No Domingo
da Alegria, o cardeal Leonardo Steiner iniciou sua homilia dizendo: “Alegrai-vos
porque o Senhor está para chegar e, com Ele, sua paz”, lembrando que “a alegria
que é uma pessoa: Jesus, o Menino de Belém”.
Na
primeira leitura, ele destacou que nos desperta para o regozijo, afirmando que “ao
percorrermos o itinerário até Belém, somos envolvidos pela alegria, pois a
salvação tornar-se-á visível aos nossos olhos. Seremos recobertos com manto da
justiça, pois no Menino de Belém fará germinar a justiça e a sua glória em
nossa fragilidade, iluminará a nossa humanidade”.
No Evangelho ressaltou que “nos apresenta o
anunciador de vida nova, alegria do povo”, mostrando que “João, o Batista, é
apresentado como a testemunha, pois a sua missão foi indicar, apontar,
sinalizar Jesus, o Enviado, prometido pelos profetas. A sua pregação e seu modo
de vida mostravam novos caminhos, indicavam a esperança que estava por chegar. A
sua fama se espalhou pela Judeia até à Galileia, mas ele permaneceu fiel à sua
missão: indicar Aquele que haveria de vir”. Segundo o arcebispo de Manaus, “ao
anunciar aquele que estavam por vier, confessou: ‘não sou digno de lhe desatar
a correia das sandálias. João anunciou, mostrou o Messias não a si mesmo”.
Lembrando as palavras do Papa Francisco na
homilia deste domingo em 2020, recordou que ele nos diz: “Eis a primeira
condição da alegria cristã: descentralizar-se de si mesmo e colocar Jesus
no centro. Jesus de fato é o centro, é a luz que dá pleno
sentido à vida de cada homem e mulher que vem a este mundo. É o mesmo dinamismo
do amor, que nos leva a sair de nós mesmos, de nos encontrarmos, nos
integrarmos, maturarmos, à medida que nos doamos, à medida que procuramos o bem
dos outros”.
“A
missão de João, o seu testemunho, torna-se evidente, quando os judeus enviam de
Jerusalém sacerdotes e levitas para o questionar: ‘quem és tu?’. João era da
Judeia, filho de Zacarias, de uma família sacerdotal. A pregação e o modo de
João causam estranheza: aparece no deserto, longe do poder, oferecendo um
batismo de conversão. A estranheza nascia da liberdade com que o testemunho era
dado”, disse o cardeal Steiner.
Segundo ele, “o
Batista tinha feições, palavras, que remetiam à verdade de um profeta e até
mesmo o próprio Messias. Ele mesmo se antecipa e declara: Eu não sou o Messias
(Jo 1,20). A palavra de quem é testemunha da Luz e não a Luz. O testemunho de
quem não deseja ser confundido com quem é o verdadeiro Messias”.
Citando as
perguntas do texto evangélico: “Quem és tu? És Elias? Ele respondeu: Eu não sou
Elias”, Dom Leonardo disse que “apesar de seu pai Zacarias ter profetizado: E
ele mesmo caminhará à sua frente, sob os olhos de Deus, com o espírito e o
poder de Elias, afirma: Eu não sou Elias”. Na verdade, enfatizou o arcebispo, “João,
não era a pessoa de Elias, mas agia com o modo de ser e com a virtude profética
de Elias. Mas o povo esperava o profeta Elias, pois ele deveria voltar às
vésperas do Juízo Final, para oferecer aos homens uma última exortação
penitencial. João é apenas a testemunha da Luz; ele apresenta a exortação
penitencial para a receptividade da vida nova, dos novos tempos”.
Lembrando que a palavra,
a pregação de João, recordava ser um profeta, “João ao responder ‘não!’, reconhece
que esta missão não pertencia a Ele, mas sim ao Cristo”, disse o purpurado.
Segundo ele, “perturbados, desconcertados, desorientados, sem resposta vem a
pergunta: ‘Quem és afinal? Temos que
levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo? Quem és
tu? ... Quem és, então? ... Se não és o Messias, Elias ou um dos profetas? Quem
és afinal?”. Dom Leonardo Steiner questionou “como era possível um homem
vestido com pele de camelo e alimentado com frutos da terra, oferecer conversão
e batismo de purificação. Se não era o Messias, Elias ou um dos profetas, quem
era o que anunciava novos caminhos, a vinda, uma presença nova?”.
