A
Ecoteologia e as experiências ecológicas é algo presente de diferentes modos nas
comunidades, paróquias e igrejas locais que fazem parte do Regional Norte1 da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil. Essas experiências foram partilhadas no
Seminário de Ecoteologia, que está sendo realizado em Manaus de 13 a 15 de setembro,
organizado pela Faculdade Católica do Amazonas, a REPAM-Brasil, a Comissão Episcopal
para a Amazônia da CNBB, a Arquidiocese de Manaus e o Regional Norte1 da CNBB.
Os
participantes do seminário constataram que ainda tem muito a avançar para trabalhar
a ecoteologia de forma mais abrangente, de forma mais profunda. As expressões presentes
na Liturgia, nos diferentes projetos sociais e muitas outras realidades,
demandam uma maior conexão com os saberes locais, com a realidade em que os
povos da região vivem e com a própria natureza.
O objetivo
e lutar pela preservação de uma realidade cada vez mais degradada, que sofre
diante da falta de respeito. É uma luta pela preservação dos rios, dos lagos, dos
igarapés, um trabalho a ser realizado em parceria, tanto com instituições
eclesiais, como junto aos movimentos sociais em defesa das questões ambientais.
Uma defesa que não encontra apoio na sociedade nem dentro das próprias comunidades
eclesiais, segundo foi relatado pelos participantes do seminário.
Diante
dessas experiências ecológicas sem uma organização que ajude a sistematizá-las,
se faz necessário insistir na formação, em projetos que ajudem a pensar nos
povos que habitam na Amazônia, em um trabalho interinstitucional e com participação
dos jovens, em valorizar diferentes elementos na evangelização.
São elementos
que aparecem nos livros apresentados no Seminário de Ecoteologia pelo padre
Justino Sarmento Rezende, o Ir. Sebastião Ferrarini e o professor Marcilio de
Freitas. Livros que recolhem as vivências dos povos amazônicos, seu
conhecimento coletivo, segundo o padre Justino, um indígena que conhece sua
cultura e participa das cerimonias e rituais, e que buscou, a pedido dos
anciãos de seu povo, que as futuras gerações possam conhecer a espiritualidade
e cosmovisão tuyuka. Livros que refletem sobre a formação teológica na Amazônia
afirmou o Ir. Ferrarini, que tem que ser encarnada, inculturada no contexto
amazônico, e desde uma visão cosmoteándrica. Isso numa Amazônia com um zelo
global, que deve levar a quem mora nela a se questionar como tudo isso ecoa nas
pessoas.
Apresentar
vivências pastorais de ecologia integral foi um dos propósitos do Seminário de
Ecoteologia no segundo dia. A Paróquia São Francisco de Assis, na zona sul da
cidade de Manaus, apresentou iniciativas que surgiram com o Magistério do Papa Francisco,
que levou ao cuidado da casa comum e o cuidado da vida. Os trabalhos começaram
em 2019, despertando o cuidado das mais de 100 fontes no bairro e assim cuidar
do lençol freático, coletando óleos de cozinha usados. No tempo da pandemia
foram plantadas árvores lembrando as vítimas da COVID, mudas de plantas medicinais,
projetos de reciclagem. Trabalhos e projetos realizados em parceria com
diferentes instituições.
A Caritas
Arquidiocesana de Manaus trabalha em diversos projetos que promovem o cuidado
do meio ambiente, o bem viver, e a economia popular solidaria com incidência na
preservação ambiental. Projetos que foram apresentados aos participantes do
seminário, mostrando como eles melhoram a vida do povo e ajudam no cuidado do
meio ambiente.
Se faz necessário
buscar a positividade das ações que estão sendo realizadas na região amazônica
e que ajudam a renovar a realidade, a continuar acreditando e tendo esperança
no futuro da Amazônia. Daí a necessidade de sair do seminário com alegria e
esperança, inspirados pela Querida Amazônia e pelos documentos do Magistério da
Igreja da região e da Igreja universal.
Uma
Amazônia que está sendo ameaçada por uma economia baseado no capitalismo
industrial, voraz; pela política, sustentada em lógicas perversas; pelo capital
financeiro; por uma religião que engana o povo com a lógica do sucesso, do
individualismo; pela mídia e as redes sociais, que difundem mentiras de modo
perverso; pelo consumismo. Diante disso se faz necessário fortalecer a fé em
Jesus e viver aquilo que o Papa Francisco chama na Laudato Si de sobriedade
feliz. Junto com isso continuar no compromisso que ajude a avançar no caminho da
alegria e da esperança.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
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