sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Formação nos seminários: Primeiro grande consenso do Sínodo da Sinodalidade


O Sínodo sobre a Sinodalidade realizou nesta sexta-feira, 6 de outubro, com a presença do Papa Francisco, sua primeira Congregação Geral. Bem é verdade que a abertura, na tarde da última quarta-feira, adotou essa modalidade, mas hoje foi o primeiro dia em que os membros do Sínodo partilharam as reflexões partilhadas nos círculos menores, nas comunidades para o discernimento, e o primeiro grande tema de consenso é a formação nos seminários. Um sentimento geral entre a grande maioria dos presentes na primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, que está sendo realizada no Vaticano de 04 a 29 de outubro.


Grande preocupação do Papa Francisco

A formação nos seminários é uma das grandes preocupações do Papa Francisco. Em novembro de 2022, em um encontro com os participantes do Curso para Reitores e Formadores de Seminários da América Latina, insistindo em colocá-la “no centro da evangelização”, que ela "tem um caráter eminentemente comunitário”, que as casas de formação sejam “verdadeiras comunidades cristãs” e que seja “uma formação de qualidade”.

O Instrumentum laboris, base dos trabalhos dos membros da Assembleia Sinodal, afirma que “a promoção de uma cultura de sinodalidade implica a renovação do atual currículo dos seminários”, ressaltando que “a formação para uma espiritualidade sinodal está no centro da renovação da Igreja”. Isso implica, afirma o texto a necessidade de “uma renovação dos programas dos seminários, para que sejam mais sinodais e estejam mais em contato com todo o Povo de Deus”.

Uma questão que aparece nas perguntas recolhidas no Instrumento de Trabalho, questionando sobre as diretrizes para uma reforma dos currículos de formação, buscando colocar a formação em relação mais estreita com os processos pastorais. O Instrumentum laboris pergunta pelas linhas a serem assumidas em vista dos seminaristas “crescer num estilo de exercício da autoridade próprio de uma Igreja sinodal”.



Seminaristas com vida comunitária e no meio dos pobres

São elementos que apareceram no debate das comunidades para o discernimento espiritual, insistindo na participação dos seminaristas na vida comunitária e em eles terem experiências com os mais pobres. Se busca que os futuros presbíteros sejam animadores da vida eclesial desde sua vivência, vida missionária e testemunho de vida sinodal, ressaltando o necessário desenvolvimento de uma mística da sinodalidade, de uma Igreja em saída, de uma formação arraigada nas realidades das quais procedem os seminaristas.

O ponto de chegada deve ser que no final do processo formativo, os novos presbíteros sejam multiplicadores de uma eclesialidade que tem como fundamento a sinodalidade e assim fomentar processos eclesiais de comunhão, participação e missão em todos os membros do povo de Deus, superando assim um dos grandes pecados da Igreja segundo Francisco: o clericalismo, algo que atrapalha a sinodalidade.

Diversidade de temáticas

A primeira sessão da Assembleia Sinodal, onde é considerado de grande importância os momentos de silêncio após as intervenções, está acontecendo em clima de fraternidade, em uma atmosfera alegre, segundo foi partilhado pelo Dicastério para a Comunicação do Vaticano no briefing com os jornalistas acreditados, sendo vivenciado como uma oportunidade para partilhar experiências de diferentes contextos. Os 18 círculos menores que partilharam até o momento, dos 35 em que está dividida a Assembleia, colocaram outros temas: importância da participação das mulheres na Igreja, o reconhecimento do papel dos jovens, a escuta, o silêncio e a oração como um momento de discernimento.

Outros temas que apareceram na Congregação Geral foi o papel dos ministérios ordenados em uma Igreja sinodal, a importância da Liturgia Dominical, de estar com os pobres e ser uma Igreja pobre, uma Igreja acolhedora, sobretudo com os migrantes, onde o bispo tem que assumir um papel de acompanhamento. O desafio é o surgimento de uma nova Igreja, que seja família, onde o poder seja transformado em serviço, onde seja assumido que a sinodalidade faz parte do DNA da Igreja. Para isso, se faz necessário rever a estrutura da Igreja, a estrutura das cúrias, o Direito Canônico, a pregação, o que mudar para se tornar uma Igreja acolhedora.

Uma Igreja que deve se purificar de certos costumes que não estão em conformidade com o Evangelho. Uma Igreja desafiada a estar presente no mundo virtual, nas redes sociais, espaço de vivência habitual de muitas pessoas. Uma Igreja Samaritana, não é dos perfeitos, que ama todos os seus filhos e especialmente aqueles que vivem à margem da sociedade. Uma Igreja extrovertida, onde os pastores são paternos e maternos ao mesmo tempo, a fim de alcançar os corações de todos.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

4 comentários:

  1. Que alegria poder viver este novo pentecostes. Ah, se estas reflexões chegarem ao povo, das catacumbas sairá uma nova igreja.

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  2. Mas isso a gente já faz, o problema não está na relação do seminarista com o povo. E sim dos pesados reitores e formadores com os seminaristas, e não é culpa dos reitores. Eles tem que ser referência pra 30, 20 ou 10 rapazes que foram tirados dos seus contextos. Já estou esperando com esperança. Mas que não faça só como fizeram com a OPTATAM TOTIUS n.16 a renovação não seja só criar uma nova matéria na faculdade. O Sistema é que é pesado e não só o conteúdo do sistema.

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  3. Muito bom.Precisamos mesmo de tudo isso.

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  4. Este tema da formação nos seminários precisa também considerar o aspecto de uma igreja toda ela ministerial. Precisa trabalhar a relação do sacerdote com o sacerdócio batismal ao qual somos todos e todas enviados e enviadas.

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