A Ir.
Rosana Marchetti, Missionária da Imaculada, nasceu na Itália e em 1998 foi
enviada em missão ao Brasil, onde ficou até 2012. Depois de 10 anos em seu país
natal retornou à arquidiocese de Manaus, onde faz parte da Coordenação Diocesana
de Pastoral em 2022. A religiosa faz parte de uma congregação com um carisma
claramente missionário e analisa a Missão ad Gentes desde a perspectiva da Vida
Religiosa.
Como a Vida
Religiosa contribui com a Missão ad Gentes, como a Missão ad Gentes contribui
com a Vida Religiosa?
A minha
vocação nasceu na minha cidade na Itália, na Arquidiocese de Milão, e por causa
desta grande paixão de anunciar o Evangelho a quem não conhece Jesus. Eu
procurei uma congregação exclusivamente missionária, e nesta congregação eu fui
formada, acompanhada para poder viver a missão ad gentes e a missão além
fronteiras. Isso enriqueceu muito a minha vida, muito a minha dimensão da vida
consagrada, pensando que na escuta e na vivência com povos diferentes do meu,
eu sou evangelizada e ao mesmo tempo posso evangelizar, posso anunciar.
A Vida
Religiosa vivendo no meio dos povos, saindo do próprio país, por carisma, e
entrando em outras realidades, recebe uma riqueza muito grande, recebe a
capacidade de escutar, e também se deixar transformar por quem encontra, pelo
povo no meio do qual vive.
Sua Congregação,
as Missionárias da Imaculada, promovem a missão nas igrejas onde vocês são
enviadas. Como estão trabalhando aqui no Brasil a promoção da missão ad gentes?
Como
Congregação nos inserimos nas Igrejas locais, tentamos trabalhar na formação de
lideranças, nas pastorais, acompanhando às vezes algum movimento, e nesta
vivência nós falamos e vivemos a missão. Ajudamos a Igreja local a se abrir
para a Missão ad Gentes e além fronteiras, através de nossa vivência, em
primeiro lugar, de nossa paixão, e também da formação, ajudando o povo e as
lideranças a entender que a missão é uma dimensão da vida cristã.
Ajudando as
lideranças a viver a missão lá onde estão, mas também a entender que a missão
pode ser algo que nos chama a sair das nossas fronteiras, a sair dos nossos
confins, a sair dos nossos países. Muitas vezes acompanhamos jovens, homens ou
mulheres, que sentem essa paixão missionária com maior força, e ajudamos elas e
eles no discernimento. Por exemplo, o padre Jaime da diocese de Parintins, que
foi acompanhado por uma irmã e decidiu entrar numa congregação exclusivamente
missionária que é o PIME, e agora está na Guiné-Bissau. Este acompanhamento,
esta formação, tem sempre uma dimensão missionária.
A senhora
coloca o exemplo de alguém que saiu da Amazônia para ser missionário na África.
A Igreja da Amazônia foi nutrida durante muito tempo de missionários e
missionárias chegados de fora. Chegou a hora de missionários e missionárias da
Amazônia ir comunicar a riqueza desta Igreja, uma Igreja sinodal, para outras igrejas
no mundo todo?
Sim, no
Congresso Missionário Regional, que foi realizado em setembro se conversou
muito sobre isso. Como os missionários que vieram, agora são chamados a
acompanhar a caminhada ao lado da Igreja local e ajudar a Igreja local em todas
as suas dimensões e expressões a assumir a missão. A Missão ad Gentes dentro da
Igreja local, mas também a missão além fronteiras.
Este desejo de alimentar a paixão missionária na Igreja local é muito presente no nosso ser uma congregação missionária. O PIME foi muito presente na Igreja de Parintins e formou muito clero local, acompanhou muitos jovens da diocese de Parintins que se tornaram sacerdotes diocesanos. Uma das características do PIME e também das Missionárias da Imaculada é favorecer que a Igreja local assuma a missão dentro da própria realidade, mas não podemos esquecer o além fronteiras.
A primeira
dificuldade é compreender em profundidade que a missão faz parte da vida da
Igreja, é algo essencial. O Papa diz que se uma Igreja não é missionária não é
Igreja. Assumir essa consciência não é fácil, porque muitas vezes tem
comunidades que são fechadas, tem comunidades que não tem essa compreensão, e
aí nós enfrentamos muitas vezes esse desafio, ajudar a Igreja a compreender que
a missão não é de alguém, mas é de todos nós.
O segundo
desafio é ligado às questões sociais, tantas situações de pobreza, de vida não digna,
de vida ameaçada nos desafia como pessoas. Se aproximar dessas realidades, se
aproximar periferias, tentar compreender qual é o jeito certo de ser missionária
nesse contexto, nessa periferia, ao lado dessa família, e uma vez que se ajuda
a essa família, a essa comunidade, a se levantar, a encontrar saídas para essas
situações de injustiça, de pobreza, ajudar a essa comunidade, a essas personas,
que podem ajudar a outros. Dessa forma se tornam missionários.
Nenhum comentário:
Postar um comentário