O presidente do
Regional Norte1 da CNBB disse que “com mansidão e humildade, mas com firmeza e
clareza, João responde: ‘Eu sou a voz que
clama no deserto: Aplainai os caminhos do Senhor’. Extraordinária a missão
recebida e exercida: deixar tudo preparado, na atenção da vida de quem é o
Messias verdadeiro e não na aparência”, citando texto do Evangelho e insistindo
em que “ele era um precursor, aquele que corre
antes, aquele que anuncia o favor da graça”.
“A
pregação do Batista vai ao essencial... Sua voz não nasce da estratégia
política nem dos interesses religiosos”, enfatizou o cardeal Steiner. Citando
José Antônio Pagola, disse que “O seu anúncio poderia ser expresso: Há algo
maior, mais digno e esperançoso do que o que estamos vivendo. Nossa vida deve
mudar radicalmente. Não basta frequentar a sinagoga todo sábado, não adianta
nada ler rotineiramente os textos sagrados, e é inútil oferecer regularmente os
sacrifícios prescritos pela lei. A religião, por si só, seja qual for, não dá
vida. É preciso abrir-se ao mistério do Deus vivo”.
“O
essencial da pregação de João, está na chegada do Messias prometido, a chegada
de um novo tempo, um novo céu e uma nova terra. O Messias pede mudança de vida,
de mentalidade; um novo modo de viver. E como Ele mesmo anunciará um Reino, o
Reino de Deus, Nada mais de aparências, exterioridades, mas o encontro vital e
essencial com Deus”, disse Dom Leonardo.
O arcebispo, comentando a segunda leitura, ele
disse que “São Paulo ao escrever aos tessalonicenses, nos convida a preparar o
nascer de Deus assumindo três exercícios: o júbilo constante, a oração
perseverante, a ação de graças contínua”. Nos faz um chamado a “uma alegria
constante. A alegria enche o coração e a vida quando se encontra com Jesus. A
alegria, mesmo quando as coisas não correm como desejamos ou sonhamos. O júbilo
constante que evita a superficialidade e se deixa tomar pela paz, pela
harmonia, como contemplaremos no presépio. Muitas vezes nos sentimos
circundados pelo inóspito e árido, como um deserto”.
Dom Leonardo mostrou que “ali pode ressoar a voz
de João Batista, como recordado no Evangelho. As angústias, as dificuldades, os
sofrimentos, as dores de cada um de nós, pode conduzir ao júbilo, pois no
deserto está ‘aquele que vós não conheceis, e que vem
depois de mim’. O Menino de Belém,
como nos diz Isaías, ‘leva a boa-nova aos humildes, cura as feridas da alma,
prega redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos’. Deus
nasceu para libertar do pecado e das escravidões pessoais e sociais. Ele nasceu
para restituir aos homens a dignidade e a liberdade de filhas e filhos de Deus.
Vivamos na alegria constante, constantes e perseverantes no júbilo”.
“A alegria, o júbilo, no caminho para Belém
pede oração perseverante”, disse o cardeal, lembrando o chamado na segunda
leitura: “rezai sem cessar”. Segundo Dom Leonardo, “pela oração chegaremos a
Belém e seremos tomados pela admiração da singeleza de Deus, a fonte da
verdadeira alegria. A alegria do encontro com a criança da manjedoura não se
pode comprar; vem do encontro com o Menino Jesus, nossa alegria. Na proximidade
da Criança seremos tomados pela serenidade interior, quando da aflição. O
Menino nascido nos envia como testemunhas e arautos de alegria, não como
profeta de desventura. Belém a despertar em nós a alegria a ser partilhada com todos;
uma alegria contagiosa que torna menos cansativo o caminho do Reino de Deus”.
O arcebispo lembrou, inspirado nas palavras do
Papa Francisco, que Paulo nos envia: “dai graças em todas as circunstâncias,
porque essa é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo”; viver
em ação de graças contínua, viver o amor grato a Deus. Na sua
benevolência, generosidade e amabilidade tocável em Belém, somos convidados a
sermos agradecidos, em ação de graças”.
Finalmente, ele disse que o Domingo da Alegria nos
recorda as palavras de Papa Francisco: “A Alegria do Evangelho enche o coração
e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Todos quantos se deixam
salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do
isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”, citando A Alegria
do Evangelho. Com as palavras do profeta Isaias, o cardeal lembrou que “a
Criança-Deus, deseja encontrar-nos para despertar em nós a alegria de seu amor”.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
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