 anos, independentemente dos governos. Um
grito que neste ano é extremamente importante diante da “PEC da devastação”,
que quer liberar a exploração do garimpo nas terras indígenas sem nenhum
critério, segundo o vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus.
Depois do
tempo da pandemia, em que morreu tanta gente, o padre Alcimar afirmou que poder
reunir as pastorais sociais e os movimentos sociais “quer dizer que nós não
aceitamos essa situação”, insistindo em que é necessário que a gente deixe de
ser espectador para a gente ser protagonista da nossa vida, da vida do povo”. Ele
denuncia que “o custo de vida aumentou, o desemprego aumentou, a pandemia matou
muita gente, e a gente percebe que se a gente ficar calado com tudo isso, é
concordar com aquilo que está acontecendo”.
O
vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus, afirmou que “vir aqui é
muito importante para reacender a esperança dos cidadãos e cidadãs para que
sempre lutem, não se calem, se organizem, façam resistência para ser ouvidos”. O
padre Alcimar afirmou saber que “Deus nos ouve, o problema é os governos nos
ouvirem”. Mesmo assim, ele disse que “nós queremos gritar, queremos dizer que
não estamos contentes, o nosso povo está morrendo fome, nosso povo está sem
direitos, nosso povo sem emprego”. Diante disso, ele finalizou afirmando que "é
necessário a gente estar junto, reivindicando, gritando e lutando”.
Diante de
tanta exclusão, consequência da doença, da má fé, “Jesus vai convidar para que
venham para o meio”, segundo Dom Leonardo. Seguindo as leituras da Missa Amazônica,
o cardeal mostrou que “ele não quis deixar este homem da mão seca do lado, excluído,
ele o leva para o meio, pede para estender a mão e salva a convivência”, ressaltando
que “existe agora a possibilidade de uma relação nova porque veio para o meio,
ele foi novamente inserido na vida da comunidade”.
Refletindo
sobre a sociedade atual, ele fez ver “quantas pessoas de mão seca na nossa sociedade,
quanta agressão, quanta exclusão também das criaturas”. Segundo o Cardeal da
Amazônia, “Jesus quer todos no meio, todos participando, todos ativos, ninguém
excluído”, mostrando que é necessário salvar. Dom Leonardo disse que “o nosso
grito deve ser o grito de todos aqueles que se sentem excluídos”, insistindo na
necessidade de convidar para todos vir para o meio, também “os excluídos na
saúde, na segurança, na educação, os excluídos de uma convivência familiar, da
paz”, que tem que ter direito a participar, direito a estar no meio.
Um grito
que deve ser salvífico, “um grito que realmente salva, ergue, transforma”, um
grito para que todas as criaturas se sintam inseridas. O Arcebispo de Manaus
chamou a não cair na imoralidade da exclusão, de afastarmos as pessoas do nosso
meio, de excluir as pessoas por causa da raça, da cor, da cultura, de alguém não
seguir a mesma fé que nós. Finalmente, ele convidou a que o Grito dos Excluídos
seja um grito redentor.
Obrigada Senhor porque estou viva! Minhas irmãs não conseguiram, morreram pedindo vacina.
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