domingo, 7 de maio de 2023

Cardeal Steiner: “Jesus é o caminho da fraternidade, do perdão, da reconciliação”


Na homilia do 5º Domingo da Páscoa, dom Leonardo Steiner começou lembrando que “a passagem do Evangelho proclamado faz parte da narrativa da Ceia pascal celebrado por Jesus com seus discípulos.  Jesus na sua despedida percebe que os discípulos se encontram aflitos, perturbados. Há uma certa ansiedade e incerteza rodando o ambiente da Ceia. Diante da revelação da traição de Judas e da negação de Pedro, Jesus consola os discípulos: ‘Não se perturbe o vosso coração’”.

Jesus quer “despertar neles a confiança, a fé, para não serem tragados pela decepção e angústia diante do porvir. Indica a proximidade ao ensinar: ‘Na casa do meu Pai há muitas moradas... Vou preparar-vos um lugar”. Jesus indica a nova morada que há de vir com sua morte e ressurreição. A morada do Pai que lhes dará segurança, comunhão, verdadeira fraternidade”, insiste o cardeal Steiner.

Segundo o arcebispo, “o Evangelho a nos indicar que nos momentos de perturbação, angústia, incerteza deixemos ressoar: ‘Não se perturbe o vosso coração’. Termos sempre a percepção de que Jesus está presente e nos acompanha”, citando as palavras do Papa Francisco, onde nos diz que “recebemos a certeza que nos consola: há um lugar reservado para cada um. Também há um lugar para mim. Cada um de nós pode dizer: há um lugar para mim. Não vivemos sem meta nem destino. Somos esperados, somos amados, pois Deus está apaixonado por nós, nós somos seus filhos, suas filhas”. 

“Eu sou o caminho! Eu sou a via! Caminhantes que somos, seguimos o caminho proposto por Jesus. O caminho é Jesus. O caminho que é Jesus, é a sua vida, o seu amor e a sua bondade, são as suas palavras, os seus gestos. É o dom da vida por amor na sua morte de cruz”, destaca o arcebispo de Manaus. Segundo ele, “esse é o caminho que seguimos, que devem seguir todos os discípulos e discípulas. Ao aceitarmos percorrer esse caminho de identificação com Jesus, vamos ao encontro da verdade e da vida em plenitude. Se aceitamos percorrer o caminho do amor, da entrega, do dom da vida, chegamos ao Pai. Como nos ensina Jesus: “Ninguém vai ao Pai senão por mim”. Com Jesus participamos da vida do Pai”.



Citando Santo Agostinho, desde a passagem, “eu sou o caminho, a verdade e a vida”, Dom Leonardo refletiu sobre os três elementos. Segundo o cardeal, “o caminho que é Jesus é o caminho da fraternidade, do perdão, da reconciliação, o caminho onde no percebemos e respeitamos e queremos como irmãos e irmãs. O caminho da paz e da esperança”, se perguntando com Papa Francisco: “Que caminho seguimos? Há caminhos que não levam ao Céu: os caminhos da mundanidade, os caminhos da auto-afirmação, os caminhos do poder egoísta. E há o caminho de Jesus, o caminho do amor humilde, da oração, da mansidão, da confiança, do serviço aos outros. Não é o caminho do meu protagonismo, é o caminho de Jesus, protagonista da minha vida”.

Dom Leonardo enfatizou que “Jesus nossa via desperta em nós o desejo de mostrarmos o caminho da presença misericordiosa, transformadora, curadora, sanadora aos que se perderam no caminho, errantes sem caminho. Ele caminho, nos leva ao encontro dos necessitados, dos famintos, dos precisados de justiça. Ele caminho, nos conduz ao encontro da verdade, a verdade de nossas relações, a verdade das notícias, a verdade que nos deixa ver a bondade, a liberdade. Ele caminho, nos leva a superar o modo agressivo de viver, de matar, de caluniar. Ele caminho, nos leva a superação de um estilo de vida de consumismo, de hedonismo, para o encontro com irmãos e irmãs na diferença. Ele fonte de transformação, fonte de liberdade, de paz e justiça, pois caminho, verdade e vida!”, uma reflexão que novamente iluminou com as palavras de Santo Agostinho.

Com as palavras de Felipe: “Quem me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: mostra-nos o Pai?”, o cardeal Steiner disse que “Felipe desejava ver o Pai. Não havia percebido que em Jesus o Pai é visível. No modo de Jesus estava vivo o Pai. Ao ver Jesus, deveria ver o Pai”. Isso porque “Jesus que aliviava as dores, confortava os desolados, reinseria na vida religiosa e social os afastados, descartados pela lepra, despertava à vida os desconsolados, os atingidos de morte, os mortos vivos; Ele a presença, a visibilização do Pai. Libertava os egoístas, os endemoniados. Ensinava o cuidado do Pai nos pássaros do céu, na beleza dos lírios do campo. Tudo falava e fazia ver o Pai, mas Felipe não via. Não via, mas desejava ver. “Quem me viu, viu o Pai”. Felipe não havia se dado conta de que no Filho lhe era dado ver o Pai. Na bondade, na cordialidade, na gratuidade, na amabilidade, na amorosidade, na singeleza, na justiça, na equidade, na doação e consolo de Jesus, o Pai era papável: Pois quem vê o filho vê o Pai”.



Segundo o arcebispo de Manaus, “também nós desejamos ver o Pai. Na medida em que vamos lendo, meditando, a Palavra de Deus, vamos fazendo o caminho com Jesus e em caminhando com ele e por ele vendo vemos o Pai. Jesus caminho vai visibilizando o Pai, pois participamos de sua bondade, da sua misericórdia, do seu amor materno-paterno. Vamos como o Pai matriciando o mundo com suas criaturas, a cada irmãos e irmãs privado de sua dignidade, desprezado na sua filiação divina. E sem nos darmos conta participamos da morada que Jesus caminho nos prepara. Não estamos desamparados, sem eira nem beira, sem destino, sem meta, sem sentido. Temos uma morada, temos abrigo, temos tenda, temos lugar: o Pai, o Filho e o Espírito Santo”.

Dom Leonardo Steiner disse que “realizarmos a obra do Pai ao seguirmos a Jesus”, fazendo ver “o desencontro, a lamentação, a murmuração, o descontentamento, poderíamos dizer, a divisão na comunidade”, que relatava a primeira leitura. “Qual o caminho que os apóstolos seguem, que obra realizam?”, questionou o cardeal. “Um diálogo onde todos podem escutar e falar. E do diálogo e da oração na comunidade, nasce o serviço para que ninguém seja excluído ou diminuído. Os servidores, os diáconos, ajudam na superação das lamentações, na eliminação do favoritismo, oferecendo a possibilidade da comunhão, da participação no seguimento de Jesus por todos os membros da comunidade. A comunidade a morada! A comunidade animada a realizar as obras do Pai. E a obra do Pai é a fraternidade, a concórdia, a partilha, a solidariedade, o acolhimento, o serviço e a paz!”, segundo o arcebispo.


Finalmente, o cardeal Steiner, lembrou as palavras de São Pedro na passagem da segunda leitura: “vós sois a raça escolhida, o sacerdócio do Reino, a nação santa, o povo que ele conquistou para proclamar as obras admiráveis daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa”. Finalmente, o cardeal mostrou que “Jesus nos indica o caminho que nos transforma e possibilita as obras admiráveis”, fazendo um chamado a “realizarmos as obras de Jesus que visibiliza o Pai. Sermos a obra que visibiliza o Pai”.


Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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