sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Cardeal Steiner novo presidente do Cimi: “Grande testemunho de como evangelizar os nossos povos através da presença”


O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) realizou recentemente sua XXV Assembleia Geral, com o tema “Direitos Originários, Territórios Livres, Justiça e Paz como fontes do Bem Viver e Conviver”, onde foi eleita a nova presidência do Cimi, que vai conduzir a entidade pelos próximos quatro anos.

Nova presidência

O novo presidente do Cimi é o cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Junto com ele, fazem parte da diretoria, Alcilene Bezerra da Silva, missionária do Regional Nordeste, que será a vice-presidente e Luis Ventura Fernández, novo secretário executivo.

Dom Leonardo Steiner sucede a Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho, que assumiu a presidência nos últimos oito anos, que destacou o trabalho do Cimi como “um serviço de amor aos pobres, da terra”. Ele animou a nova presidência, insistindo no longo trabalho pela frente que a Igreja do Brasil tem como missão junto aos povos originários, um caminho marcado pelas conquistas, lutas e retrocessos.

Um organismo para ouvir e encaminhar as questões

O novo presidente do Cimi, um dos membros da primeira etapa da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizado no Vaticano de 4 a 29 de outubro de 2023, em representação do episcopado brasileiro, destacou que “o Cimi é um organismo da CNBB, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, fundado há mais de 50 anos tem prestado um grandíssimo serviço aos povos indígenas, tem ouvido suas causas, tem sido uma presença ativa através dos missionários e missionárias em muitas aldeias, tem conseguido reunir diversas comunidades indígenas, ouvi-las e encaminhar as questões, questões que dizem respeito à cultura, aos direitos, à questão da terra, a questão do Marco Temporal”.

Segundo o cardeal Steiner, “o Cimi não presta só um serviço aos povos indígenas, presta um grande testemunho de como viver o Evangelho, de como evangelizar os nossos povos através da presença, uma presença de esperança, uma presença de consolo, uma presença de misericórdia”.


Lideranças indígenas na XXV Assembleia Geral do Cimi. Foto: Hellen Loures/Cimi

Continuarmos a servir

“Conheci o Cimi, comecei a trabalhar junto do Cimi, a servir junto do Cimi quando bispo de São Félix do Araguaia. Como bispo de São Felix do Araguaia, junto com dom Pedro Casaldáliga conseguimos encaminhar diversas questões, que diziam respeito aos povos indígenas na prelazia de São Felix do Araguaia como a Terra de Marãiwatsédé, do Povo Xavante, e também a Terra do Urubu Branco, do Povo Tapirapé”, destacou o cardeal, lembrando da figura de um dos fundadores do Cimi.

Em suas palavras, o novo presidente do Cimi, agradeceu “a confiança dos missionários e missionárias e dos indígenas que votaram na minha pessoa”, um agradecimento que também faz pela confiança na vice-presidente e no secretário. Dom Leonardo Steiner enfatizou que “vamos procurar continuar a servir, vamos procurar continuar a acompanhar os nossos povos indígenas, assim como foi feito pelas diversas presidências do Cimi através desses 50 anos”. Ele pediu que “Deus nos ajude a continuarmos a servir, Deus nos ajude a continuarmos a perceber onde estão as maiores dificuldades para podermos apoiar”.

Presença bem faceja, misericordiosa e esperançada

Finalmente, o novo presidente do Cimi ressaltou que “hoje graças a Deus os povos indígenas estão bastante organizados e nós queremos também ajudar a essas organizações a serem cada vez mais uma voz para que a voz dos povos indígenas possa ser ouvida na sociedade brasileira”. Invocando novamente a benção de Deus, o cardeal pediu “que nós possamos junto com os missionários e as missionárias ser essa presença bem faceja, misericordiosa e esperançada junto às comunidades indígenas, junto aos povos indígenas”.

A assembleia do Cimi, segundo recolhe o Documento Final, definiu as prioridades para o biênio 2024 e 2025: Povos indígenas em contexto urbano e políticas de identidade; Terra, território e direito humano à água; Defesa da Constituição Federal de 1988 e da natureza como sujeito de direito. Para isso o Cimi vai incidir na formação, na promoção de encontros no campo da espiritualidade, das políticas públicas, de questões sociais, culturais e relacionadas com o mundo urbano. Igualmente a XXV Assembleia do Cimi manifestou seus esforços no apoio da demarcação das terras e lutas cotidianas em busca da consolidação dos direitos fundamentais. Um compromisso “profético, militante e missionário em defesa da vida em plenitude”.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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